Arte no Mundo

O coelho fluorescente de Eduardo Kac

A manipulação genética como forma de arte

Por Equipe Editorial - setembro 25, 2019
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A arte sempre teve uma função importante no questionamento do que nos cerca e o projeto do coelho fluorescente mostra isto.

O artista plástico carioca, Eduardo Kac teve uma ideia brilhante, a criação de um ser vivo único, a mistura de gens de um coelho com o gens fluorescentes de um animal marinho. O resultado foi exatamente o esperado, um coelho que brilha no escuro.

O projeto de Eduardo foi uma forma muito interessante de indicar para onde estamos indo com a ciência; um estado em que a evolução das espécies deixa de ser tão perceptível e o conceito do Design Inteligente toma a frente em nossas vidas. Para os religiosos de plantão é finalmente a comprovação que isto é possível, só que desta vez, o processo veio das mãos de um laboratório na França, como deveria ser.

Aqui está o texto falando da Obra: GFP BUNNY (coelho fluorescente)
Autor: Eduardo Kac

Minha obra de arte transgênica “GFP Bunny” (coelho fluorescente) compreende a criação de um coelho fluorescente verde, o diálogo público gerado pelo projeto e a integração social do coelho. GFP significa proteína verde fluorescente em Inglês. “GFP Bunny” (coelho fluorescente) foi realizado em 2000 e apresentado pela primeira vez publicamente em Avignon, na França. A arte transgênica é uma nova forma de arte baseada no uso da engenharia genética para transferir genes naturais ou sintéticos para um organismo, para criar seres vivos únicos. Isso deve ser feito com muito cuidado, com reconhecimento das questões complexas assim levantadas e, acima de tudo, com o compromisso de respeitar, nutrir e amar a vida assim criada.

A História de Alba por Eduardo Kac

Nunca esquecerei o momento em que a peguei em meus braços, em Jouy-en-Josas, na França, em 29 de abril de 2000. Minha ansiedade apreensiva foi substituída por alegria e entusiasmo.

Alba – o nome que lhe foi dado por minha esposa, minha filha e eu – era adorável e carinhoso e um prazer absoluto para brincar. Quando a peguei, ela brincou com a cabeça entre meu corpo e meu braço esquerdo, encontrando finalmente uma posição confortável para descansar e desfrutar meus golpes suaves. Ela imediatamente despertou em mim um forte e urgente sentimento de responsabilidade por seu bem-estar.

Alba: o Coelho fluorescente
Alba: o Coelho fluorescente

Alba é, sem dúvida, um animal muito especial, mas quero ser claro que sua singularidade formal e genética é apenas um componente da obra de arte “GFP Bunny” (coelho fluorescente).

O projeto “GFP Bunny” (coelho fluorescente) foi um evento social complexo que começa com a criação de um animal quimérico que não existe na natureza (isto é, “quimérico” no sentido de uma tradição cultural de animais imaginários, não na conotação científica de um Organismo em que há uma mistura de células no corpo) e que também inclui no seu núcleo:

1) diálogo contínuo entre profissionais de diversas disciplinas (arte, ciência, filosofia, direito, comunicações, literatura, ciências sociais) e público em Implicações culturais e éticas da engenharia genética;

2) contestação da suposta supremacia do DNA na criação da vida a favor de uma compreensão mais complexa da relação entrelaçada entre genética, organismo e meio ambiente;

3) extensão dos conceitos de biodiversidade e evolução para incorporar trabalho preciso ao nível genômico;

4) comunicação entre espécies entre humanos e um mamífero transgênico;

5) integração e apresentação de “GFP Bunny” em um contexto social e interativo;

6) exame das noções de normalidade, heterogeneidade, pureza, hibridez e alteridade;

7) consideração de uma noção não-semiótica de comunicação como a partilha de material genético em barreiras de espécies tradicionais;

8) respeito público e apreciação pela vida emocional e cognitiva de animais transgênicos;

9) expansão dos limites práticos e conceituais atuais da arte para incorporar a invenção da vida.

Palestra de Eduardo Kac

https://tube.switch.ch/videos/b561c0c9

Biografia de Eduardo Kac.

Eduardo Kac nasceu no Rio de Janeiro em 1962 e formou-se pela Faculdade de Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

No começo dos anos 80 ele criou uma série de performances de conteúdo político e de humor em espaços públicos como a Cinelândia e a praia de Ipanema, no Rio de Janeiro, e as escadarias da Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo. em 1983 Kac lançou o livro de artista “Escracho” (que se encontra na coleção do Museum of Modern Art, Nova Iorque) e realizou trabalhos na rede videotexto (1985/86), precursora da Internet.

Em 1983 ele inventou a holopoesia, uma nova linguagem poética, e em 1984 participou da mostra “Como Vai Você, Geração 80?,” no Parque Lage.

Em 1985 fez exposição individual de seus holopoemas no Museu da Imagem e do Som de São Paulo e recebeu prêmio de aquisição do Salão Nacional de Artes Plásticas, no Rio de Janeiro.

Em 1986 organizou a mostra “Brazil High Tech,” na Galeria de Arte do Centro Empresarial Rio, e foi artista-residente do Museu de Holografia de Nova Iorque.

Em 1988 apresentou em mostra individual na Funarte, no Rio de Janeiro, seu trabalho de holografia digital. Entre 1982 e 1988, Kac participou de várias exposições individuais e coletivas, sobretudo no Rio de Janeiro e em São Paulo, e escreveu cerca de 80 artigos sobre arte eletrônica, literatura e cultura de massa, em sua maioria publicados em jornais como Folha de São Paulo, O Globo e Jornal do Brasil. Estes artigos foram reunidos e publicados no livro Luz & Letra. Ensaios de arte, literatura e comunicação (Rio de Janeiro: Contra Capa, 2004). Em 1989 mudou-se para os Estados Unidos, onde obteve no ano seguinte o mestrado em artes plásticas na The School of the Art Institute of Chicago, instituição na qual é Professor Titular. Em 2004 recebeu o doutorado pela Universidade de Wales, no Reino Unido.

Pioneiro da arte digital e transgênica, Kac concebeu e desenvolveu a holopoesia a partir de 1983. A holopoesia é uma nova linguagem verbal/visual que explora as flutuações formais, semânticas e perceptuais da palavra/imagem no espaço-tempo holográfico.

Kac propôs e desenvolveu a arte da telepresença a partir de 1986, quando apresentou na mostra “Brasil High Tech”, no Rio de Janeiro, um robô de contrôle remoto através do qual participantes interagiam.

Kac projetou a arte da telepresença internacionalmente com o projeto “Ornitorrinco”, desenvolvido a partir de 1989. A arte da telepresença é uma nova área de criação artística que se baseia no deslocamento dos processos cognitivos e sensoriais do participante para o corpo de um telerrobô, que se encontra num outro espaço geograficamente remoto.

Por sua obra em holopoesia (termo criado por Kac), o artista recebeu em 1995 o Shearwater Foundation Holography Award, o prêmio internacional de maior prestígio no campo da arte holográfica, oferecido pela Shearwater Foundation, da Florida.

Em 1998 recebeu o prêmio Leonardo Award for Excellence, da International Society for the Arts, Sciences and Technology. Sua obra de telepresença “Uirapuru” recebeu prêmio do júri internacional na Bienal do InterCommunication Center, Tóquio, 1999.

Outros prêmios seguiram: Langlois Foundation, Montreal (2000), Greenwall Foundation, New York (2001), Creative Capital Foundation, New York (2002). Artigos que analisam sua obra já foram publicados nos jornais New York Times e Le Monde e nas revistas Flah Art, Der Spiegel, Artpress, Kunstforum, Wired, Tema Celeste, e World Art, entre muitos outros.

Obras de Kac são exibidas regularmente na América do Sul e do Norte, na Europa, na Austrália, e na Ásia. Ele publicou artigos e ensaios sobre arte em livros e jornais em dezenas de países.

É membro do conselho editorial da revista Leonardo, publicada pelo MIT Press, e foi editor-convidado da revista Visible Language, publicada pela Rhode Island School of Design, através da qual publicou uma antologia sobre “New Media Poetry: Poetic Innovation and New Technologies,” em 1996. Como membro do conselho editorial da revista Leonardo, Kac está publicando desde 1995 uma série de artigos que documentam a história da arte eletrônica no Brasil, de 1949 até o presente.

O livro Eduardo Kac: Telepresence, Biotelematics, and Transgenic Art, com 150 páginas, foi publicado em inglês em Maribor, Slovenia, em 2000. Em 2005 a University of Michigan Press lançou o livro Telepresence and Bio Art — Networking Humans, Rabbits and Robots, reunindo os textos do artista publicados de 1992 até 2002. Suas obras estão incluídas nas coleções de vários museus e em diversas coleções particulares.

Veja também:

https://arteref.com/arte/se-voce-nao-entende-a-arte-conceitual-a-culpa-nao-e-sua/
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beatriz galves
beatriz galves
4 anos atrás

Não entendi nada tenho que fazer um resumo alguem me ajuda nisso