O teatro grego teve início no século VI a.C. em Atenas, com a realização de peças de tragédia em festivais religiosos. Estes, por sua vez, inspiraram o gênero das peças de comédia.
Os dois tipos de drama se tornaram imensamente populares e as apresentações se espalharam pelo Mediterrâneo influenciando o teatro helenístico e romano.
As origens da tragédia são debatidas entre os estudiosos.
Alguns relacionaram a ascensão do gênero a uma forma de arte anterior, a performance lírica da poesia épica; outros sugerem um forte vínculo com os rituais realizados no culto a Dionísio, como o sacrifício de cabras e o uso de máscaras.
Dionísio tornou-se conhecido como o deus do teatro, do vinho, dos excessos (especialmente sexuais) e da natureza.
Além disso, os ritos de bebida que resultavam nos adoradores perdendo o controle de suas emoções, retratavam o objetivo dos atores: virar outra pessoa.
As peças eram realizadas em um teatro ao ar livre com uma ótima acústica e – aparentemente – aberta a toda a população masculina (a presença de mulheres é contestada). Desde o século V a.C., a entrada se tornou gratuita.
O enredo de uma tragédia quase sempre era inspirado por episódios da mitologia grega, dos quais, muitas vezes, faziam parte da própria religião grega.
Como consequência desse assunto, que muitas vezes lidava com direitos morais, erros e dilemas trágicos, a violência não era permitida no palco. Da mesma forma, pelo menos nos estágios iniciais do gênero, não se podia fazer comentários ou declarações políticas através de uma peça.
As primeiras tragédias tinham apenas um ator, que se apresentava fantasiado e mascarado, personificando os deuses.
Posteriormente, o ator passou a falar com o líder do coro (um grupo de até 15 atores do sexo masculino) que cantavam e dançavam, mas não falavam.
Eventualmente, três atores puderam ocupar o palco – essa limitação permitia a igualdade entre os artistas nas competições realizadas no teatro grego.
Devido ao número restrito, cada artista tinha que assumir vários papéis, onde o uso de máscaras, figurinos, vozes e gestos se tornaram extremamente importantes.
O ator também mudou de figurino durante a performance, o que pôde dividir a peça em episódios distintos (mais tarde, eles se transformariam em interlúdios musicais).
Os dramaturgos que escreviam regularmente peças para competições tornaram-se famosos; e os três mais bem-sucedidos foram Ésquilo (c.525 – c. 456 a.C.), Sófocles (c.496-406 a.C.) e Eurípides (c. 484-407 a.C.).
Ésquilo era conhecido por sua inovação, acrescentando um segundo ator e mais diálogos, até mesmo criando sequências. Ele descreveu seu trabalho como “pedaços da festa de Homero”.
Sófocles era extremamente popular e acrescentou um terceiro ator à performance, além de cenários pintados.
Eurípides foi celebrado por seus diálogos inteligentes, realismo e pelo hábito de fazer perguntas estranhas ao público com seu tratamento instigante de temas comuns.
As peças desses três foram reproduzidas e até mesmo copiadas em roteiros para publicação e estudo em massa, como parte da educação infantil.
Temos três registros diferentes sobre as origens da comédia.
Os primeiros aparecem nas cerâmicas, que frequentemente retratavam atores vestidos como cavalos e dançarinos em trajes exagerados; outros estão nos poemas de Hipponax (século VI a.C.), que contêm humor sexual explícito; por fim, como dito por Aristóteles, estão presentes nas canções fálicas, cantadas durante os festivais dionisíacos.
Embora tenham ocorrido inovações, as comédias seguiam uma estrutura padrão.
Frequentemente, o diálogo entre o ator e o coro exercia uma função didática, vinculando-o como uma forma de discurso público aos debates na assembleia. Até hoje, o drama funciona, em todas as suas formas, como um poderoso meio de comunicação de ideias.
Ao contrário da tragédia grega, as performances cômicas produzidas em Atenas durante o século V a.C., chamadas “Velhas Comédias”, ridicularizavam a mitologia e membros proeminentes da sociedade ateniense.
Parece não ter havido limite para a fala ou exploração cômica do sexo e de outras funções corporais. Estátuas e pinturas de vasos depois da época de Aristófanes (450 a 387 a.C.) mostram atores cômicos usando máscaras e calças grotescas.
Na segunda metade do século IV a.C., a chamada “Nova Comédia” teve como expoente Menandro (343–291 a.C.), que deu uma nova perspectiva à temática. Infelizmente, quase todas as suas obras se perderam com o tempo.
A comédia tornou-se mais simples e mais calma, com pouca obscenidade. Os assuntos tratados agora estavam mais voltados para a vida privada e familiar, nas tensões sociais e vitória do amor, em diversos contextos.
Tanto Aristófanes quanto Menandro – dramaturgos de comédia mais famosos – venceram as competições do festival de Dionísio, assim como os grandes trágicos.
Novas peças foram sendo escritas e interpretadas continuamente graças a formação de associações de atores no século III a.C. e a mobilidade de grupos profissionais.
No mundo romano, as peças foram traduzidas e imitadas em latim. O gênero deu origem a uma nova forma de arte do século I a.C., a pantomima, que se inspirou na apresentação e no assunto da tragédia grega. O teatro se estabeleceu como forma popular de entretenimento e perdura até hoje.
Peças criadas no século V a.C. continuam a inspirar o público moderno, reforçando seu caráter atemporal sob temas universais.
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