Centro Cultural Fiesp recebe exposição fotográfica “Ta’ãngaa, os indígenas por eles mesmos”

O Centro Cultural Fiesp recebe a exposição “Ta’ãngaa, os indígenas por eles mesmos”, com 30 fotografias produzidas por oito artistas indígenas de diferentes territórios do Brasil. A curadoria é assinada por Richard Wera Mirim e João Kulcsár.
A mostra propõe uma potente reflexão sobre identidade, memória e os impactos da colonização – tudo isso a partir do olhar dos próprios povos originários. A visitação é gratuita e vai até 12 de outubro, de terça a domingo, das 10h às 20h, na Galeria de Fotos do Centro Cultural Fiesp, em São Paulo.

A exposição fotográfica apresenta o trabalho de 8 (oito) artistas indígenas – Moara Tupinamba, Denilson Baniwa, Edgar Kanaykõ Xakriabá, Richard Wera Mirim, Genilson Guajajara, Gê Viana, Kamikia Kisedje e Natalia Tupi.
Sob a curadoria de Richard Wera Mirim e João Kulcsár, constroem narrativas potentes e sensíveis, refletindo a riqueza de suas culturas, suas estéticas visuais e os desafios que enfrentam na contemporaneidade.

Cada uma das 30 fotografias que compõem a mostra revela um universo único, onde passado e presente se entrelaçam, resgatando memórias ancestrais e, ao mesmo tempo, denunciando questões urgentes que afetam suas comunidades.
Mais do que registros visuais, elas são expressões de identidade e resistência, reafirmando a força da coletividade e a luta pela preservação dos territórios e tradições. As imagens se tornam, assim, uma ferramenta de expressão, luta e pertencimento.
Obras em Destaque

A exposição aborda temas como a relação sagrada com a terra, os ritos e tradições que resistem ao tempo, ancestralidade, os impactos da colonização, a força da coletividade e as conquistas dos povos originários.

Ao registrar cenas do cotidiano, manifestações culturais e paisagens que carregam histórias, cenários e personagens os artistas nos convidam a enxergar a pluralidade das existências indígenas para além dos estereótipos, reafirmando a vitalidade deste povos e tudo o que têm a ensinar.

A mostra é um convite à reflexão e ao diálogo e reforça a importância da escuta, do respeito e da valorização das inúmeras formas de vida, saberes e expressões dos povos indígenas, ampliando nossa compreensão sobre suas realidades e fortalecendo a necessidade de uma sociedade mais justa, plural e diversa.
Sobre os artistas
Moara Tupinambá é ARTivista visual, curadora autônoma e artista multiplataforma natural de Maery do Pará (Belém), com origem tupinambá do Baixo Tapajós. Radicada em São Paulo, integra o coletivo MAR, o Colabirinto e a associação Wyka Kwara. Sua obra aborda memória, identidade, ancestralidade, resistência indígena e pensamento anticolonial, por meio de linguagens como desenho, pintura, colagem, instalação, vídeo, fotografia, literatura e performance. Participou de importantes exposições e eventos, como a Bienal de Sidney “Nirin” (2019), o Seminário de Histórias Indígenas do MASP, e a coletiva “Museu da Silva” (CCSP, 2020). Foi indicada ao Prêmio de Arte e Educação da Revista Select em 2018.
Denilson Baniwa é amazônida de origem na nação Baniwa, tem como base de trabalho a pesquisa sobre aparecimentos e desaparecimentos de indígenas na História Oficial do Brasil, ao mesmo tempo em que busca nas cosmologias indígenas e suas representações artísticas um possível método de compartilhar conhecimentos ancestrais e ao mesmo tempo criar um banco de dados com essas cosmologias como modo de salvaguardá-las.
Natália Tupi é fotógrafa, Realizadora Audiovisual e Cineasta Indígena de Parintins, Amazonas. Também é criadora e idealizadora da Ancestralidade Visual (@ancestralidadevisual), onde busca fazer do audiovisual ferramenta de luta e resistência. “- Como sempre digo: minha câmera é minha flecha e é com ela que eu luto ao lado dos meus parentes.” Seus principais trabalhos como Cineasta são os documentários “Minha câmera é minha flecha!” “Os sonhos guiam” e “Nhemongaraí: Ontem, hoje e amanhã.” Atualmente, faz parte da Rede Audiovisual para Mulheres Indígenas, Rede Katahirine.
Gê Viana, nascida em 1986 em Santa Luzia (MA) e radicada em São Luís, é artista visual formada pela UFMA. Trabalha com colagens e fotomontagens, analógicas e digitais, abordando temas ligados à vida familiar, cotidiano e resistência à cultura colonizadora. Utiliza imagens precárias e arquivos históricos para denunciar traumas sociais e propor novas narrativas mais positivas. Sua arte busca visibilizar memórias e vivências de povos tradicionais, desafiando os sistemas hegemônicos da arte e da comunicação.
Edgar Kanaykõ Xakriabá é fotógrafo e antropólogo indígena do povo Xakriabá, de Minas Gerais. Graduado pelo programa FIEI/UFMG e mestre em Antropologia Social (Visual) pela UFMG, sua pesquisa aborda a fotografia como ferramenta de resistência e expressão indígena. Sua dissertação, “Etnovisão: o olhar indígena que atravessa a lente” (2019), foi a primeira de um pesquisador indígena no programa de pós da UFMG. Seu trabalho fotográfico documenta sua comunidade, outros povos indígenas e o movimento indígena no Brasil.
Richard Wera Mirim, fotógrafo, é um jovem Comunicador Indígena do Povo Guarani Mbya da Terra Indígena Jaraguá. É criador da Mídia Guarani Mbya
Genilson Guajajara, Meu nome é Genilson Guajajara, sou originário do território indígena do Rio Pindaré, no Maranhão, Brasil. Sou do povo Guajajara, da pequena e orgulhosa aldeia de Piçarra Preta. Sou um contador de histórias atencioso e emotivo, que expressa as histórias da minha comunidade por meio da fotografia. Meu trabalho permeia temas relacionados à comunidade, sabedoria ancestral, cosmologia indígena, ritual e cerimônia. Uso a fotografia como uma ferramenta, permitindo a oportunidade de comunicar cuidadosamente as histórias do meu povo de maneira verdadeira e ponderada. Sua resistência está inextricavelmente entrelaçada com os territórios e biomas vitais que eles se esforçam para proteger.
Kamikia Kisedje é fotógrafo e cineasta indígena formado pela ONG Vídeo nas Aldeias. Desde 2000, registra eventos relevantes do movimento indígena, como assembleias, manifestações culturais e mobilizações em Brasília. Seu trabalho, voltado à educação, valorização cultural, saúde e defesa ambiental, inclui colaborações com ONGs e comunidades indígenas. Foi premiado por obras como Txeijkhô khãm Mby (2007), Mulheres Guerreiras (2010) e Carta do Povo Kisedje para Rio+20 (2012). Destacam-se ainda sua atuação como repórter na Rio+20 e sua contribuição na documentação do Plano de Gestão do Xingu.
João Kulcsár – Curador. Professor visitante na Universidade de Harvard. Mestrado em artes pela Universidade de Kent, Inglaterra. Coordenador Bacharelado em Fotografia do Senac por 30 anos . Curador de mais de 100 exposições fotográficas no Brasil e exterior ( Portugal, EUA, Itália, Suíça e Inglaterra). Desenvolve o projeto de fotografia com pessoas deficientes visuais desde 2008. Coordenador do projeto de formação de professores para uso de fotografia em sala de aula no Brasil. Autor de diversos livros. Diretor do Festival de Fotografia de Paranapiacaba e Festival de Fotografia de São Paulo. Editor do site www.alfabetizacaovisual.com.br.
Serviço
Exposição fotográfica coletiva “Ta’ãngaa, os indígenas por eles mesmos”
Curadoria: Richard Wera Mirim e João Kulcsár
Local: Galeria de Fotos do Centro Cultural Fiesp
Endereço: Av. Paulista, 1313. São Paulo – SP
Visitação: até 12 de outubro, de terça a domingo, das 10h às 20h
Gratuito
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