Olympia (1863) é uma obra controversa feita pelo pintor francês Édouard Manet.
O quadro, que mostra uma mulher nua deitada na cama enquanto uma empregada lhe traz flores, causou choque e espanto na sociedade.
O que chocou o público não foi a nudez, nem a presença de sua empregada, mas o seu olhar direto, frio, e uma série de detalhes que permitiam identificá-la como uma prostituta.
A orquídea em seus cabelos, sua pulseira, brincos de pérola e o xaile oriental em que ela repousa, eram vistos como símbolos de riqueza e sensualidade; a fita preta em volta do pescoço, em contraste com sua pele pálida, e seu chinelo solto intensificam a atmosfera “erótica”.
Olympia era um nome associado a prostitutas na década de 1860 em Paris.
Olympia foi inspirada na Vênus de Urbino de Ticiano, que por sua vez tem referência na obra Vênus Adormecida de Giorgione.
Ao contrário desses artistas, Manet não retratou uma deusa (ou uma figura elevada espiritualmente), mas sim uma prostituta de classe alta.
O comportamento de Olympia é ousado, pois ignora as flores (presente de um cliente) trazidas pela sua empregada. Alguns estudiosos propuseram que a mulher está olhando na direção da porta, pois seu cliente chega sem avisar.
Por que, perguntaram os críticos, a figura era tão plana e desbotada, o fundo tão escuro? Por que o artista abandonou a prática clássica de conduzir o olhar para um lugar ideal e imaginário?
Para os contemporâneos de Manet, sua pincelada “solta” e fluida, rapidez na execução dos movimentos, eram muito mais do que uma afronta. O artista rompeu com o academicismo que venerava o renascimento e deu início ao retrato da modernidade francesa.
Além da referência à prostituição – sinal dos grupos marginalizados emergentes na cidade moderna – a inclusão de uma mulher negra na pintura tocou na mentalidade colonialista francesa, enquanto fornecia um forte contraste para a brancura de Olympia
Embora sua obra “Almoço sobre a Relva” tenha provocado controvérsia, sua Olympia gerou protestos ainda maiores quando foi exibida no “Salon de Paris”, em 1865.
Os conservadores exigiram que a obra fosse retirada do Salon de Paris classificando-a como “imoral” e “vulgar”.
O jornalista Antonin Proust comentou posteriormente que “o quadro de Olympia só não foi destruído devido às precauções tomadas pela curadoria”.
Contudo, a obra tinha seus defensores, Émile Zola logo proclamou-a a “obra-prima” de Manet, e acrescentou “Quando outros artistas corrigem a natureza pintando Vênus, eles mentem. Manet perguntou a si mesmo porque deveria mentir. Por que não dizer a verdade?”
Durante a década de 1860, Edouard Manet se sentiu inspirado ao ver uma mulher com um violão saindo de um café.
A partir disso, o pintor conheceu e contratou uma jovem chamada Victorine Meurent (1844 – 1927) para ser sua modelo.
Meurent, com apenas 18 anos na época, se tornaria a figura central em muitas de suas obras. Inclusive a controversa Olympia.
As diferenças nos retratos, no vestuário, na linguagem corporal e até mesmo na relação entre as obras acrescentam um ar de mistério ao trabalho de Manet (Compare a figura acima com a obra Olympia).
Mais tarde, Meurent seguiu uma carreira de sucesso como pintora, mas quase nenhum dos seus trabalhos existe hoje.
Uma única pintura, descoberta apenas recentemente, está pendurada no Musée Municipal d’Art et d’Histoire de Colombes, na França.
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