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Poesia abstrata, p&b e social na fotografia de Roberto da Costa

Por Paulo Varella - setembro 17, 2014
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O novo blog parece estar sendo bem aceito e tenho recebido diferentes trabalhos com as mais diversas linguagens. Mas, com tanta coisa boa, por onde começar?

Bom, o primeiro artista que escolhi para publicar aqui é o Roberto. Roberto foi um dos que me inspirou a criar o blog, portanto, merece este agrado. Não o conhecia e nunca tinha ouvido falar dos trabalhos dele, mas eis que um dia recebo um email dele com suas imagens -isso antes de todo o preview ser idealizado, enquanto era apenas uma semente na minha cabeça. E aí eu percebi como o trabalho dele era bom e como isso tinha que ser sim mostrado para as pessoas. Um pouco daí que nasceu este blog.

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Ao mandar os trabalhos dele, surgiu uma grande dúvida de quais eram os melhores e de quais representavam de forma mais íntegra a sua produção, portanto, logo vos digo, foi muito complexo selecionar as imagens que estão nesta matéria.

Me surpreendeu no trabalho dele a diversidade com que encara a fotografia. Apresentou-me coisas abstratas, retratos, registros puros e o uso de diferentes técnicas que constituiu um portfólio amplo e rico. “Sou fotógrafo desde que tenho entendimento sobre o conceito. Lembro que fotografava sem câmera. Distanciava olhar, abstratamente e focando continuamente tanto em cenas como em pessoas, natureza morta, cotidiano… Era meu olhar e o pensamento: pode ser uma foto ou que foto.” Diz o artista.

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“A fotografia entrou na minha vida muito cedo, mas foi aos 17 anos que me inscrevi em um curso de fotografia, nessa época só existiam câmeras que usavam filme e revelação. Meu trabalho acompanhou as evoluções tecnológicas do fotografar – do filme para o digital. Anos depois, comprei uma câmera digital portátil e passei a fotografar de fato, nesse ponto já estudava Design Gráfico na Escola Panamericana. Meu relacionamento com a arte de fotografar tornou-se então diário.”

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Gosto da forma como Roberto mistura diferentes mundos e consegue criar um trabalho que vai do retrato social até a mais incrível abstração; “Meu trabalho reflete minha visão do absurdo, surreal, confuso e intrínseco. Os fragmentos do órgão pelo qual eu sinto o mundo.” 

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Nas mostras, feiras e festivais de fotografia em que vou, sinto a falta da experimentação. Na verdade sinto que esta experimentação ocorre, mas ocorre no processo, ocorre na finalização, diferentes formas de imprimir a imagem, de apresentá-la, transformar um objeto fotográfico em um objeto tridimensional, mas pouco se experimenta na coisa fotografada em si, no objeto capturado pelas lentes.

Roberto completa isso de forma quase íntegra para mim. Consegue explorar outros planos e tempos de representação utilizando um método de registro que, hoje em dia, quase todos temos acesso. Consegue criar a poesia com as lentes e não precisa de muito mais que isso. Não precisa de printers especialistas, técnicas inovadoras, jogadas de material… apenas uma câmera, alguns processos de tratamento e, logo, mil coisas podem ser vistas dentro do plano e da bidimensionalidade de sua fotografia, que pode ser tornada tridimensional e de caráter inovador dentro da imaginação e forma de admiração do observador.

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Além do caráter experimental das suas imagens, também me chama a atenção como Roberto consegue retratar realidades sem ter medo. Ele fotografa um morador de rua e deixa claro a sujeira e os problemas de nossa sociedade. Pega eles e coloca no centro, no foco, na única coisa a ser observada. Literalmente tira da invisibilidade dos cantos da cidade e traz para sua visão poética, problematizando, de forma estética, as questões que os atuais modos de existir nos sugere de consequência.

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Perguntei a ele o porque de tantas imagens em preto e branco e a resposta foi que “se pudesse só faria pb”. “A foto em pb é como uma conversa, e também entendo como dramaticidade a ausência de cor.” Acredito que o drama realmente é algo inerente ao seu trabalho. Existe em suas imagens um silêncio. Mas ao mesmo tempo que um silêncio, uma conversa também, poderia passar horas olhando para apenas uma e ficar criando diversas narrativas e perguntas em minha cabeça. 

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Roberto gosta de artes e insere muitas influências do expressionismo e outros movimentos históricos em seu modo de fotografar, ampliando as barreiras da imagem e mostrando (assim como outros já fizeram) que as lentes tem outras preocupações além de apenas capturar alguma imagem ou situação.

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Roberto diz ter suas referências também no fotojornalismo (por ter trabalho em jornais e conhecer alguns fotógrafos que também trabalham) e em artistas como André Kertész, Robert Capa, João Machado e Alfred Stieglitz.

“Hoje em dia fotografo com uma câmera DSLR nikon e uma mistura estranha de lentes. No momento, retrato a rua, os olhares perdidos, a alegria, as multiplas faces urbanas e as perguntas que posso fazer (e responder) através do olhar.” Diz o artista.

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Atualmente o artista tem preparado projetos autorais de fotografia documental para apresentar em concursos e programas de incentivo a cultura e a artes visuais. Fora isso, também trabalha como Designer e Fotógrafo Freelancer.

Para conhecer mais do seu trabalho acesse: https://www.flickr.com/photos/127826790@N02/

Contato: [email protected] ou Roberto da Costa

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Estudou cinema na NFTS (UK), administração na FGV e química na USP. Trabalhou com fotografia, cinema autoral e publicitário em Londres nos anos 90 e no Brasil nos anos seguintes. Sua formação lhe conferiu entre muitas qualidades, uma expertise em estética da imagem, habilidade na administração de conteúdo, pessoas e conhecimento profundo sobre materiais. Por muito tempo Paulo participou do cenário da produção artística em Londres, Paris e Hamburgo de onde veio a inspiração para iniciar o Arteref no Brasil. Paulo dirigiu 3 galerias de arte e hoje se dedica a ajudar artistas, galeristas e colecionadores a melhorarem o acesso no mercado internacional.

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Carlos Talamilla
Carlos Talamilla
4 anos atrás

A fotografia de Roberto e seu olhar não têm fim!!!