Cor, corpo e imaterial: Yves Klein

Yves Klein, 1928-1962, Nice, França
Foi um artista francês, filho de pais pintores, Klein sempre mostrou uma queda pelo exibicionismo. É considerado uma figura importante da arte européia após a Segunda Guerra Mundial. Ele amava mágica, assim como os rituais arcanos da sociedade mística Rosicrucian, e a influência de ambos viria a se manifestar em seu trabalho.
Famoso pelos seus atos radicais, muitas vezes tocados por seu talento para o espetáculo. No dia da abertura de sua exposição individual em 1957, por exemplo, ele soltou 1.001 balões azuis de hélio em Paris. No ano seguinte, uma exibição conhecida nos dias de hoje pelo nome “The Void” consistia em nada mais que uma galeria vazia – ainda assim atraiu um público de 2.500 pessoas. Sua famosa fotografia, Leap Into the Void, de 1960, mostra Klein pulando de um edifício. Como todas as façanhas da mágica, porém, a foto é um truque, neste caso, uma montagem, de modo que desapareceu a lona segurada por alguns amigos para amortecer a queda.
Porém, seu desempenho mais notório talvez tenha ocorrido em março de 1960, na abertura da exposição Anthropometries of the Blue Epoch em Paris, onde Klein apareceu diante da plateia vestindo um fraque formal com uma gravata borboleta branca e, enquanto nove músicos tocavam sua sinfonia Monotone-Silence (que consistia de uma única nota tocada por 20 minutos, seguido de mais 20 minutos de silêncio), ele comandava três modelos nuas enquanto elas se cobriam com tinta azul pegajosa e imprimiam imagens de seus corpos sobre uma tela em branco. As modelos haviam se transformado, segundo ele, “pincéis vivos”. É possível assistir a essa performance aqui.
Obras em Destaque
Em toda sua influência na arte conceitual, no entanto, Klein preocupava-se mais com a cor. Em 1956, durante suas férias em Nice, ele experimentou usar um ligante polimérico para preservar a luminescência e a textura de um pigmento azul ultramarino, o que veio a ser sua fórmula patenteada conhecida como International Klein Blue (IKB), em 1960.
“Para Klein, a cor pura ofereceu uma maneira de usar a arte não apenas como forma de pintar um quadro, mas como uma maneira de criar uma experiência espiritual, quase alquímica, além do tempo, aproximando-se do imaterial”, explica Kerry Brougher, curador da grande retrospectiva de 2010 Yves Klein: With the Void, Full Powers no Museu Hirshhorn em Washington.
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