Artista da Semana

Anna Maria Maiolino e a Vanguarda

Por Paulo Varella - fevereiro 11, 2019
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Anna Maria Maiolino (Scalea, 20 de maio de 1942) é uma artista plástica ítalo-brasileira, que vive e trabalha em São Paulo.

Nasceu em Scalea, Calábria, Itália, em 1942, de pai italiano e mãe equatoriana. Ela é a ultima criança de dez filhos. Com sua família em 1954 emigra para Venezuela. Em 1958 se inscreve na Escola Nacional Cristobal Rojas , Caracas, Venezuela, no curso de Arte Pura. Atualmente é representada pela Galeria Luisa Strina em São Paulo.

Chega ao Brasil em 1960. No Rio de Janeiro ela frequenta cursos livres de pintura e xilogravura na Escola Nacional de Belas Artes, onde foi aluna de gravura de Adir Botelho.

Participa da Nova Figuração, movimento que se afirmava no inicio da década de sessenta no Brasil, em 1961, inicia curso de gravura em madeira na Escola Nacional de Belas Artes – Enba, no Rio de Janeiro, e integra-se à Nova Figuração, movimento de reação à abstração e tomada de posição frente ao momento político brasileiro. Freqüenta o ateliê de Ivan Serpa (1923 – 1973), no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM/RJ, e estuda xilogravura com Adir Botelho, em 1961-1962. Integra em 1967 a mostra Nova Objetividade Brasileira, no MAM, Rio de Janeiro e assina o manifesto: “Declaração de Princípios Básicos da Vanguarda” junto com Hélio Oiticica, Antônio Dias, Rubens Gerchman, Lygia Clark, Lygia Pape entre outros.

Declaração de princípios básicos da vanguarda

Janeiro de 1967
1) Uma arte de vanguarda não se pode vincular a determinado país: ocorre em qualquer lugar, mediante a mobilização dos meios disponíveis, com a intenção de alterar ou contribuir para que se alterem as condições de passividade ou estagnação.
Por isso a vanguarda assume uma posição revolucionária clara e estende sua manifestação a todos os campos da sensibilidade e da consciência do homem.


2) Quando ocorre uma manifestação da vanguarda, surge uma relação entre a realidade do artista e o ambiente em que vive: seu projeto se fundamenta na liberdade de ser, e em sua execução busca superar as condições paralisantes dessa liberdade. Este exercício necessita uma linguagem nova capaz de entrar em consonância com o desenvolvimento dos acontecimentos e de dinamizar os fatores de apropriação da obra pelo mercado consumidor.


3 – Na vanguarda não existe cópia de modelos de sucesso, pois copiar é permanecer. Existe esforço criador, audácia, oposição franca às técnicas e correntes esgotadas.


4) No projeto de vanguarda é necessário denunciar tudo quanto fôr institucionalizado, uma vez que este processo importa na própria negação de vanguarda. Em sua amplitude e em fase de suas próprias perspectivas, recusa-se a aceitar a parte pelo todo, o continente pelo conteúdo, a passividade pela ação.


5) Nosso projeto – suficientemente diversificado para que cada integrante do movimento use tôda a experiência acumulada – caminha no sentido de integrar a atividade criadora na coletividade, opondo-se inequivocamente a todo isolacionismo dúbio e misterioso, ao naturalismo ingênuo e às insinuações de alienação cultural.


6) Nossa proporção é múltipla: desde as modificações inespecíficas da linguagem, à invenção de novos
meios capazes de reduzir à máxima objetividade tudo quando deve ser alterado, do subjetivo ao coletivo, da visão pragmática à consciência dialética.


7) O movimento nega a importância do mercado de arte em seu conteúdo condicionante: aspira acompanhar as possibilidades da revolução industrial alargando os critérios de atingir o ser humano, despertando-o para a compreensão de novas técnicas, para a participação renovadora e para a análise crítica da realidade.


8) Nosso movimento, além de ser um sentido cultural ao trabalho criador, adotará todos os métodos de comunicação com o público, do jornal ao debate, da rua ao parque, do salão à fábrica, do panfleto ao cinema, do transistor à televisão.

Assinaram a Carta:

  • Antonio Dias
  • Carlos Augusto Vergara
  • Rubens Gerchman
  • Lygia Clark
  • Ligia Pape
  • Galuco Rodrigues
  • Sami Mattar
  • Solange Escosteguy
  • Raimundo Colares
  • Zílio
  • Maurício Nogueira Lima (São Paulo)
  • Hélio Oiticica
  • Ana Maria Maiolino
  • Renato Landim
  • Frederico Morais
  • Mario Barata

Exposições realizadas

No mesmo ano realiza sua primeira exposição individual no Brasil, mostrando xilogravuras na Galeria Goeldi, no Rio de Janeiro.

Cortesia: Galleria Raffaella Cortese

Em 1963 casa com o artista Rubens Gerchman com o qual teve dois filhos, Micael e Verônica. Totalmente integrada no meio cultural do Brasil, especialmente do Rio de Janeiro, Maiolino toma em 1968 a cidadania Brasileira. A década de 1970 é significativa no que concerne à experimentação e à utilização de diversas mídias, como: poesia escrita, filme super 8, performance, fotografia, alem de continuar a utilizar o desenho, a pintura, a gravura e a escultura. Movida pela vontade de experiências, Anna Maria Maiolino em 1990 incorpora na sua obra o vídeo. A palavra escrita em 2000 ganha voz e inicia trabalhos sonoros que virão a somar-se a obra.

Entrevidas

Desde 1992 com sua participação na mostra curada pela critica belga Catherine de Zegher: AMERICA – Bride of the Sun. 500 years Latin America and the Low Countries, Royal Museum of Fine Arts, Antwerp, Belgium, a obra de Maiolino passa a ser vista com interesse no meio da arte internacional. Suas obras passam a fazer partes de coleções particulares e de museus fora do Brasil, como: Reina Sofia, Madrid, Espanha; MoMA, Nova York, USA; Castello di Rivoli, Torino, Itália; Galleria Nazionale, Roma Itália, Blanton Museum da Universidade do Texas em Austin e outros. Também passa a participa de um grande numero de mostras internacionais na Europa e nos Estados Unidos de America.

Ana Maria Maiolino
“É o que sobra”, 1974 (detalhe), da série Fotopoemação (foto poema ação), 1973-2017. Três fotografias em preto e branco. Coleção de Anna Maria Maiolino.

A arte de Maiolino desde o inicio é totalmente elaborada no Brasil e a artista assume para sua arte esta identidade e reconhece que é à arte brasileira que deve sua formação.

Aonde ver Anna Maria Mailino?

Anna Maria Maiolino – Em tudo – Todo
lançamento: 14/02/2019, quinta-feira, 19-21h
exposição: 15/02/2019 a 23/03/2019 
A segunda individual na galeria antecede em poucos meses uma grande retrospectiva no PAC (Padiglione d’Arte Contemporânea, de Milão), para a celebração dos 60 anos de trajetória da artista que engloba mais de 50 mostras individuais, além de participações em mais de 300 exposições.
Galeria Luisa Strina
Rua Padre João Manuel 755 loja 2 – Cerqueira César
São Paulo / São Paulo / Brasil
55-11-3088-2471
[email protected]
www.galerialuisastrina.com.br
Ana Maria Maiolino

Prêmios recebidos

Prêmio Mário Pedrosa, recebido pela Associação Brasileira de Críticos de Arte agracia a exposição realizada na Pequena Galeria do Centro Cultural Cândido Mendes no Rio de Janeiro, 1989

Ana Maria Galeria Raffaella Cortese
Ana Maria Foto: Galeria Raffaella Cortese

Em 2012, Anna Maria Maiolino é contemplada com o prêmio MASP Mercedes-Benz pelo conjunto de sua obra. Participa da documenta 13, em Kassel (Alemanha), com a obra Here & There (Aqui & Lá), composta por uma grande instalação de argila da série Terra Modelada, sons e vegetação, além de uma gravação da voz da artista declamando o poema Eu sou Eu, de sua autoria (impresso em uma pequena publicação). Ainda neste ano, realiza a exposição individual É O QUE É na Galeria Millan e tem o catálogo da exposição retrospectiva da Fundação Antoní Tàpies: Anna Maria Maiolino (organizado por Helena Tatay) traduzido ao português e lançado no Brasil pela Cosac Naify.

Maiolino Instalação

No Brasil, a artista possui uma grande representação de seu trabalho no Museu Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro. Sua obra também está em instituições como o MAC-USP, MAC-Niterói (coleção João Sattamini), MAM do Rio (coleção Gilberto Chateaubriand), MAR (Museu de Arte do Rio).

Veja mais o trabalho da artista no site dela: aqui

Veja também:

https://arteref.com/artista-da-semana/djanira-da-motta-e-silva-e-a-sua-arte-social/
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Estudou cinema na NFTS (UK), administração na FGV e química na USP. Trabalhou com fotografia, cinema autoral e publicitário em Londres nos anos 90 e no Brasil nos anos seguintes. Sua formação lhe conferiu entre muitas qualidades, uma expertise em estética da imagem, habilidade na administração de conteúdo, pessoas e conhecimento profundo sobre materiais. Por muito tempo Paulo participou do cenário da produção artística em Londres, Paris e Hamburgo de onde veio a inspiração para iniciar o Arteref no Brasil. Paulo dirigiu 3 galerias de arte e hoje se dedica a ajudar artistas, galeristas e colecionadores a melhorarem o acesso no mercado internacional.

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