Prêmio

Conheça os artistas vencedores do Prêmio PIPA 2023

O Prêmio PIPA anunciou os quatro Artistas Premiados do Prêmio PIPA 2023. Nesta edição, estão participando ao todo 73 artistas – dos quais 61 foram indicados pela primeira vez – escolhidos pelo Comitê de Indicação. Mantendo o formato das últimas edições, o Prêmio está focado na produção mais recente, sendo voltado para artistas que realizaram sua primeira exposição individual ou coletiva há no máximo 15 anos. 

Mais de uma década após a criação do Prêmio, mantemos sua essência, mas entendendo que o cenário da arte no país é vivo, o que exige uma atenção cuidadosa para a adaptação a novos modelos e necessidades do meio. Temos em mente que o Brasil possui várias micro-cenas artísticas regionais, e buscamos afirmá-las na sua diversidade. Os quatro Artistas Premiados mostram o quanto a produção artística brasileira é plural, misturando linguagens e saberes heterogêneos que se desenvolvem ao longo de todo o território.

Como nos anos anteriores, os quatro artistas irão participar de uma exposição presencial apresentada no Paço Imperial do Rio de Janeiro entre 09 de setembro e 12 de novembro de 2023, e também vão realizar  uma exposição/ocupação nos sites e mídias sociais do Prêmio. A mostra virtual, parte das últimas três edições do Prêmio, é mais uma forma de expandir a divulgação do trabalho dos artistas, possibilitando o acesso do conteúdo a pessoas de outras localidades, indo além da experiência do ambiente físico montado no Rio de Janeiro.

O curador do Instituto PIPA, Luiz Camillo Osorio, apresenta os premiados, contextualizando a escolha a partir do momento atual da arte no país:

“Os quatro artistas premiados pelo PIPA em 2023 – Glicéria Tupinambá (BA), Helô Sanvoy (GO), Iagor Peres (RJ) e Luana Vitra (MG) – explicitam a força plástica extraída de corpos dissidentes e suas lutas cotidianas. Mais do que a conquista de visibilidade, eles preenchem de sentido as lacunas. Sintomaticamente a presença da dança, do corpo e da performance perpassa as quatro poéticas. A metabolização de materiais, a transfiguração de elementos minerais e orgânicos (ferro, vidro, couro, pele), o deslocamento dos corpos, a recuperação da memória de fazeres e rituais ancestrais, tudo nestas produções fala de transição, de passagem, do abandono das identidades fixas e da busca das simbioses indeterminadas. O título de uma das peças de Luana Vitra, ‘Isca de confusão’, parece trazer à tona um elemento comum a estas quatro poéticas singulares. Confusão é o que escapa da ordem instituída, é o que ainda não tem forma definida. Por fim, uma feliz coincidência: não poderia haver um momento mais promissor para a premiação da obra de Glicéria Tupinambá do que este, em que se discute o retorno/devolução de um dos Mantos Tupinambás da Dinamarca. Passado e futuro, memória e reinvenção, se reencontram no presente.”

Sobre o Prêmio PIPA

Organizado pelo Instituto PIPA, há 13 anos cumprindo a missão de divulgar e apoiar os artistas visuais brasileiros, o Prêmio é uma referência no campo da arte contemporânea nacional. Para além da premiação em si, o PIPA ainda funciona como uma plataforma de divulgação por meio de seus catálogos, sites, redes sociais (InstagramFacebook e Twitter), canal de vídeos no Youtube e podcast, reunindo conteúdo exclusivo que forma uma rica fonte de pesquisa.

O objetivo do PIPA 2023 é ser um incentivo para artistas em início de carreira, com produção diferenciada.

Leia também – Prêmio Pipa: O que é, como funciona e sua relevância no mercado nacional

Conheça os artistas premiados

Convidamos você a conhecer um pouco mais sobre os Artistas Premiados de 2023, selecionados pelo Conselho (os nomes a seguir estão em ordem alfabética):

Glicéria Tupinambá

Glicéria Tupinambá, também conhecida como Célia Tupinambá, é da aldeia Serra do Padeiro, localizada na Terra Indígena Tupinambá de Olivença, no sul do estado da Bahia. Participa intensamente da vida política e religiosa dos Tupinambá, envolvendo-se sobretudo em questões relacionadas à educação, à organização produtiva da aldeia, aos serviços sociais e aos direitos das mulheres.

Glicéria Tupinambá, Aldeia Serra do Padeiro, Terra Indígena Tupinambá. Crédito: Instituto PIPA

Foi professora no Colégio Estadual Indígena Tupinambá da Serra do Padeiro. Concluiu a Licenciatura Intercultural Indígena no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA) e está fazendo mestrado PPGAS- programa de pós graduação em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro- UFRJ. Foi presidente da Associação dos Índios Tupinambá da Serra do Padeiro, sendo responsável pela aprovação e gestão de projetos voltados ao fortalecimento da aldeia.

Helô Sanvoy

Helô Sanvoy é mestre em Poéticas Visuais pela ECA/USP e licenciado em Artes Visuais pela FAV/UFG. É membro do coletivo de performance Grupo EmpreZa desde 2011, no qual desenvolve pesquisa acentuada sobre a poética do corpo e seus derivados. Como artista individual, busca a experimentação e a junção de materiais diversos, como também o estudo de processos, linguagens e suportes.

Sal de Cura. 2017. Sal Grosso, carne seca e cápsulas de munição. Dimensões variáveis. Artista Helô Sanvoy. Crédito: Instituto PIPA

Realizou exposições individuais no MAC/GO (2014, GO), na CAL/UnB (2014, DF), na Referência Galeria de Arte (2018, DF) e na Galeria Andrea Render (2017, 2018 e 2020, SP). Foi selecionado para o 30° Programa de Exposições do CCSP (2020, SP) e para a Temporada de Projetos do Paço das Artes (2022, SP). Participou de exposições como: Bienal do Mercosul (2020, RS); Zona De Perigo (2016, PR e PE); Imagens que Não se Conformam (2021, RJ), e Carolina Maria de Jesus – Um Brasil para os Brasileiros (2021, SP).

Possui trabalho em coleções como: Museu de Arte do Rio (MAR), Rio de Janeiro-RJ; Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS), Porto Alegre-RS; Centro Cultural São Paulo (CCSP), São Paulo-SP; Coleção Amazoniana de Arte da Universidade Federal do Pará, Belém-PA; Museu de Arte Contemporânea de Goiás (MAC-GO), Goiânia-GO, e Museu da Fotografia, Fortaleza-CE.

Iagor Peres

“Tenho buscado caminhos para a retirada do corpo das armadilhas da visão e assim, observar outras densidades visíveis e invisíveis que compõem nossas relações no espaço, a fim de pensar criticamente suas agências, formatividade e as maneiras como as enxergamos no mundo. Lidando com o que nos foge o nome e com aquilo que não podemos ver, me debruço sobre a criação de materialidades amorfas e imparáveis, frutos da junção de compostos sintéticos e orgânicos que permeiam partes das minhas obras.

Exposição “Estrutura para campos densos”, 2020, Centro Cultural São Paulo. Iagor Peres.

Com uma prática situada na fricção das linguagens de escultura, vídeo, instalação e performance, venho me perguntando como destituímos a ideia de Coisa, a partir de processos de recategorização da matéria? Como e porque separamos as Coisas no mundo alimentando uma narrativa criada a partir de um mundo revelado pela luminosidade. Tenho trabalhado acerca do questionamento às ferramentas de produção de diferença criadas pelo pensamento branco-ocidental sobre outros corpos não entendidos enquanto Vida. No intuito de alimentar o estabelecimento de outros crivos das nossas relações para com as Coisas no mundo e vice-versa.”

Membro do coletivo Carni- Coletivo de Arte Negra e Indígena, atualmente participando do PEI- Programa de Estudios Independientes no MACBA em Barcelona. Premiado no Prince Clauss Seed Awards em 2021, Prêmio Foco 2022 e na 6a Edição do Prêmio EDP Nas Artes do Instituto Tomie Ohtake, SP, 2018. Participante do programa de exposições do CCSP em 2020. Residente na Villa Waldberta, Munich, GER pela residência PlusAfroT, 2019. No mesmo ano, foi residente em Lugar a Dudas, Calí, Colômbia.

Luana Vitra

Luana Vitra é artista plástica formada pela Escola Guignard (UEMG), dançarina e performer. Cresceu em Contagem, cidade industrial que fez seu corpo experimentar o ferro e a fuligem. Gestada entre a marcenaria (pai) e a palavra (mãe), se movimenta como reza em busca da sobrevivência e da cura das paisagens que habita. Entende o próprio corpo como armadilha, e sua ação como micropolítica na lida com a materialidade e espacialidade que seu trabalho evoca, confronta e confunde.

“Zanzado em trama é armação de arapuca [processo]”. Artista Luana Vitra. Crédito: Instituto PIPA

Atualmente está especialmente interessada na paciência e na violência das pedras. Com o foco principal de interesse no reino mineral, ela tem realizado um processo de subjetivação de si a partir das características de alguns minerais, o que a leva a um desejo de transição de reino, onde aos poucos vai permitindo o seu corpo assumir características minerais.

PIPA Online

Como nos anos anteriores, todos os artistas participantes  desta 14a edição estão convidados a participar do PIPA Online. Os dois mais votados no segundo turno da votação que acontece na internet receberão, cada um, R$5 mil. A votação online, que terá início no dia 31 de julho, tem se mostrado efetiva em sua função de divulgar artistas de diversas regiões para um público maior.

O modelo do Prêmio atual faz parte do foco do Instituto PIPA em intensificar as aquisições de obras de artistas participantes. Diversas obras da coleção serão apresentadas na exposição que acontecerá também no Paço Imperial, no mesmo período da exposição dos quatro Artistas Premiados do PIPA 2023.

Para saber mais sobre os Premiados e sobre os demais participantes do Prêmio PIPA 2023, visite suas páginas contendo fotos de trabalhos, entrevistas, currículo e muito mais. Visite também o site do Instituto PIPA para conhecer nossa coleção.

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