A Sé Galeria apresenta a primeira exposição individual de Davi Rodrigues (Cachoeira – 1968) na sede da galeria, na Vila Modernista de Flávio de Carvalho em São Paulo.
“A evolução do picolé” reúne parte de suas coleções, séries de gravuras e pinturas em papel, que tratam de temas, na grande maioria, relacionados à cultura do Recôncavo Baiano. A abertura acontece no sábado, 17 de junho, das 12h às 17h.
A obra de Davi Rodrigues é indissociável da experiência de ter nascido e viver às margens do Rio Paraguaçu, na cidade de Cachoeira, no Recôncavo Baiano. Seus desenhos, pinturas, gravuras, esculturas e escritos retratam as personagens, lendas e tradições — além da flora e da fauna — da vida ribeirinha de uma região de enorme influência africana e notável riqueza cultural. Figura pública de muitas facetas e muito ativa nas esferas social, cultural, política e espiritual da cidade, Rodrigues produz um trabalho de grande relevância para a história e a memória de sua comunidade. Ele é o autor de uma espécie de arquivo pictórico das vivências no Recôncavo: pinta sua aldeia mirando o universal.
O título da exposição é emprestado de uma de suas coleções, em que Rodrigues, num processo de rememoração da infância, cataloga as guloseimas de sua terra. Outro conjunto de pinturas tem os peixes do Rio Paraguaçu como tema. Em todos esses trabalhos, de enorme carga poética, fica evidente sua abordagem pictórica ao mesmo tempo singela e sofisticada. As outras duas séries ocupam-se do universo carnavalesco.
Rodrigues é criador de uma linguagem própria, marcada pela exuberância visual de cores, traços e pontos, a qual um de seus conterrâneos deu o nome de “davidismo”. Máscaras do Recôncavo Baiano (2019-2023) é um belo exemplo deste uso particular da técnica pontilhista, em que as imagens são traçadas, desenhadas, pintadas e retraçadas por pincéis, estilete e as próprias mãos. Já as gravuras de Carnaval de Girona foram produzidas originalmente no contexto da exposição a qual o artista participou na cidade espanhola, em 2019. Aqui, novamente, as máscaras ganham protagonismo, porém, desta vez, com o emprego de técnica distinta, salta aos olhos o domínio que o artista tem da figuração humana, além do apuro com que representa tecidos e vestimentas. Em Davi Rodrigues o refinamento formal está a serviço da exaltação da cultura popular.
Davi Rodrigues (Cachoeira, 1968) vive e trabalha em Cachoeira. Participou de dez edições da Bienal do Recôncavo (Centro Cultural Dannemann, São Félix, 1993-2013), tendo sido artista homenageado na XI edição do evento; integrou a exposição coletiva À Nordeste, com curadoria de Bitu Cassundé, Clarissa Diniz e Marcelo Campos (SESC 24 de Maio, São Paulo, 2019) e expôs individual e coletivamente em Salvador e diversas cidades da região, além de São Paulo, Rio de Janeiro, Montpellier (França) e Girona (Espanha). É autor de 4 livros, todos produzidos artesanalmente, e fundador do evento coletivo e itinerante Varal das Artes. Ministra oficinas de criação artística para crianças da rede pública; participa como convidado em atividades promovidas pela Universidade Federal do Recôncavo e sua obra tem sido objeto de estudos acadêmicos. É Doutor Honoris Causa pela Faculdade Formação Brasileira e Internacional de Capelania e a Ordem dos Capelães do Brasil (2022).
Fundada em 2014 pela artista Maria Montero, a Sé é uma galeria de arte localizada em duas casas na Vila Modernista de Flávio de Carvalho, no bairro Jardim Paulista, em São Paulo. A galeria representa 16 artistas brasileiros com sólida trajetória institucional ou acadêmica. A maioria deles inaugurou seu diálogo com o mercado por meio da Sé. A origem do projeto remonta a 2011, quando Maria fundou o espaço de arte Phosphorus. Voltado à experimentação, estava localizado em um casarão na primeira rua de São Paulo. Após um programa contínuo de exposições e residências, ela fundou a Sé no mesmo edifício. A galeria funcionou por seis anos no centro histórico da cidade até a sua transferência para a Vila Modernista. A Sé surgiu em um momento de revisão do modus operandi da arte contemporânea. Atua em colaboração e parceria com os artistas representados, privilegiando o acompanhamento crítico e a realização de projetos institucionais. Muito além do comércio, a Sé foca na gestão de carreira de seus artistas, observando suas singularidades e buscando uma atuação social, através da proposta de estratégias individuais para cada produção. A galeria também tem como objetivo formar novos públicos para artistas e obras que expressam uma visão conceitual e processual da arte contemporânea. A Sé participa de importantes feiras nacionais e internacionais como Arco Madrid, Frieze New York e Liste Basel.
Davi Rodrigues: A evolução do picolé
Abertura: 17 de junho, 12h às 17h
Visitação até 12 de agosto
Terça a sexta, 12h às 19h
Sábado, 12h às 17h
Sé Galeria: Alameda Lorena, 1257, casa 2, Vila Modernista – Jardim Paulista – São Paulo/SP
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