Arte Contemporânea

10 artistas mais importantes da década [2011-2020]


De instalações e intervenções efêmeras à performances e obras transformadas em mercadorias colecionáveis, artistas exploraram diversas táticas para se envolver com um público cada vez maior. Aqueles que prosperaram criaram trabalhos icônicos e mudaram a cultura global, tornando-se celebridades de renome mundial e despertando interesse fervoroso no mercado de arte.

À medida que as economias se recuperavam da crise financeira no final da década passada (2008), a competição entre os colecionadores impulsionou os preços recordes e alimentou a cobertura jornalística de um mercado em ascensão. Mais pessoas passaram a se importar e colecionar obras do que em qualquer outro momento da história.

Os artistas mais importantes da década foram aqueles que mais diretamente instigaram – e aproveitaram – esses novos desenvolvimentos e expressões. Nessa matéria separamos uma lista criada pela equipe editorial do Artsy com 10 deles.


Ai Weiwei (1957, Beijing, China)

Créditos: Peter Macdiarmid/Getty Images

O projeto que colocou Ai Weiwei nos holofotes globais foi inaugurado em outubro de 2010. A instalação de 100 milhões de sementes de girassol feitas à mão em porcelana foi instantaneamente icônica, fotogênica, interativa e uma metáfora atraente sobre o capitalismo internacional.

De 2014 a 2015, produziu uma grande instalação na antiga prisão Alcatraz. Em 2016, realizou exposições simultâneas em três galerias de Manhattan. Assim como seu foco na pesquisa do terremoto de Sichuan na última década, ele recentemente voltou sua atenção para a crise dos refugiados, criando enormes instalações e dirigindo um documentário de longa-metragem; seu show de 2017–18 sobre o assunto com o Public Art Fund abrangeu centenas de obras nos cinco distritos da cidade de Nova York.

O artista tem se manifestado abertamente em apoio aos protestos pró-democracia em andamento em Hong Kong. Em 2019, Ai escreveu em um artigo de opinião do New York Times: “Alguns estão perguntando: os manifestantes de Hong Kong podem vencer? Minha resposta é que, se persistirem, não podem perder”. Na década de 2010, poucos artistas foram tão impactantes quanto ele.


Banksy (1974, Yate, Reino Unido)

Love Is In The Air, Banksy (2002)

Banksy, artista anônimo, passou os últimos 10 anos trabalhando clandestinamente em projetos cada vez mais ambiciosos. Seu documentário de 2010, Exit Through the Gift Shop, foi indicado ao Oscar.

Em 2013, teve uma “residência” na cidade de Nova York, revelando um novo trabalho na cidade todos os dias no Instagram e em seu site, deixando os fãs confusos.

Seu projeto de 2015, Dismaland, assumiu a forma de um parque de diversões distópico repleto de obras comoventes de quase 60 artistas, incluindo Jenny Holzer e David Shrigley.

O artista chocou o mercado quando uma de suas pinturas se autodestruiu momentos depois de ser vendida em um leilão da Sotheby’s, em 2018.

No início de 2019, aparentemente irritado com a indústria de exposições e produtos falsificados, o artista processou os organizadores de um show italiano por violação de marca registrada, lançou uma loja online e revelou planos para uma plataforma de leilões para reinar no mercado secundário.


Carmen Herrera (1915 – 2022, Havana, Cuba)

A artista Carmen Herrera em frente a algumas de suas pinturas. Créditos: Matthew Carasella

Depois de fazer uma das primeiras vendas de seu trabalho apenas em 2004, para a estimada colecionadora Ella Fontanals-Cisneros, outros grandes nomes e instituições das artes seguiram o exemplo.

Na década de 2010, Carmen se tornou um grande nome no mercado, passando a ser representada pela Lisson Gallery e realizando uma exposição individual no Whitney Museum em 2016, aos 101 anos. Em leilões posteriores, novos recordes para suas pinturas geométricas foram estabelecidos várias vezes. Em março de 2019, na Sotheby’s, Blanco y Verde (1966–67) foi vendido por US $ 2,9 milhões.

“Seu trabalho inovador foi negligenciado por muito tempo por causa de sua posição como imigrante e mulher, mas isso foi corrigido graças a sua dedicação persistente à arte”, disse o curador Daniel S. Palmer, do Public Art Fund.

Aos 104 anos, Palmer trabalhou com ela em um projeto chamado “Estructuras Monumentales”, no City Hall Park de Nova York. Foi um projeto dos sonhos para Herrera – uma série de esculturas que ela imaginou pela primeira vez há mais de 50 anos.


Jeff Koons (1955, Pensilvânia, Estados Unidos)

Jeff Koons | Via Getty Images

Em 2012, expôs em duas das galerias mais influentes do mundo – David Zwirner e Gagosian. No ano seguinte, estreou sua série “Gazing Ball” (2013–16) com Zwirner, enquanto Gagosian exibia simultaneamente suas grandes pinturas e esculturas de aço.

Em 2014, uma gigantesca retrospectiva de seu trabalho obra ocupou todo o Whitney Museum. Enquanto isso, parcerias que foram desde a estrela Lady Gaga até a marca de moda H&M, trouxeram a arte de Koons à atenção de milhares de pessoas.

O final da década foi bastante marcante ele. Em 2019, passou a ter a obra mais cara vendida por um artista vivo (Rabbit, 1986 – US$91 milhões), superando Portrait of an Artist (Pool with Two Figures), de David Hockney, que foi custou US$90,3 milhões.


Kara Walker (1969, California, Estados Unidos)

Créditos: Michele Crosera

Seu projeto de 2014 com a ONG Creative Time (Nova York) encheu uma antiga fábrica de açúcar no Brooklyn com esculturas baseadas em estereótipos racistas, incluindo uma esfinge gigante de 10 x 22 m revestida em açúcar.

Walker criou um monumento diferente para sua encomenda no Turbine Hall do Tate Modern, inspirado na fonte do Queen Victoria Memorial no Palácio de Buckingham. Em sua versão, Fons Americanus (2019), a artista alegorizou o comércio transatlântico de escravos e suas conexões estabelecidas entre habitantes da África, América e Europa.

Por meio de um fluxo constante de exposições em galerias e museus, Kara Walker continua a explorar importantes questões sociais. Ela também criou imagens icônicas, como a homenagem à autora Toni Morrison para a capa da revista The New Yorker.


Kerry James Marshall (1955, Alabama, Estados Unidos)

Créditos: Dawoud Bey

Ao centrar a figura negra em belas pinturas e retratos, Kerry James Marshall confrontou com maestria a ausência de temas raciais na arte ocidental. Os corpos retratados pelo artista em cenas cotidianas amplificaram o crescente movimento da pintura figurativa negra na década de 2010 como uma importante diversificação de uma experiência estadunidense, anunciando a cor da pele, o cenário e as roupas como atributos importantes.

Em 2014 passou a ser representado pela galeria David Zwirner em 2014.

A partir de 2016, “Mastry”, uma grande retrospectiva de seu trabalho que registra 35 anos de arte foi divulgada em diversas instituições de peso, tais como o Museu de Arte Contemporânea de Chicago, de Los Angeles e no Metropolitan.

Suas obras constam em coleções no Museu de Arte Moderna de Nova York, de Los Angeles e na National Gallery of Art em Washington, D.C.

Em 2018, se tornou o artista afro-americano vivo mais caro em 2018, quando Past Times (1997) foi comprado por Sean “Diddy” Combs por US$ 21,1 milhões na Sotheby’s.


Marina Abramović (1946, Belgrado, Sérvia)

Marina Abramović começou a década de 2010 em alta, com sua histórica retrospectiva no MoMA, “The Artist is Present”.

A exposição apresentou cerca de 50 obras da carreira de quase cinco décadas da artista, e cerca de 750.000 pessoas foram prestigiar o evento, algo sem precedentes.

Pelo fato de Abramović ser principalmente uma artista performática, encenar esta retrospectiva significou treinar artistas para realizar suas obras antigas. Esse esforço foi narrado no amplamente celebrado documentário também intitulado The Artist is Present, que estreou na HBO em 2012 antes de ganhar um prêmio Peabody.

A artista transformou seu método de performance na força motriz por trás de uma série de novos trabalhos, incluindo grandes projetos nas Serpentine Galleries em Londres e no Park Avenue Armory em Nova York. Ela também desfrutou de um fluxo constante de exposições em museus e galerias após a retrospectiva do MoMA, consolidando seu status como a artista performática mais famosa do mundo.


Maurizio Cattelan (1960, Padua, Itália)

Cattelan já inicio a década de 2010 provocando um animado debate com uma instalação de dois mil pombos empalhados na 54ª Bienal de Veneza. Nesse mesmo ano (2011), foi objeto de uma exposição individual no Museu Guggenheim, na qual todas as suas obras foram suspensas no teto.

Em 2016, num contexto eleitoral, ele substituiu uma das privadas de um dos banheiros públicos do Guggenheim por uma réplica totalmente funcional, em ouro maciço, colocando-a à disposição do público. A obra foi batizada de “America”. Ainda neste ano, foi convidado a expor uma seleção de suas obras mais importantes na Monnaie de Paris, resultando em uma retrospectiva com o título de uma de suas obras, Not Afraid of Love.

Em 2018, foi curador de The Artist Is Present no Yuz Museum em Xangai, uma mostra coletiva que nasceu com a ideia de questionar os princípios mais sagrados da arte na era moderna: originalidade, intenção e expressão.

No final de 2019, uma exposição individual de suas principais obras, Victory is Not an Option, aconteceu no Blenheim Palace em Oxfordshire. Além disso, criou mais um trabalho extremamente polêmico: uma banana colada com fita adesiva na parede do estande da galeria (Art Basel Miami Beach), estimulando debates entre públicos de todos os tipos ao redor do mundo sobre a natureza e o valor da arte.


Zanele Muholi (1972, Umlazi, África do Sul)

Créditos: © Beowulf Sheehan/PEN America/Opale

Zanele Muholi reforçou seu papel como ativista visual através da fotografia.

Sua histórica exposição no Brooklyn Museum em 2015 destacou muitas imagens de “Faces and Phases” (2006–14), que narrava a comunidade LGBTQ+ da África do Sul.

Três anos depois, publicou o livro Somnyama Ngonyama, Hail the Dark Lioness, que foi acompanhado por uma exposição itinerante internacional. Nessa linha de trabalho, foram criados autorretratos teatrais em preto e branco para entrelaçar os fios da identidade individual, representação negra e história cultural da África e sua diáspora.

À medida que seu trabalho se tornou cada vez mais famoso, a artista teve diversas exposições individuais, sendo 11 apenas em 2017.


Yayoi Kusama (1929, Matsumoto, Japão)

Ao longo da década de 2010, os “Infinity Mirror Rooms” de Yayoi Kusama se tornaram extremamente populares nas redes sociais. Essas obras de arte imersivas permitem que os espectadores entrem em uma pequena sala coberta de espelhos com adornos que variam de luzes coloridas penduradas a bolinhas, que se multiplicam ad infinitum no ambiente fechado e reflexivo.

Sua exposição itinerante de 2017–19, organizada pelo Hirshhorn Museum and Sculpture Garden, mobilizou uma grande quantidade de público para prestigiar seu trabalho.

Exposições na galeria David Zwirner, “I Who Have Arrived in Heaven” (2013, 2017 e 2019), resultaram em enormes filas para presitigar seu trabalho. O mesmo fervor se deu durante a mostra itinerante de 2017–19, organizada pelo Hirshhorn Museum and Sculpture Garden.

O sucesso de instalações experimentais como teamLab’s dominance in Japan, são mais uma evidência do poder de sua arte imersiva na era digital.

A artista teve um fluxo constante de exposições em museus (incluindo o Museu Yayoi Kusama de Tóquio, inaugurado em 2017) e mostras em galerias internacionais.

Os cinco maiores sucessos em leilão de Kusama foram estabelecidos na década de 2010, sendo o principal deles uma de suas pinturas monocromáticas “Infinity Net” de 1959, que foi vendida por cerca de US$ 7,9 milhões na Sotheby’s em 2019.


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Vagner Neves

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