A Galeria NONADA ZS abre a exposição “Brotar no Vazio, Atmosférico Breu”, que reúne um total de 18 obras de Ana Matheus Abbade com trabalhos selecionados de Alberto da Veiga Guignard e Mira Schendel, sob curadoria de Clarissa Diniz. O vernissage será no dia 8 de junho, sábado, das 13h às 17h, e a mostra estará aberta para visitação até o dia 17 de agosto.
“Brotar no Vazio, Atmosférico Breu” é uma oportunidade para explorar a intersecção entre diferentes abordagens artísticas que lidam com materialidade e as obras escolhidas proporcionam uma reflexão sobre a relação entre o visível e o invisível, o tangível e o intangível, trazendo à tona a poética das materialidades efêmeras. Esta proposta viabiliza uma conversa entre os recentes trabalhos de Ana Matheus Abbade, a pintura de Alberto da Veiga Guignard e as monotipias de Mira Schendel. Clarissa Diniz observa que “Abbade e Guignard compartilham o desafio de representar e performar a umidade, a densidade do ar e a opacidade”. Guignard utiliza o gênero da paisagem para explorar “as formas de impregnação e continuidade entre seres, tempos, topografias e atmosferas”, enquanto Ana Matheus Abbade possui uma outra abordagem sobre o tema.
Os desenhos de Ana Matheus Abbade são compostos com carvão, uma matéria seca, mas densa, que aproxima suas obras da pintura. A curadora comenta: “É com essa matéria seca, porém densa, que a artista tem composto desenhos atmosféricos que se aproximam da fatura da pintura, encarando o problema da mancha desde a experiência do pó”. Através de suas séries “Serpentes no Mangue” (2024), “Noturna” (2022) e “Floresta” (2024), Abbade explora a incisão e outras formas de inscrição na superfície. Ela aborda a questão da transição, onde a unha se torna navalha, relacionando o corte à experiência não binária de gênero e suas implicações sociais e políticas diante da cisnormatividade, como exemplificado na fotografia “Unhas rasgarão cidades” (2020). Em suas obras recentes, a incisura fascina a artista como uma perspectiva estética e política diante da matéria do mundo e dos corpos.
A curadora estabelece um paralelo entre Abbade e Schendel, destacando o interesse de ambas pelo caráter gráfico e ontológico das marcas deixadas pela passagem e ação sobre o papel. “Reunidas, Ana Matheus Abbade, Alberto da Veiga Guignard e Mira Schendel habitam o vazio, o ar e a umidade na qual estamos todos imersos. Entre paisagens e monotipias, acariciam suas fugidias materialidades e, assim, dão relevo aos invisíveis que nos cercam e nos constituem”, diz Diniz. Schendel e Abbade produzem rastros na forma de sulcos sutis, através da monotipia ou de desenhos que se avizinham às técnicas da gravura. Estes rastros, nas palavras de Ana Matheus, “medem o mundo à unha, daqui até ali”.
Ana Matheus Abbade – artista fluminense cuja prática artística se concentra no uso do carvão para criar desenhos atmosféricos. Sua obra explora a materialidade do pó, a experiência do vazio e as questões de gênero, especialmente através de incisões e marcas na superfície do papel. Suas séries recentes, como “Serpentes no Mangue” (2024), “Noturna” (2022) e “Floresta” (2024), investigam a relação entre o tangível e o intangível, e a poética das transições materiais.
Alberto da Veiga Guignard (1896-1962) – um renomado pintor brasileiro, reconhecido por suas paisagens líricas e retratos. Sua obra se destaca pela sensibilidade com que representa a atmosfera, a umidade e a densidade do ar. Guignard explorou as interações entre seres, tempos e topografias, utilizando o céu, as nuvens e as montanhas como elementos centrais em suas pinturas, buscando sempre a continuidade entre as diferentes dimensões da paisagem.
Mira Schendel (1919-1988) – artista suíça-brasileira, considerada uma das figuras mais importantes da arte latino-americana do século XX. Conhecida por suas monotipias e desenhos, Schendel explorou o caráter gráfico e ontológico das marcas deixadas pela passagem do tempo e pela ação sobre o papel. Suas obras destacam-se pela sutileza dos sulcos e traços, que frequentemente se aproximam das técnicas da gravura, e pela reflexão profunda sobre a materialidade e a transcendência.
NONADA, um neologismo que remete ao não lugar e a não existência. Como o próprio significado de NONADA diz, ela surge com o intuito de suprir lacunas momentâneas, ou permanentes, com um novo conceito. A galeria, inclusiva e não sectária, enquanto agente promotor de encontros e descobertas com anseio pela experimentação, ilustra possibilidades de distanciar-se de rótulos enquanto amplia diálogos. “NONADA é um híbrido que pesquisa, acolhe, expõe e dialoga. Deixa de ser nada e passa a ser essência por acreditar que o mundo precisa de arte… e arte por si só já é lugar”, definem João Paulo, Ludwig, Luiz e Paulo.
A NONADA mostra-se necessária após a constatação, por seus gestores, da imensa quantidade de trabalhos de boa qualidade de artistas estranhos aos circuitos formais e que trabalham com os temas atuais, sem receio nem temor em abordar tópicos políticos, identitários, de gênero ou qualquer outro assunto que esteja na agenda do dia; que seja importante no hoje. “Queremos apresentar de forma plural novos talentos, visões e força criativa”. O processo de maturação da NONADA foi orgânico e plural pois “abrangeu desde nossa experiência como também indicações de artistas, curadores, e de buscas aonde fosse possível achar o que aguardava para ser descoberto”, diz Paulo Azeco. Ludwig Danielian acrescenta: “não queremos levantar bandeiras, rótulos, e sim valorizar a boa arte, que independe de estereótipos. Queremos ter esta proposta de galeria em Copacabana, bairro popular, e na Penha, no subúrbio, na periferia do circuito de arte, para que se leve excelentes trabalhos a todos”.
Exposição: Brotar no Vazio, Atmosférico Breu
Artistas: Ana Matheus Abbade, Alberto da Veiga Guignard, Mira Schendel
Curadoria: Clarissa Diniz
Abertura: 8 de junho – sábado – das 13 às 17hs
Período: de 11 de junho a 17 de agosto de 2024
Local: NONADA ZS – @nonada_nada
Endereço: Rua Aires Saldanha, 24 – Copacabana, RJ
Dias e Horários de funcionamento: terça a sexta-feira, das 11h às 19h; sábado, das 11h às 15h
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