Com um rosto de beleza radiante e juventude eterna, uma cabeleira loura que despenca em cachos graciosos sobre seus ombros, alto e desembaraçado, com uma atitude e um porte sedutores, Apolo recebeu de Hélios[1] o carro solar, e passou a ser reconhecido como o deus da luz.

Guillaume DUPRÉ (ca. 1574 – 1642) Apolo guiando o carro do sol, 1613. Baixo-relevo em bronze (reverso) diâmetro de 7,27×107,8 gr. Division of Imaging and Visual Services. Samuel H. Kress Collection1957.  Acervo: National Gallery of Art, Washington D.C., EUA. Disponível em: https://www.nga.gov/collection/art-object-page.45313.html. Acesso em: 12 fev. 2019.

O Baixo-relevo em bronze, no estilo Maneirista, Apolo guiando o carro do sol, do artista Guillaume DUPRÉ (ca. 1574/76 – 1642/3) mostra Apolo sentado confortavelmente sobre o carro solar conduzido por uma quadriga, com a qual circunda a terra durante o dia.

Dupré, escultor e medalhista francês, distingue-se de outros artistas por adaptar artisticamente os trabalhos em relevo junto à pequenas moedas, chamando atenção da corte francesa de Henrique IV[2], que lhe concedeu o monopólio sobre a efígie real. Em 1611, tornou-se o primeiro escultor do rei Luís XIII, trabalhando na gravação de moedas e fundição para a artilharia francesa até o início do reinado de Luís XIV[3], quando alterou o estilo de suas obras para mais próximo do Barroco.

Em Ovídio (II, 1-4; 23-24, 2017, p. 101-103) sua morada é no Palácio do sol, que imita as chamas e se ergue sobre altas colunas, cujo frontão é de marfim reluzente com dois batentes que brilham como prata. Coberto por púrpura manta, o deus da vida, da beleza, da arte, da verdade, das profecias, dos oráculos e da criatividade, senta-se num trono com o brilho das esmeraldas.

Gerard DE LAIRESSE (1641 – 1711) Apolo e Aurora, 1671. Óleo sobre tela, 204,5×193,4. Metropolitan Musem of Art. Disponível em: https://www.metmuseum.org/art/collection/search/436843. Acesso em: 28 jun. 2019.

Esquecido, em grande parte, De Lairesse foi celebrado em seu tempo como um pintor estudioso da antiguidade clássica. Esta obra, provavelmente destinada a ser pendurada sobre a lareira em uma residência ou palacete de Amsterdã, representa o deus sol acompanhado de Aurora, a deusa do amanhecer. Um tema popular na pintura francesa e italiana da época (METROPOLITAN MUSEUM OF ART, 2019. Tradução nossa[4])

Gerard DE LAIRESSE (1641 – 1711) Apolo, 1670. Gravura, 10,4×0,67. Hollstein Dutch 21[5]. Rijksmuseum, Amsterdã, Holanda. Disponível em: https://www.rijksmuseum.nl/en/search/. Acesso em: 05 jul. 2019.

Veja mais sobre o tema

https://arteref.com/artigos-academicos/o-mito-de-apolo/

Referências

HOMERO. Ilíada. Tradução e introdução de Carlos Alberto Nunes. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015. 536p.

MARTINI, F. R. Sans. Belo Apolo: apaixonado e vingativo. Interfaces da Educação., Paranaíba, v.9, n.25, p. 423-451, 2018.

THE METROPOLITAN MUSEUM OF ART, Nova Iorque, EUA. Disponível em: https://www.metmuseum.org/art/collection/search/436843Acesso em: 28 jun. 2019.

NATIONAL GALLERY OF ART, Washington D.C., EUA. Disponível em: https://www.nga.gov/collection/art-object-page.45313.html Acesso em: 12 fev. 2019.

OVIDIO. Metamorfoses. Tradução Domingos Lucas Dias. São Paulo: Editora 34, 2017. 909 p.

RIJKSMUSEUM, Amsterdã, Holanda. Disponível em: https://www.rijksmuseum.nl/en/search/objects?p=4&ps=12&f.principalMakers.name.sort=Gerard+de+Lairesse&st=Objects&ii=9#/RP-P-OB-46.687,45   Acesso em: 05 jul. 2019.


[1]    Filho dos titãs Hipérion e Teia, Hélios é irmão de Eos/Aurora e Selene/Luna, a Lua.

[2]    Henrique III de Navarra e rei da França a partir de 1589, Henrique IV (1553-1610) foi o primeiro monarca francês da Casa de Bourbon. Luís XIII (1601-1643) o sucedeu após seu assassinato.

[3]    Luís XIV (1638-1715) O estilo na França, durante o reinado de Luís XIV (1654-1715) foi chamado de Classicismo barroco, relacionados aos temas mitológicos.

[4]    Largely forgotten today, De Lairesse was celebrated in his lifetime as a painter and advocate for an idealizing manner based on the study of classical antiquity. This work, likely destined to hang over the mantelpiece in a grand Amsterdam home, depicts the sun god consorting with the goddess of the dawn, a popular subject in French and Italian painting at the time. Metropolitan Musem of Art. Disponível em: https://www.metmuseum.org/art/collection/search/436843Acesso em: 28 jun. 2019.

[5]    Documentado por Friedrich Wilhelm Hollstein (1888-1957) foi lançado em 1949/53 com o título: Dutch and Flemish etchings, engravings and woodcuts 1450-1700. A numeração Hollstein foi adotada nas casas de leilão e demais impressores.

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Fatima Sans Martini

Mestre em Artes Visuais com Abordagens Teóricas, Históricas e Culturais pela UNESP. Pós-graduação em História da Arte pela FAAP-SP. Formada em Artes Plásticas. Experiência profissional: Projetista em Design de Interiores. Experiência acadêmica: nas disciplinas de Projetos, Desenho, História do Mobiliário e História da Arte nos cursos de Arquitetura e Design de Interiores. Professor das disciplinas de Estética e História da Arte Mundial e Brasileira no Curso de Artes da Unimes, Universidade Metropolitana de Santos, SP

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