Grupo Santa Helena: artistas de SP que deram formato à arte moderna
O fator mais importante com relação aos artistas que compunham o Grupo Santa Helena é que todos eram de origem humilde.
Grupo Santa Helena foi o nome atribuído em meados da década de 1930 aos pintores que se reuniam nos ateliês de Francisco Rebolo. Ele teve início quando Rebolo alugou a sala de número 231 no Palacete Santa Helena, na Praça da Sé, para usá-la como ateliê de pintura e oficina de decoração. A seu convite, Mário Zanini se instalou na sala ao lado, dois anos depois.
Estas salas como a de Zanini e Rebolo eram interligadas por uma porta interna, e foram em seguida sublocadas a outros artistas, dando nascimento ao importante grupo que se dedicou principalmente à recriação da paisagem urbana e suburbana de São Paulo e de cidades vizinhas, à natureza morta e ao retrato.
Processo de formação do Grupo Santa Helena
O tão famoso Grupo Santa Helena formou-se de maneira espontânea, sem maiores pretensões e longe de qualquer compromisso conceitual. A maioria de seus participantes eram de naturalidade italiana, mas também contava com paulistas de outras nacionalidades.
O fator mais importante com relação aos artistas que compunham esse grupo é que todos eram de origem humilde, para sobreviver exerciam atividades artesanais e proletárias, diferente das personalidades que constituíam grupos como o SPAM (Sociedade Pró-Arte Moderna) ou o CAM (Clube dos Artistas Modernos).
Grupos como o SPAM e o CAM foram formados por artistas da nata paulistana que em sua maioria se dedicavam integralmente a arte. Eles ficaram muito conhecidos por terem como integrantes as personalidades que participaram da Semana de Arte Moderna, também conhecida como Semana de 22.
Obras em Destaque
Dentro dos cômodos do Palacete Santa Helena autodidatas e ex-alunos do Liceu de Artes e Ofícios se dedicavam à pintura como um estudo após concluírem seus deveres trabalhistas em outros locais da cidade, e também frequentavam o Palacete aos finais de semana para se aprofundar em suas técnicas.
Anos após a criação do Grupo, mais especificamente em 1937, foi realizada em São Paulo uma exposição feita pela Familia Artística Paulista (FAP) – conhecida como uma agremiação que foi co-fundada e dirigida pelo pintor Paulo Rossi Osir, que organizava badalados salões – a qual os artistas do Grupo Santa Helena foram convidados a participar.
Foi nessa exposição que essas personalidades ganharam visibilidade pública e passaram a ser conhecidos pela crítica especializada como Grupo Santa Helena, antes totalmente desconhecidos pela elite Paulistana.
Artistas e obras do Grupo Santa Helena
1: Francisco Rebolo, 1902-1980 | São Paulo, SP
Francisco Rebollo Gonsales nasceu em São Paulo, mas seus pais vieram diretamente da Espanha para o Brasil no final do século XIX. Após jogar futebol profissionalmente pelo time paulistano Corinthians (921 a 1927), em 1934 torna-se pintor, e na mesma época funda o Grupo Santa Helena.
Nesse mesmo período, Rebollo integrava a sala de aula das sessões de modelo vivo da Escola Paulista de Belas Artes, e com toda a sua técnica nas diversas áreas da pintura foi consagrado um dos mais importantes paisagistas da pintura nacional por especialistas como Mario de Andrade. Além do paisagismo, o artista também dominava categorias como retratos, figuras, naturezas-mortas e flores.
2: Aldo Bonadei, 1906 – 1974 | São Paulo, SP
Aldo Bonadei era descendente de italianos, estudou desenho com o pintor Pedro Alexandrino e frequentou o ateliê de Antonio Rocco. Um dos destaques de sua formação é a Academia de Belas Artes de Florença (Accademia di Belle Arti di Firenze).
Mais tarde, integrou o Grupo Cultura Musical, criado pelo psiquiatra Adolpho Jagle, e por fim, lecionou na primeira escola de arte moderna de São Paulo, a Escola Livre de Artes Plásticas.
3: Alfredo Rizzotti, 1909-1972 | Serrana, SP.
Considerado um dos mais importantes nomes da segunda geração do modernismo, Alfredo Rizzotti era descendente de italianos e viveu alguns anos na Itália. Trabalhou como torneiro mecânico, mecânico de automóveis e fresador, e cursou a Accademia Albertina.
4: Alfredo Volpi | Lucca, Itália (1896) – São Paulo (1988)
Assim como Rizzotti, Alfredo Volpi é considerado um dos artistas mais importantes da segunda geração do modernismo. Imigrante, realizou sua primeira exposição individual no Salão de Maio e na 1ª Exposição da Família Artística Paulista, em São Paulo.
Em 1953, recebeu o prêmio de Melhor Pintor Nacional na II Bienal de São Paulo. Participou da decisiva Exposição Nacional de Arte Concreta, em São Paulo (1956) e no Rio de Janeiro (1957), marco inaugural da arte e da poesia concreta.
5: Clóvis Graciano, 1907-1988 | Araras, SP
Descendente de Italianos, foi em Paris que Graciano estudou e aprendeu algumas técnicas de pintura, quando foi indicado por Portinari para estudar com Waldemar da Costa. Graciano também era também ferroviário, pintor de postes, porteiras e tabuletas de avisos para as estações da Estrada Ferro Sorocabana.
6: Fúlvio Pennacch | Villa Collemandina, Itália (1905) – São Paulo (1992).
Imigrante, Pennacch chegou ao Brasil em 1929 numa época de crise econômica. Ele trabalhou em várias frentes, entre elas publicidade e comércio de carne. Fúlvio Pennacch realizou a maioria de seus estudos sobre arte na Itália.
7: Humberto Rosa | Santa Cruz das Posses, SP (1908) – São Paulo (1948).
Descendente de italianos, estudou na Escola de Belas Artes de São Paulo. Além de participar do Grupo Santa Helena, também integrou a FAP (Família Artística Paulista), grupo de artistas formado em 1937, na capital paulista.
9. Mario Zanini | São Paulo (1907 – 1971)
Pintor, professor, decorador, ceramista, Mario Zanini também trabalhou como letrista na Companhia Antarctica Paulista (1922 e 1924). Assim que deixou a Companhia, Zanini se matriculou no curso noturno de desenho e artes do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo e se formou em 1926.
Após sua formação, Mario começou a trabalhar no escritório de decoração de Francisco Rebolo (1933 – 1938), e nessa mesma época instalou-se no Palacete Santa Helena, se tornando integrante do Grupo.
muito bom, trabalhos lindos!