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Eu receberia as piores notícias de seus lindos lábios

Por Equipe Editorial - abril 26, 2013
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Diretor: Beto Brant, Renato Ciasca

Elenco: Gustavo Machado, Camila Pitanga, Zé Carlos Machado, Gero Camilo

Produção: Renato Ciasca, Bianca Villar

Roteiro: Beto Brant, Renato Ciasca, Marçal Aquino

Duração: 100 min.

Ano: 2011

País: Brasil

Gênero: Drama

Cor: Colorido

Distribuidora: Sony

Estúdio: Drama Filmes

Classificação: 16 anos

Sinopse e crítica: O novo trabalho dos diretores Beto Brant e Renato Ciasca transporta o espectador para uma cidade fictícia às margens dos rios Tapajós e Arapiuns, no Pará. A beleza da região, evidenciada no bom trabalho de fotografia do filme, é apenas o pano de fundo de uma história de amor. Nada açucarado ou com sabor de “felizes para sempre”. Eu Receberia as Piores Notícias dos seus Lindos Lábios é um filme de personagens densos, bem construídos e imersos numa trama conflituosa que transita pelos limites da paixão, traição, sexo e loucura, as palavras malditas que gravitam o amor.

Inspirado na obra do escritor Marçal Aquino e roteirizado pelo próprio, em parceria com Brant e Ciasca, o filme ainda aborda assuntos que estão presentes no cotidiano daquela terra, como a luta dos índios pelos direitos humanos, pela conquista da demarcação das terras, preservação dos rios e da extração de madeira. Era desnecessário, mas os diretores ao menos não deixaram a questão social ultrapassar os limites do discurso panfletário e, com isso, eclipsar a verdadeira trama do filme: o triângulo amoroso entre Lavínia, Cauby e Ernani.Camila Pitanga, no melhor trabalho de sua carreira, é Lavínia, uma mulher que esconde um passado misterioso que o expectador conhece ao longo do filme. Ela é casada com o pastor Ernani (Zé Carlos Machado), que evangeliza uma comunidade na região e tem uma tórrida relação paralela com Cauby (Gustavo Machado), fotógrafo paulista de passagem pela região. Apresentados os personagens, o roteiro segue sem linearidade, pautado pelas inquietações estéticas e temáticas recorrentes na obra de Brant. No decorrer da trama, peças vão se encaixando aos olhos da audiência e conduzem a história para um final inesperado.O trabalho dos atores em Eu Receberia… está impecável. Num filme sustentado por seus personagens, a opção dos diretores de rodá-lo todo comsteadicam foi mais que acertada. Isto acaba criando para o filme não apenas uma linguagem, mas também galvaniza as interpretações, pois oferece a oportunidade ao ator de se entregar de uma maneira completa. Camila Pitanga e Gustavo Machado foram os maiores beneficiados por isso,  transpondo para a tela a intensidade de seus personagens.

Interessante também na trama é Vicktor, interpretado pelo ator Gero Camilo. Amigo de Cauby, o personagem é imerso na sua paixão melancólica pela poesia e consumo de drogas e bebidas alcoólicas. Tem uma vida libertária para compensar as limitações de trabalhar como jornalista num local onde a imprensa está condicionada aos interesses dos poderosos da região. Sua trajetória, como a dos outros personagens, segue para uma situação limítrofe, que desenvolve no público uma expectativa pelo que estar por vir. E o que se descortina no horizonte, por vezes, contrasta com a beleza do local.

Ao longo do filme o espectador vai notar o uso constante do fade in / fade out para começar e terminar uma cena. Um artifício de edição meio em desuso no cinema atual, mas que em Eu receberia... é pertinente e ajuda compor a narrativa fragmentada, feita de flashs aleatórios da vida de seus personagens. É como se o filme se assumisse como tal, incapaz de abarcar a vida de alguém em sua totalidade. E assim temos uma sucessão de momentos a formar um quadro parcial destes personagens complexos e interessantes.

Eu Receberia as Piores Noticias dos seus Lindos Lábios tem suas falhas, como certa perda de ritmo no seu quarto final ou cenas que parecem sem razão de ser no contexto da trama. Ainda assim, trata-se de uma obra que cativa pela poesia de suas imagens e intensidade de seus personagens. Um bom drama centrado nas relações interpessoais que ganharia ainda mais se os diretores tivessem deixado de lado essa mania do cinema nacional de sempre querer levantar alguma bandeira.

(Extraido do texto de Roberto Guerra no site cineclick.com)

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