Seguindo a genealogia, o mundo começou com Abismo, a inexistência, o Caos. Do caos nasceu a divindade que personifica a Terra. Em seguida surgiu o Tártaro e Eros o mais belo dos imortais, o desejo. Os deuses primordiais geraram inúmeros filhos, mas foi de Urano que se seguiram a segunda, e a terceira geração divina.
Urano odiava e ocultava no Tártaro todos os filhos. A mãe, farta de tanta tirania, mostrou aos filhos, talhada a partir de uma pedra dura e cinzenta, uma foice com a qual suplicou vingança. Escondido e armado com a foice, Crono, o filho mais novo e mais astuto, partiu para a ação:
Veio, trazendo a noite, o grande Céu, e em torno de Terra
estendeu-se, desejoso de amor, e estirou-se em toda
direção. O outro, o filho, da tocaia a mão esticou,
a esquerda, e com a direita pegou a foice portentosa,
grande, serridêntea, os genitais do caro pai
com avidez ceifou […]
(HESÍODO, 176-181, 2013, p. 43)
Ao ser castrado, no entanto, Urano avisou a seu filho que ele também seria destronado por um de seus descendentes. Desse modo, cauteloso, Crono inaugurou a segunda geração ao retirar o poder do velho pai e instaurar o poder dos Titãs sobre o mundo.
Para dar continuidade à linhagem, escolheu sua irmã mais velha, Réia, que gerou Héstia, Deméter, Hera; Hades e Poseidon. No entanto, o deus destinado a ser subjugado, mantinha vigilância cega e engolia os filhos tão logo apareciam, para desespero da esposa.
Sem rodeios, quando estava para parir o mais novo, Réia suplicou ajuda dos deuses antigos, que planejaram um ardil para enganar o pai devorador, enviando-a a Lictos, uma fértil região da grande ilha de Creta, no Mediterrâneo. Lá chegando, tão logo o filho nasceu, Réia escondeu-o em uma gruta rochosa, coberta por densa floresta.
Quando a negra noite chegou, a vingativa mãe voltou abraçada a uma pedra enrolada em manta, entregando-a ao grande senhor que a devorou rapidamente, sem notar a trapaça e, “não notou no juízo que para ele, no futuro, ao invés da pedra seu filho invencível e sereno ficou, quem logo iria com força e braços subjuga-lo.” (HESÍODO, 488-490, 2013, p. 65)
O francês, Edmé Bouchardon é considerado um dos maiores desenhistas e escultores do século XVIII na França. Aluno da Academia Real de Pintura e Escultura (saiba mais em curiosidades), Edmé ganhou o Prix de Roma (leia mais sobre o prêmio no final da matéria) e passou dez anos na cidade italiana, aprendendo e produzindo ao lado de grandes mestres da escultura e pintura.
Ao voltar para a França em 1732 foi contratado como escultor da coroa e logo depois eleito para a Academia, mantendo uma produção constante no estilo chamado de Barroco francês (veja mais informações abaixo).
O desenho em giz de Réia enganando Crono de Edmé é um exemplo do comedimento das formas barrocas aplicada pelo artista francês. O drama está presente, as figuras apresentam dinamismo, porém sem as grandes torções na anatomia, como nas obras barrocas italianas, impregnadas de força e paixão, aliadas aos volumes provocados principalmente pelo jogo de sombra e luz.
A Academia Real de Pintura e Escultura (Académie Royale de Peinture et de Sculpture) foi fundada em Paris em 1648 por Luís XIV ainda muito jovem, e foi dirigida pelo pintor oficial da corte, Charles LE BRUN (1619-1690). Fazia parte do currículo a instrução prática e teórica, baseado num sistema de regras e no racionalismo. As normas eram extremamente rígidas e os temas, por ordem de valor, em tabela própria, partiam da história greco-romana e terminavam na natureza morta.
Fundada por Jean-Baptiste Colbert em 1666, a Academia Francesa em Roma (Accademia di Francia a Roma), recebia os ganhadores de bolsa de estudos com origem na competição artística do Prix de Roma, patrocinada pelo governo francês, criada no reinado de Luís XIV e encerrada somente em meados do século XX.
O Barroco nasceu na Itália, difundindo-se primeiro no sul da Europa e na Holanda, para depois tornar-se um estilo universal. Volumes, dinamismo, sombra e luz são características do estilo. O Barroco francês apresenta um estilo mais comedido, no início e imponente no final, por volta da terceira década do século XVIII, também chamado de Classicismo Barroco.
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Genial!
Muito bom!!! ????
maravilhoso texto, com historias de deuses da Grecia, que nos leva a uma viagem fantastica.
Muito bom!
Texto claro e explicativo, demonstrando conhecimento sobre o assunto. Uma verdadeira viagem na Mitologia.
Adorei seu texto, didático! Parabéns!
Muito bonito o trabalho, um texto limpo e esclarecedor. Realmente a Grécia antiga fez história.
Parabéns.
Blayr Martini Jr.