Galeria Kogan Amaro apresenta a primeira mostra individual de Mundano na Europa. O artista e ativista cultural brasileiro cujos trabalhos vêm sendo notados tanto nas ruas quanto em museus e galerias integram a exposição Made in Brazil. Uma série de pinturas reproduz cenas de uma floresta enevoada, ao passo que, em uma verificação atenta, várias esculturas parecem representar bifes de carne bovina. Mas o verdadeiro tema destas obras extremamente controversas é tudo, menos divertido: o desmatamento e as queimadas de vastas áreas da floresta amazônica para fazer pastagens para o gado, cujas carcaças serão exportadas por todo o mundo.
“Esta exposição é a prova de um crime”, diz o artista. “O número de cabeças de gado no Brasil é maior do que o da população humana do país, e exportamos 80% da carne”
Com energia incansável, Mundano vem dedicando-se a uma missão de vida na criação de um legado ambiental e social com sua arte – missão que, nos últimos quinze anos, o levou a dar palestras, montar exposições, e encenar intervenções em mais de quarenta cidades ao redor do mundo, incluindo o Brasil. Muito premiado no campo da arte pública, dos direitos humanos e da criatividade e da inovação, Mundano é membro do TED e fundador da ONG Pimp My Carroça, que empresta seu nome de um corpo de trabalho iniciado por Mundano em 2007, quando o artista começou a usar suas habilidades para a pintura na ornamentação de carroças de metal e madeira usadas por coletores de lixo no Brasil para transportar sucata e recicláveis – como os carrinhos usados por pessoas em situação de rua em todo o mundo, raramente notados de forma celebratória.
A arte e o ativismo de Mundano assentam-se sobre uma importante tradição promovida por uma geração de artistas conceituais dos anos 1980 e 1990, cuja indignação com relação a males sociais tanto os inspirou quanto os empoderou na criação de obras de arte profundamente inovadoras. Hoje, o século XXI enfrenta uma crise ainda maior – como abordar a própria saúde do planeta Terra? – e uma nova geração de artistas encontra-se indignada e engajada. O engajamento comunitário está no DNA da arte de Mundano, promovendo a transmissão de conhecimento, de insights, de práticas e de sabedoria a nossos companheiros mortais. “Que legado deixaremos?”, pergunta Mundano através de seu trabalho, e como podemos exercer um gerenciamento melhor de nosso amado mundo?
Utilizando a arte para marcar seu posicionamento social, ambiental e político, o paulistano MUNDANO há mais de 15 anos exerce efetivamente o artivismo como ferramenta de transformação social. Defensor de causas ambientais e dos direitos humanos universais, fundou em 2012 a ONG Pimp My Carroça, e o aplicativo Cataki, ambos voltados para a conexão entre geradores de resíduos e os catadores de material reciclável. O resultado do seu trabalho abriu portas para replicar essas ações artivistas mundo afora – mais de 20 países visitados realizando murais, exposições, graffiti, palestras, parcerias e integrando programas globais como o TED Fellows.
Nos últimos anos, vem desenvolvendo uma intensa pesquisa de materiais, coletando resíduos dos maiores crimes ambientais da história do país, criando assim seus próprios insumos a partir desses dejetos: lama tóxica, cinzas das queimadas das florestas e óleo derramado nas praias do nordeste.
Esses resíduos se transformam em obras de denúncia, seja por meio do graffiti, em esculturas, telas ou nas empenas de prédios. Sua última obra, com mais de 1000m2, homenageia os brigadistas das florestas que apagam os incêndios criminosos – em uma releitura da obra “O Lavrador de Café” de Cândido Portinari, Mundano usa cinzas das queimadas de 4 biomas brasileiros: Floresta Amazônica, Mata Atlântica, Cerrado e Pantanal para criar essa gigantesca pintura como um símbolo contra o desmatamento ilegal.
Exposição “Made in Brazil” de Mundano
Período: 11 de junho – 22 de outubro de 2022
Local: Galeria Kogan Amaro – Rämistrasse 35. 8001 Zürich, Switzerland
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