Categories: Dança

A pequena morte na Funarte

 Pela primeira vez se dirigindo e dançando, a bailarina Lavinia Bizzotto buscou inspiração na obra da fotógrafa americana Francesca Woodman, que se suicidou aos 22 anos, para criar APequena Morte. Em São Paulo, as apresentações acontecem de 6 a 16 de julho, na Sala Renée Gumiel, na FUNARTE. Contemplado pelo Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna 2014, o espetáculo estreou em Belo Horizonte em junho.

Essa é a primeira vez que Lavinia dirige e coreografa um solo para si mesma. Nos dois solos anteriores, ela trabalhou com Juliana Moraes (Solo Na Dobra do Tempo– 2008) e Vanessa Macedo (Solo Sem Titulo– 2014). Ainda assim, ela divide a concepção com Alexandre Maia e tem Vanessa Macedo como parceira coreográfica e na colaboração dramatúrgica, além de contar com a colaboração artística de André Liberato.

Para Lavinia, A Pequena Morte foi um grande e intenso desafio. Foi graças a esse trabalho que ela pode se aprofundar em propostas diversas, mas com uma possibilidade de continuar sua pesquisa de linguagem corporal  e cênica. “Me deixei afetar pelas imagens da Francesca, pelas provocações dos meus três colaboradores e isso me trouxe um olhar profundo sobre o intérprete da cena e do diretor que me deixou muito realizada. Usar o meu corpo como um laboratório criativo para além do que um diretor pede foi uma experiência pessoal muito rica”.

Feminino

Foi navegando na internet que Lavínia teve seu primeiro contato com uma foto de Francesca Woodman. “Fiquei muito impactada com a imagem de uma mulher nua se misturando com uma parede descascada, como se fossem uma coisa só. Fui pesquisar mais sobre o trabalho dela e me deparei com uma linguagem estética muito própria e que tinha  muito a ver com o que eu gostaria de falar naquele momento”, explica.

Buscando uma fusão com os retratos da fotógrafa Francesca Woodman, Lavinia Bizzotto experimenta esse universo na busca de um corpo que é atravessado pelo tempo, pela delicadeza e força, pela dor e sensualidade e por suas próprias memórias como artista e mulher.

A Pequena Morte aborda a falta de identidade, feminilidade, sexualidade e morte. “Francesca fotografa mulheres, partes dos corpos e cenários sujos, crus e inóspitos, sempre com algum borrão na cena, mas identificando que existe uma figura humana ali. Busquei então trazer o universo dela para o meu corpo explorando o mistério, a degradação, o surrealismo e a delicadeza dessas mulheres. Tentando, assim, revelar as inúmeras possibilidades do ser feminino através das suas representações visíveis e inconscientes”, fala Lavinia.

Apesar de ter falecido no começo da década de 80, o trabalho de Francesca ainda é muito atual. A bailarina afirma: “Francesca questiona e confronta padrões femininos estabelecido dentro do seu contexto histórico, mas que são muito atuais ainda”.

credito: Alexandre Maia

Não é só o corpo de Lavinia que coloca em cena a linguagem da fotógrafa americana. O figurino do solo também dialoga com o universo feminino e com o tempo. Em cena, existe uma mulher que vai se despindo e revelando várias outras mulheres, levando para o espetáculo uma estética que relembre imagens do feminino, do grotesco e do mistério. O cenário, todo em madeira, busca uma dramaturgia que remeta a um ambiente onde essa mulher transita entre suas memórias, desejos e dores. É composto por uma cadeira uma mesinha e um banco alto. O desenho de luz completa esse ambiente de sombras e mistério.

Oficinas

Além do espetáculo, Lavinia Bizzotto, em parceria com Alexandre Maia, irá também oferecer uma oficina de dança contemporânea durante a temporada. Durante duas horas, os artistas explorarão com os participantes alguns dos procedimentos utilizados no processo criativo do espetáculo A Pequena Morte.

Sobre Lavinia Bizzotto

Lavinia Bizzotto é bailarina, coreógrafa e diretora de movimentos. Goiana, radicada no Rio de Janeiro vem produzindo obras de reconhecimento nacional como coreógrafa e participando como intérprete em produções cinematográficas e nos maiores Festivais de Dança em todo o País. Sua carreira se inicia na década de 90 quando se junta ao elenco da Quasar Cia de Dança, onde teve seu trabalho como intérprete reconhecido pelos principais críticos da área. Coreografou grupos de Dança, Circo e Teatro e seu talento é reconhecido e requisitado também fora do País. Atualmente desenvolve juntos a diretores de renome um trabalho de direção de movimento em grandes produções pra TV e pro Teatro. Nomes como Renato Vieira, Vanessa Macedo, Edson Beserra, Coletivo Irmãos Guimarães, Guilherme Leme, Intrépida Trupe, Michel Mellamed e Tânia Lamarca, fazem parte do histórico desta múltipla artista.

Para serviço

A PEQUENA MORTE – Solo de Lavinia Bizzotto. Direção, Coreografia e interpretação – Lavinia Bizzotto. Concepção – Lavinia Bizzotto e Alexandre Maia. Parceria coreográfica e colaboração dramatúrgica – Vanessa Macedo. Colaborador artístico – André Liberato. Figurinos – Lavinia Bizzotto e Flávio Sousa. Desenho original de luz – Emmanuel Queiroz. Direção musical, fotos e vídeos – Alexandre Maia. Participação especial na trilha sonora – Daniela Moraes (Voz). Professor de dança contemporânea – Felipe Padilha. Coordenação de produção – Edson Beserra/Composto de Ideias. Identidade visual e projeto gráfico -Marcos Buiati. Estruturação do projeto – Cristiana Giustino. Ingressos – R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia-entrada). Bilheteria – Vendas disponíveis sempre a partir das 18 horas no dia do espetáculo. Duração – 45 minutos. Classificação indicativa – 16 anos.

Apresentações em São Paulo – Sala Renée Gumiel – Complexo Cultural Funarte SP

De 6 a 16 de julho. De quinta a sábado, às 20 horas, e domingos, às 19 horas.

Endereço – Alameda Nothmann, 1058, Campos Elíseos – São Paulo

Telefone para informações -11 3662-5177

Capacidade – 53 pessoas

Oficina com Lavinia Bizzotto e Alexandre Maia – 15 de julho, às 14 horas

Inscrições para a oficina pelo e-mail – edsonbeserra@gmail.com

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Paulo Varella

Estudou cinema na NFTS (UK), administração na FGV e química na USP. Trabalhou com fotografia, cinema autoral e publicitário em Londres nos anos 90 e no Brasil nos anos seguintes. Sua formação lhe conferiu entre muitas qualidades, uma expertise em estética da imagem, habilidade na administração de conteúdo, pessoas e conhecimento profundo sobre materiais. Por muito tempo Paulo participou do cenário da produção artística em Londres, Paris e Hamburgo de onde veio a inspiração para iniciar o Arteref no Brasil. Paulo dirigiu 3 galerias de arte e hoje se dedica a ajudar artistas, galeristas e colecionadores a melhorarem o acesso no mercado internacional.

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