Os 10 mestres do autorretrato reunidos aqui são aqueles artistas que tiveram um volume considerável desse tipo de obras ao longo de sua carreira e também aqueles cujos autorretratos ganharam grande notoriedade.
O ser humano sempre foi propenso em retratar a sua própria imagem. Isso foi reforçado principalmente a partir do Renascimento, quando o homem passa a ser o “Centro do Universo”, momento em que os artistas utilizam o retrato para o registro de pessoas e famílias burguesas.
O autorretrato servia, entre outras coisas, para deixar a própria imagem do artista eternizada, além de expressar o que sentiam, tanto suas emoções quanto seus pensamentos. É uma forma antiga de representação imagética, presente já no antigo Egito.
Desde então, muitos dos antigos mestres, assim como artistas modernos, reproduziram sua própria imagem em uma variedade de mídias por diversos motivos, sejam eles artísticos, comerciais ou de autopromoção.
Separamos uma lista com 10 mestres do autorretrato e suas peculiaridades.
Frida Kahlo (1907 – 1987) nasceu em Coyoacán, no México. Com uma vida pessoal marcada por tragédias, relacionamentos amorosos intensos e forte envolvimento político, suas pinturas traziam muitos simbolismos e elementos autobiográficos, misturando realismo e fantasia.
Uma de suas marcas é justamente a quantidade, os simbolismos e a qualidade de seus autorretratos. Ao todo foram 55 e representam um terço de toda sua obra. Frida justificava dizendo: “Pinto a mim mesma porque sou sozinha e porque sou o assunto que conheço melhor”.
Pablo Ruiz Picasso (1881-1973) foi um pintor, escultor, gravador, ceramista e cenógrafo espanhol considerado um dos maiores e mais influentes artistas do século XX. Suas obras amadureceram desde o naturalismo de sua infância até o cubismo, o surrealismo e muito mais, moldando a direção da arte moderna e contemporânea ao longo das décadas.
Seus autorretratos são uma parte relevante de sua obra e chamam a atenção pela diversidade de traços, técnicas e estilos que o artista utilizou ao longo da vida.
Vincent van Gogh é um dos artistas que mais se autorretratou. A quantidade autorretratos em sua obra é grande: foram catalogados 37 pintados entre 1886 e 1889. Essa quantidade é um recorde para um artista pós-impressionista holandês e, também, um marco até para os padrões de hoje.
Salvador Dalí (1904 – 1989), uma das figuras mais originais, inovadoras e famosas da história, foi um artista espanhol que deixou sua marca no mundo da arte de uma forma que poucos conseguiram fazer. Conhecido por uma marca única de surrealismo, ele combinou temas de vanguarda com estilo acadêmico, abrindo caminho para as futuras gerações de artistas. Sua linguagem visual, assim como seu comportamento pessoal e ações públicas, permanecem bizarros, intrigantes e inspiradores.
Escher (1898 – 1972), foi um artista gráfico holandês conhecido pelas suas xilogravuras, litografias e meios-tons (mezzotints) que tendem a representar construções impossíveis, preenchimento regular do plano, explorações do infinito e as metamorfoses – padrões geométricos entre-cruzados que se transformam gradualmente para formas completamente diferentes. Ele também era conhecido pela execução de transformações geométricas (isometrias) nas suas obras.
Tarsila do Amaral (1886 – 1973), é considerada a pintora mais representativa da primeira fase do Modernismo no Brasil. A artista fez parte da ruptura da arte passada para uma arte mais experimental e criativa, com uso de cores vivas, formas cubistas e movimentos corporais, trazendo muita influência do que estava acontecendo na arte europeia.
Embora seus autorretratos representem uma pequena parte de sua produção, são obras que ganharam grande visibilidade.
Andy Warhol (1928 – 1987) fez muitos autorretratos ao longo da carreira, tanto em serigrafia quanto em fotografia e não se sabe ao certo a quantidade deles.
Talvez o mais consagrado tenha sido a obra a seguir, de 1986, um ano antes da sua morte. Nessa sequência, o artista trabalhou com cinco versões de uma mesma imagem. Em 2014, um deles foi vendido por 35 milhões de dólares na feira de arte contemporânea Art Basel, na Basileia, Suíça.
Eugène-Henri-Paul Gauguin (1848 – 1903), nascido em Paris, foi importante artista do pós-impressionismo. Suas experiências artísticas influenciaram muitos movimentos de vanguarda do século 20.
Gauguin se retratou inúmeras vezes em estilos diversos.
Anita Malfatti (1889 – 1964) representou um ícone de renovação num momento em que o academicismo imperava com toda a sua postura intimidadora. Ela foi o início de uma revolução que se solidificaria futuramente com novas propostas artísticas que envolviam outras áreas culturais, uma mentalidade moderna, vinculada à criatividade e ao fluxo alucinante do período seguinte à Belle Époque, depois dos anos loucos assim conhecidos que se desfizeram com a I Guerra Mundial.
Leonardo da Vinci (1452-1519) foi um artista, humanista, cientista, filósofo, inventor e naturalista durante o Renascimento italiano. Sua genialidade estava na capacidade de unir a observação com a imaginação / fantasia e de aplicá-la ao intelecto e à sua natureza universal.
Sobre os autorretratos, não há um consenso sobre suas criações. No quadro abaixo, a obra da esquerda, por exemplo, divide opiniões de especialistas. “Ele não era fã da ideia de autorretratos”, afirma James Hall, autor do livro “O autorretrato: uma história cultural”, que duvida que o retrato tenha sido feito por Da Vinci. Já Saccani, diretor da Biblioteca Real de Turim, onde a obra está atualmente, não tem dúvidas: “O poder expressivo de seu rosto está absolutamente aliado a uma emoção e uma habilidade que apenas Leonardo podia ter.”
Há também uma lenda que envolve essa obra, chamada por muitos como um autorretrato com “poderes mágicos”, que inclusive foi escondida a sete chaves para não cair nas mãos Hitler. 500 anos após sua criação, a tela apresenta pontos escuros – conhecidos como “foxing”. “No canto esquerdo havia uma assinatura do pintor que hoje já está desaparecida”, conta Saccani. “Como o dano é grande e o papel é frágil, restauração está fora dos planos. A decisão tomada foi manter o status quo”, conclui o curador.
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