A 24ª Bienal de Sidney é um dos principais eventos internacionais de arte contemporânea e já apresentou, desde sua fundação em 1973, o trabalho de quase 1.900 artistas de mais de 100 países. Um comunicado com anúncio do tema e da lista parcial de artistas revelou dois grandes nomes da arte contemporânea brasileira na seleta lista: os baianos Nádia Taquary e Alberto Pitta.
Nadia Taquary é nascida em Salvador. Graduada em Letras pela UCSAL e pós-graduada em Educação, Estética, Semiótica e Cultura pela EBA-UFBA. Seu trabalho já foi apresentado no MAR (Museu de Arte do Rio), na SPArte, na Arte Rio, no Museu de Arte da Bahia, na III Bienal da Bahia e na Galerie Agnès Monplaisir (Paris, 2016). Está na coleção do MAR e é parte de diversas coleções particulares no Brasil e no exterior.
Atualmente, Nadia Taquary participa de “Um Defeito de Cor”, em cartaz no Museu de Arte do Rio – MAR. Tem obras suas também em “Brasil do Futuro”, no Centro Cultural Solar Ferrão, em Salvador; em “Um Oceano para Lavar as Mãos”, no Palácio Quintandinha, em Petrolina. Barco, formada por uma rede de madeira com 17 metros e 80 peixes de prata; e em “Craft Front Center”, em exibição no Museu de Arte e Design de Nova York até abril do ano que vem com obras que foram adquiridas pela instituição.
Em julho de 2023, a Prefeitura de Salvador inaugurou o monumento em homenagem a Maria Felipa assinada por Nadia Taquary. Trata-se da primeira escultura em alusão à marisqueira negra, numa reparação histórica a favor de uma das heroínas que simbolizam a participação feminina nas lutas pela Independência do Brasil na Bahia.
Alberto Pitta nasceu na Bahia em 1961, vive e trabalha em Salvador, e destaca-se no cenário artístico e cultural. Com exposições em várias instituições nacionais e internacionais, Pitta é um dos pioneiros na concepção de serigrafias com estampas afro baianas. O artista desenvolve em seus trabalhos, pesquisas e criações, o essencial para a interpretação de códigos e símbolos, e de uma estética que o tornam um dos mais importantes artistas visuais brasileiros hoje.
Tendo nascido dentro dos limites de um terreiro de candomblé, o Ilê Axé Oyá, rapidamente entendeu que na tradição africana, da qual descende, a roupa não responde somente à necessidade utilitária de proteger o corpo, sendo um poderoso elemento significante, que inscreve o homem na natureza e o reconecta a seus ancestrais, afirmando-se como suporte da linguagem e dos marcadores sociais, onde atesta toda a sua autenticidade e força da cultura negra.
Foi observando as atividades de sua mãe, a sacerdotisa Mãe Santinha de Oyá, importante ialorixá de Salvador, do Ilê Axé Oyá, que Pitta viu desde cedo despertar seu interesse pelos panos e arremeter seu compromisso em agregar pessoas através das palavras e das ações.
Alberto Pitta destaca-se também como carnavalesco, o que o levou a lançar seu primeiro livro, “Histórias Contadas em Tecidos – O Carnaval Negro Baiano”, em 2023, onde apresenta o contexto histórico e cultural das estampas produzidas ao longo de 40 anos.
A Bienal de Sydney irá acontecer ao longo de três meses, de 9 de março a 10 de junho de 2024. Seu tema será “Ten Thousand Suns” (Dez Mil Sóis). A curadoria é de Cosmin Costinaș e Inti Guerrero.
De acordo com a declaração curatorial, a 24ª Bienal de Sydney trabalha através de períodos de tempo, além das fronteiras que separam práticas culturais enraizadas em diferentes genealogias e de todos os continentes. A edição tem uma dívida profunda com a rica herança do que hoje é conhecido como Austrália, especialmente com as lutas e práticas nas quais as comunidades e migrantes das Primeiras Nações desempenharam papéis fundamentais.
“As práticas dos artistas estão firmemente enraizadas em diversas comunidades e vocabulários artísticos, convidando o público a testemunhar múltiplas histórias. A exposição carrega a esperança de resistir às mentalidades dominantes da crise perpétua que muitas vezes leva à inação.”
“A 24ª Bienal de Sydney propõe a celebração como um método e uma fonte de alegria, produzida em comum e amplamente compartilhada, inspirando-se em histórias de união queer para prosperar apesar de tudo. Invoca um espírito de abundância e generosidade como poderosas ferramentas políticas. Esta edição revisita legados de resistência, força e exuberância coletiva, enquanto celebra a exposição como um carnaval de raios e radiância, apropriadamente intitulado Dez Mil Sóis .”
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