Alexandre Cruz Sesper
Brasil, 1973O trabalho de Alexandre Cruz Sesper acontece na fusão de várias técnicas, tais como colagem, pintura, desenho e assemblagem, através das quais articula formas e composições texturizadas e intrincadas. Artista autodidata, – formado na cena musical independente das décadas de 1980/90 – Sesper executa plasticamente o conceito de montagem através da sobreposição de camadas matéricas que ressignificam referências e conteúdos apropriados das mídias de massa e de arquivos pessoais, operando entre o social e o privado.
Esses trabalhos, que oscilam entre a bi e a tridimensionalidade, por vezes ganham ares de vitrine, são caixas exibidoras de imagens e objetos que acionam uns aos outros em relações de simbiose. Suas figuras (meio) humanas, formadas pelo acúmulo de detritos recodificados, escancaram os excessos de uma sociedade hiperindustrial que a tudo nivela e reduz a simulacro e a produto passível de descarte. Ilustrações científicas da fisiologia do corpo humano aparecem repetidamente na obra de Sesper, bem como o choque de cores e a palavra impressa, elementos que conduzem um diálogo alternado entre modos conscientes e inconscientes de expressão e recepção, assumindo uma tensão deliberada entre ordem e caos.
A escada, outro elemento recorrente em seus trabalhos, opera como ponte de ligação entre o abstrato e o figurativo: ao mesmo tempo em que representa uma forma reconhecível, nos conduz menos por subidas e descidas do que por espaços subjetivos da própria obra. Em seus trabalhos mais recentes, Sesper assume um crescente afastamento do referente, em um caminho deliberado em direção a uma maior abstração.
Minibiografia de Alexandre Cruz Sesper
Alexandre Cruz, nascido em 1973, é um artista autodidata que começou sua prática artística nos anos 90, envolvido com subculturas como o hardcore, as publicações independentes (zines) e o skate.Depois de integrar as bandas, OVEC, Psychic Possessor e Safari Hamburgers, na década de 1990 inicia a banda Garage Fuzz, na qual atua até hoje. Morando em São Paulo, passou a intervir nas ruas com adesivos e pôsteres, adotando o pseudônimo Sesper, enquanto também realizava trabalhos para marcas de streetwear e capas de discos para selos independentes ou grandes gravadoras. Em 2009 dirigiu o documentário RE:Board, resultado de uma extensa pesquisa sobre a história da arte nas pranchas de skate brasileiras.
Como artista visual, de 2008 a 2010 trabalhou dentro e fora do Brasil em colaboração com outros artistas, integrando o coletivo Famiglia Baglione. Participou de diversas exposições em instituições como o Museu de Arte do Rio (MAR) e Santader Cultural, e vem realizando individuais em galerias de arte, a exemplo da exposição Reprovado (Galeria LOGO, 2013). Seus trabalhos integram coleções institucionais (Itaú Cultural e Instituto Figueiredo Ferraz) e particulares de prestígio. Como curador, foi um dos fundadores do espaço expositivo Most, co-realizador da mostra itinerante TRANSFER e curador da mostra Não temos condições de responder a todos, produzida em 2019 no SESC Consolação, em que exibiu seu acervo e de outros colaboradores sobre a cena musical independente das décadas de 1980/90.
Cronologia
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