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Exposição no Museu A Casa do Objeto Brasileiro ressalta artesanato paraibano em SP

Opção gratuita para as férias, "Qual o seu papel? Da fibra à forma: a arte que pulsa da Paraíba", está em cartaz no Museu A CASA do Objeto Brasileiro

Por Equipe Editorial - junho 25, 2025
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O Museu A Casa do Objeto Brasileiro, que está recebendo a exposição Qual o seu papel? Da fibra à forma, a arte que pulsa da Paraíba, um recorte da produção artesanal do estado da Paraíba. A mostra, que foi apresentada no 39º Salão do Artesanato da Paraíba, em João Pessoa, é realizada pelo Museu A CASA, pelo PAP – Programa do Artesanato Paraibano, pela Secretaria de Estado do Turismo e Desenvolvimento Econômico da Paraíba e pelo Governo do Estado da Paraíba. A exposição conta ainda com parceria institucional do Sebrae-PB e apoio institucional da São Braz.

Qual o seu papel? reúne o trabalho de sete artesãos — Adriano Oliveira, Babá Santana, Carlos Apollo, Dadá Venceslau, Ednaldo Farias, Géo Oliveira e Socorro Souza —, que têm no papel sua principal matéria-prima de criação. A partir dele, dão forma a uma arte delicada, marcada por poesia, cores e personagens que habitam o imaginário popular e o universo lúdico da região.

Museu A Casa do Objeto Brasileiro
Exposição “Qual o seu papel? Da fibra à forma: a arte que pulsa da Paraíba” no Museu A Casa do Objeto Brasileiro. Crédito: Felipe Perazzolo

As peças exibidas foram criadas sob a orientação do designer Sérgio Mattos, que estimulou a experimentação sem abrir mão da identidade autoral de cada artista. As obras são fruto de um domínio apurado das técnicas de papel machê e papietagem, práticas artesanais de origem milenar. Enquanto o papel machê — de origens na China antiga e difundido pela Europa — molda uma mistura de polpa de papel e adesivos naturais, resultando em estruturas sólidas e duráveis; a papietagem diferencia-se por aplicar camadas inteiras de papel embebido em cola sobre moldes, criando superfícies ricas em textura e volumetria.

“Em Qual o seu papel?, a arte feita à mão transforma materiais considerados de descarte em gestos de permanência e reinvenção. O Museu A Casa do Objeto Brasileiro, em parceria com o Governo do Estado da Paraíba e o Sebrae-PB, convida o público paulistano a descobrir como o olhar atento e a criatividade coletiva podem revelar beleza onde menos se espera — e como o fazer artesanal segue sendo um elo vital entre passado, presente e futuro”, diz Mariana Lorenzi – Diretora Artística do Museu A Casa do Objeto Brasileiro

Museu A Casa do Objeto Brasileiro
Exposição “Qual o seu papel? Da fibra à forma: a arte que pulsa da Paraíba” no Museu A Casa do Objeto Brasileiro. Crédito: Felipe Perazzolo

A inovação se revela também no uso de matérias-primas improváveis e sustentáveis: além de materiais descartados como papelão, caixas de medicamentos e rolos de papel higiênico, os artesãos empregam fibras e resíduos orgânicos tais quais banana, cana-de-açúcar, casca de cebola, carnaúba, espada-de-São-Jorge, capim-elefante, para criar papiros artesanais que incorporam texturas e tonalidades únicas às obras. Essa prática não apenas ressignifica o “lixo”, como também contribui para o debate urgente sobre práticas sustentáveis, capazes de reverter os ciclos de descarte que marcam o nosso tempo.

As narrativas que atravessam as peças remetem ao dia a dia do povo sertanejo, às festas populares e às tradições de resistência cultural: das bases cilíndricas e coloridas desenhadas por Sérgio Mattos para a cenografia, surgem papangus, maracatus, brincantes, palhaços, animais fantásticos, maletas e bonecos que espelham a riqueza simbólica da região nordestina. Cada objeto, ao mesmo tempo que celebra a inventividade popular, convida à reflexão sobre memória, identidade e sustentabilidade.

Sobre os artistas

Adriano Oliveira: formas e cores do Nordeste

Desde a adolescência, quando teve seu primeiro contato com o artesanato, Adriano Oliveira, natural de João Pessoa, encantou-se com a arte de transformar materiais. Hoje aos 42 anos, ele lembra com carinho do aprendizado ao lado do mestre Babá Santana, que o inspirou a trilhar esse caminho.

Museu A Casa do Objeto Brasileiro
Adriano Oliveira. Crédito: Felipe Perazzolo

Em seu pequeno ateliê, no bairro de Mangabeira, ele desenha e molda figuras de animais, especialmente os domésticos. Explora também cores e texturas combinando cabaça e jornal em peças únicas: mulheres nordestinas, cães, gatos, bailarinas e máscaras de carnaval. Obras essas que carregam alegria para a vida de seus clientes. “O artesanato vai além da criação, é a oportunidade de fazer, refazer e reciclar”, afirma. “Tenho a missão de mostrar um pouco da arte paraibana, da arte nordestina.”

Babá Santana: a poesia do circo em papel machê

Manuel Iremar Santana, mais conhecido como Babá Santana, apelido dado pela irmã, nasceu em 1958 no município de Santa Luzia, no semiárido paraibano. Em 1972, mudou-se para a capital, onde sua trajetória artística começou a tomar forma. Autodidata, explorou diversas áreas da decoração e cenografia, criando desde ambientes infantis, estandes de exposições e cenários teatrais. Em 2002, Babá encontrou sua real vocação: a confecção de bonecos de papel machê.

Museu A Casa do Objeto Brasileiro
Mestre Babá Santana. Crédito: Felipe Perazzolo

Desenvolveu uma técnica única, utilizando cabaças como base para criar palhaços, bailarinas, trapezistas e equilibristas — figuras que traduzem o encanto e a poesia do circo, sua paixão desde a infância. Ele também produz bonecas, figuras humanas e arte sacra, sempre de um colorido vibrante. Seu trabalho já foi exposto em São Paulo, Recife, Minas Gerais e Bahia, além de ter atravessado fronteiras, sendo exibido nos Estados Unidos e na França.

Carlos Apollo: a arte que transforma

Com 58 anos de idade e 38 anos dedicados ao artesanato, Carlos Antônio Apolônio da Silva, mais conhecido como Carlos Apollo, encontrou na arte com papel sua verdadeira vocação. Nascido em Esperança, no agreste paraibano, ele cresceu em meio à vida simples do campo, filho de agricultores.

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Carlos Apollo. Crédito: Felipe Perazzolo

Seu primeiro contato com o artesanato aconteceu em São Paulo, quando começou a trabalhar com adereços e cenografia para teatro. Autodidata, ele diz ter aprendido o ofício com a própria imaginação, sem esquecer das pessoas que, ao longo do caminho, lhe deram dicas valiosas. “Transformo materiais em obras de decoração e utilidade, gerando renda com consciência ecológica.”

Dadá Venceslau: a magia do teatro, do lixo ao luxo

A trajetória artística de Dadá Venceslau, 63 anos, começou em Patos, onde nasceu. “Comecei a trabalhar com pedras, fazendo bonecos e palhaços, tudo o que eu faço hoje, só que com papel, papelão e muito material reciclado”, conta. Na década de 1980, passou a apresentar seus trabalhos em feiras de artesanato.

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Dadá Venceslau. Crédito: Felipe Perazzolo

Mas foi no Rio de Janeiro que ele mergulhou no universo circense, teatral e das artes plásticas, experiências que marcaram sua formação. Em 1985, de volta à Paraíba, fundou a Supimpa Produções Artísticas, dando origem à trupe Agitada Gang, um grupo de atores e palhaços que há mais de 30 anos encanta plateias. Além da atuação no cenário cultural, Dadá dedica-se a projetos sociais. Como arte-educador, integra a ONG Folia Cidadã, realizando um importante trabalho no Centro de Reabilitação de Dependentes Químicos da Prefeitura de João Pessoa. “Minha missão é ressignificar. Eu recolho o lixo e o transformo em arte – o que chamo de o luxo do lixo.”

Ednaldo Farias: a reciclagem como missão

Transformar o que iria para o lixo em algo novo e belo, contribuindo para um mundo melhor – essa é a missão que Ednaldo Farias Ferreira escolheu para si. Aos 42 anos, natural de Alagoa Grande, no agreste paraibano, Ednaldo cresceu em uma família de agricultores e encontrou no artesanato, em 2011, a oportunidade de mudar sua história.

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Ednaldo Ferreira. Crédito: Felipe Perazzolo

O olhar atento para o trabalho de grandes mestres foi o que o impulsionou a desenvolver sua própria arte, tornando o artesanato sua companhia inseparável. “Tenho procurado me qualificar e melhorar a cada dia, para alcançar o realismo em cada escultura e, assim, encantar ainda mais o público. Sou apaixonado pelo que faço.” Com mais de dez anos de dedicação diária, Ednaldo segue firme em sua jornada, provando que a arte pode dar novo destino a materiais descartados — e também transformar a vida de quem a cria.

Geo Oliveira: alma festiva e nordestina

Com talento e criatividade, Geo Oliveira transforma simples folhas de papel em personagens do maracatu, dos folguedos e das histórias do Sertão, dando forma e cor à cultura popular e às memórias de sua infância. Natural de São Mamede, ele desde pequeno aprendeu a enxergar a cultura popular do seu entorno.

Museu A Casa do Objeto Brasileiro
Geo Oliveira. Crédito: Felipe Perazzolo

O olhar curioso e atento logo se tornou fonte de inspiração. Antes de se dedicar ao papel, passou pelo bordado e pela arte naif, até encontrar a verdadeira paixão: dar vida a personagens do imaginário nordestino. “Eu não sei fazer outra coisa senão esses personagens dos folguedos. Hoje, uso o papel para trazê-los ao mundo, porque, para mim, eles são universais”, diz o artesão, que também é psicólogo.

Socorro Souza: entre o cuidado e a arte

Nascida em João Pessoa, Socorro Souza descobriu desde cedo as múltiplas possibilidades do artesanato. Vinda de uma família humilde, ainda menina percebeu que o fazer artesanal poderia ser uma forma de superar as dificuldades financeiras que enfrentava. Mas sua relação com o artesanato foi além da necessidade.

Museu A Casa do Objeto Brasileiro
Socorro Souza. Crédito: Felipe Perazzolo

O amor pela arte se enraizou, e nem mesmo a conquista de um diploma em Enfermagem pela Universidade Federal da Paraíba a afastou desse ofício. Os conselhos dos pais, comerciantes, para que apostasse na educação deram frutos, mas o artesanato permaneceu como parte essencial de sua vida. “Meu compromisso é buscar a maior perfeição possível em cada peça que faço. Sempre me coloco no lugar do cliente e me esforço para que ele volte. Sei que, ao confeccionar meus personagens com dedicação, também estou contribuindo para um mundo melhor”, avalia.

Sobre o Museu A CASA do Objeto Brasileiro

O Museu A CASA do Objeto Brasileiro, fundado em 1997 por Renata Mellão, é referência na valorização do artesanato brasileiro. Com acervo de mestres artesãos e comunidades tradicionais, como os Baniwa e os ceramistas do Xingu, o museu promove exposições, projetos culturais e programas educativos que fortalecem o fazer manual como ferramenta de desenvolvimento social e econômico.

Além de preservar, atua na valorização e inovação do artesanato, respeitando a identidade cultural dos territórios. É também um polo de pesquisa e reflexão sobre técnicas como cerâmica indígena, rendas e marcenaria. Desde 2008, realiza o Prêmio Objeto Brasileiro, importante reconhecimento da produção artesanal contemporânea.

Serviço

Qual o Seu Papel? Da fibra à forma: a arte que pulsa da Paraíba
Local: Museu A CASA do Objeto Brasileiro. Av. Pedroso de Morais, 1216 – Pinheiros , São Paulo – SP
Período expositivo: Até 03 de agosto
Horário: De quarta a domingo, das 10h às 18h
Entrada gratuita

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