O Dia Seguinte é o momento após o caos. Um colapso total do planeta, um apocalipse misterioso que pode ter se dado de várias formas ou apenas uma. O instante em que todas as instituições caem como muros ao encontro de um martelo demolidor.
Já não há religião ou senso de hierarquia e cada um desperta para o novo como uma entidade tão poderosa quanto livre.
Seres humanos únicos que carregam o divino dentro de si.
Um tempo espaço onde o senso de individualidade encontra outro significado, pois todos já experimentaram a liberdade de ser quem se é, sem amarras sociais e, a partir disso, formam comunidades cuja estrutura principal é o livre arbítrio.
Uma nova sociedade formada a partir da coragem de viver como sempre se quis e um novo velho mundo onde só se faz com o que já se tem, pois não há mais indústrias e nem tampouco produção material. Das guerras restam apenas as cápsulas atiradas ao mar. O que era lixo deixa de sê-lo, e o que era plástico descartado se torna a mais fina matéria prima.
O Dia Seguinte é onde vivem os sonhadores. Estes, forçados a começar do zero no mesmo lugar onde foram surpreendidos por um grande imprevisto, reagem às circunstâncias e à necessidade de conviver e se adaptar. Surge então uma nova estética a partir das cinzas e o lixo brota da espuma do mar como ostras recheadas de pérolas, reluzentes à luz do sol. A unidade familiar é afetada, assim como a ideia de gênero. Uma reinvenção dos papéis e relações humanas, códigos e modelos sociais. Já não existe nada. As Tribos Imaginárias posam orgulhosas sobre a paisagem do Ceará.
Figurinos executados com resíduos de pesca e lixos não compostáveis encontrados na praia e elementos da natureza.
Em frente à lente, 49 pessoas, habitantes da Vila de Jericoacoara e também do município de Camocim, a maioria nunca antes retratada pelo olhar de um artista da fotografia.
Como cenário, as paisagens ricas em textura dos mangues com raízes expostas, das dunas encrespadas pelo vento, cavernas à beira do mar, a seca vegetação da restinga cearense e a abundante encosta oceânica do litoral.
Nascido em Epinay Sur Seine, na França, em 1967, Denis Rouvre já teve o seu trabalho exposto em mais de 10 países e traz em seu currículo 6 prêmios de fotografia e 9 publicações literárias individuais. São mais de 30 anos de carreira e retratos feitos ao redor de todo o mundo, o que só reforça a importância de seu maior desejo: morrer cearense.
Para Denis, a liberdade de poder escolher quem quer ser na vida é algo que não tem preço, e com isso surgiu a ideia do Dia Seguinte que, como diz o mesmo, é um projeto para sonhadores. O amor pelo Ceará é antigo, e a identificação com seu povo também, portanto, não haveria melhor lugar do que o solo cearense para plantar a semente deste sonho que é O Dia Seguinte.
Decido divulgar o trabalho no Denis no Brasil, pois como ele, acredito que podemos sonhar com o Dia Seguinte no Brasil. Um dia, onde seremos livres, em nosso solo, com nosso povo, nossa cultura e nossa fauna e flora preservada com sustentabilidade.
Bettina é graduada em Administração de Empresas com especialização em Marketing e Finanças pela PUC-SP. Trabalha em diversas frentes do mercado de arte como Art advisor, art coach, art curator, art decor, art PR e art project na Agência de Arte Ravioli Casa, fomentadora cultural da Agenda Cultural Arte e professora do Mercado de Arte na Escola Panamericana de Artes. Desenvolveu um método para gestores buscarem uma liderança mais positiva, empática, motivacional, sustentável e criativa através da educação artística. Sonha em incluir, reabilitar e salvar pela arte na ArteTHEOrapia e é líder do Vamos Juntas.
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