Uma breve história do roxo na arte
![Uma breve história do roxo na arte](https://arteref.com/wp-content/uploads/2016/12/tumblr_nvwq7bv0Zb1tl7gaxo6_1280.jpg)
Introdução
O roxo é uma cor que tem desempenhado um papel significativo na história da arte, evocando uma gama de significados e emoções ao longo dos séculos. Na antiguidade, a obtenção do corante roxo era um processo complexo e caro, o que o tornava um símbolo de riqueza, poder e prestígio. Na arte egípcia, o roxo era associado à realeza e à divindade, frequentemente utilizado em pinturas de faraós e deidades.
Durante o período Renascentista na Europa, o roxo continuou a ser valorizado como um símbolo de status, sendo utilizado em obras de arte para representar figuras aristocráticas e religiosas. Artistas como Leonardo da Vinci e Rafael empregaram o roxo em suas pinturas para transmitir nobreza e espiritualidade.
No entanto, foi no movimento artístico do século XIX, o Romantismo, que o roxo começou a ser explorado de forma mais expressiva e simbólica. Artistas como Eugène Delacroix e William Turner utilizaram o roxo para evocar emoções intensas e atmosferas misteriosas em suas obras.
No final do século XIX e início do século XX, o roxo foi amplamente explorado por artistas impressionistas e pós-impressionistas, como Claude Monet e Vincent van Gogh. Eles empregaram o roxo de maneiras inovadoras, capturando nuances de luz e sombra em paisagens e retratos.
No século XX, o roxo continuou a desempenhar um papel importante na arte moderna e contemporânea, sendo utilizado por artistas como Pablo Picasso e Henri Matisse para explorar questões de forma, cor e expressão emocional.
Obras em Destaque
Hoje, o roxo continua a ser uma cor vibrante e versátil na arte, sendo utilizada por artistas de todo o mundo para transmitir uma ampla gama de significados e sensações, desde a espiritualidade e a introspecção até a ousadia e a originalidade. Sua presença na paleta artística continua a inspirar e cativar espectadores em todo o mundo.
![Pintura rupestre mostrando cavalos malhados na caverna de Pech Merle, na França. Uma das primeiras evidências do pigmento roxo.](https://arteref.com/wp-content/uploads/2016/12/cavalos-malhados-e-maos-humanas-gruta-pech-merle.jpg)
O roxo surge pela primeira vez nas cavernas Neolíticas. O pigmento, produzido a partir de minerais como o hematita e o magnésio, era utilizado para retratar figuras de animais, como os cavalos malhados encontrados na caverna de Pech Merle, na França [foto acima].
É na Antiguidade, entre os povos fenícios, que o roxo adquire valor nobre: o pigmento, chamado púrpura de tíria, era extraído dos caramujos marinhos. A cor distinguia os cidadãos de altas classes e era amplamente valorizada por não desbotar e tornar-se mais intensa e brilhante quando exposta ao sol. As leis suntuárias proibiam o uso da cor pelos cidadãos comuns e a produção de animais que forneciam a tinta era rigorosamente controlada pelo Império Bizantino.
![Tigela egípcia de cerca de 1550-1450 A.C., pintura com pigmentos azul e púrpura](https://arteref.com/wp-content/uploads/2016/12/Egyptian_-_Faience_Bowl_-_Walters_48451_-_Interior.jpg)
Em 1464, foi decretado pelo Papa Paulo II que a cor púrpura de tíria não deveria mais ser utilizada pelos sacerdotes. Assim, bispos e arcebispos adotaram o vermelho, simbolizando o sangue de Cristo, e o púrpura de tíria tornou-se comum entre intelectuais e professores universitários.
![Virgem Maria e o Menino Jesus (1266-1320) - Giotto de Bondone](https://arteref.com/wp-content/uploads/2016/12/madonna.jpg)
Entre os séculos 18 e 19, o roxo – especialmente a tonalidade violeta -, devido ao alto custo de sua produção, era ainda uma cor da aristocracia. Membros da alta-sociedade, como a Imperatriz Catarina da Rússia, eram frequentemente retratados em trajes púrpuras ou violetas. A cor era uma dentre as favoritas dos pintores pré-Rafaelitas, que utilizavam-na para criar cenas românticas.
![Imperatriz Catarina, A Grande (1780) - Fyodor Rokotov](https://arteref.com/wp-content/uploads/2016/12/portrait-of-catherine-ii-of-russia.jpg)
![purple](https://arteref.com/wp-content/uploads/2016/12/purple.jpg)
Artistas impressionistas como Claude Monet nutriam grande afeição pela tonalidade violeta. Críticos e historiadores a apontarem este período da história da arte como “violettomania”. “Eu finalmente descobri a verdadeira cor da atmosfera”, disse Monet. “É violeta. O ar fresco é violeta.”
![The Artist's Garden at Giverny (1900) - Claude Monet](https://arteref.com/wp-content/uploads/2016/12/the-artists-garden-at-giverny-claude-monet.jpg)
Posteriormente, o violeta tornou-se a cor-símbolo do movimento sufragista, pertencente a Primeira Onda do Feminismo.