“Vidas em Cordel”, a nova exposição temporária no Museu da Língua Portuguesa
A exposição Vidas em Cordel apresenta um cordão de histórias, mostrando um Brasil diverso, caleidoscópico, com suas mazelas e injustiças, mas também com suas belezas e encantos. Um verdadeiro tributo à coragem e à resiliência dessas pessoas."
O Museu da Língua Portuguesa apresenta histórias de vida contadas no formato de literatura de cordel, montada no Pátio B da instituição. A visitação acontece de terça a domingo, das 10h às 18h, gratuitamente, até fevereiro de 2025.
Baseada em narrativas individuais de pessoas comuns e personalidades como obras literárias, ao mesmo tempo épicas e cotidianas, a mostra é correalizada pelo Museu da Pessoa e tem curadoria do poeta e cordelista Jonas Samaúma, do cordelista e pesquisador do folclore brasileiro Marco Haurélio, e da xilogravadora Lucélia Borges.
Dentre as 21 histórias de vida cordelizadas exibidas, três serão expostas ao público de forma inédita. São narrativas inspiradas nos depoimentos de personalidades ímpares, que desenvolveram trabalhos de grande impacto na região da Luz, no centro histórico da capital paulista, onde o Museu da Língua Portuguesa está localizado. A exposição chega a São Paulo depois de passar por Pernambuco (Santa Cruz), Bahia (Salvador, São José do Paiaiá, Mucugê e Feira de Santana) e Minas Gerais (Paracatu).
Entre as histórias cordelizadas inéditas, há, por exemplo, a de Cleone Santos, uma mineira de Juiz de Fora que trabalhou como prostituta no Parque Jardim da Luz, em São Paulo, por 18 anos. Ela criou o Coletivo Mulheres da Luz, que oferece apoio e dá visibilidade às mulheres em situação de prostituição.
Outro retratado é César Vieira, pseudônimo de Idibal Matto Pivetta, que, como advogado, teve uma atuação importante na defesa de presos políticos durante a ditadura militar no Brasil. Ele também foi um dos fundadores do grupo Teatro Popular União e Olho Vivo, pioneiro na utilização de processos de criação coletiva.
Obras em Destaque
A mostra também exibe a trajetória de MC Kawex, rapper que viveu por 20 anos na chamada Cracolândia. Ele foi uma voz ativa na região, e as letras de suas músicas são repletas de verdades e críticas. Há ainda histórias cordelizadas de nomes conhecidos, como o líder indígena e imortal da Academia Brasileira de Letras, Ailton Krenak, e o jornalista Gilberto Dimenstein.
O projeto ainda conta com uma cabine interativa, onde os visitantes poderão gravar depoimentos. Além disso, uma versão virtual do projeto permitirá que os visitantes tenham acesso a conteúdo exclusivo.
“A exposição Vidas em Cordel apresenta um cordão de histórias, mostrando um Brasil diverso, caleidoscópico, com suas mazelas e injustiças, mas também com suas belezas e encantos. Um verdadeiro tributo à coragem e à resiliência dessas pessoas”, afirma Haurélio, um dos curadores.
A arte da xilogravura também estará presente na exposição Vidas em Cordel. Cada gravura, cuidadosamente produzida por Lucélia Borges e Artur Soares, dá vida a personagens, cenários e acontecimentos que povoam as histórias selecionadas. Embora não seja a única técnica utilizada para ilustrar as capas dos cordéis, a xilogravura é a mais característica.
Cabine de histórias e conteúdo exclusivo
Enquanto a mostra estiver em cartaz no Museu da Língua Portuguesa, haverá à disposição, também no Saguão B, uma cabine interativa gratuita e aberta para que o público possa gravar depoimentos pessoais. Os registros serão adicionados instantaneamente ao acervo digital do Museu da Pessoa, que tem, entre seus objetivos, registrar, preservar e transformar histórias de vida de toda e qualquer pessoa em fonte de conhecimento, compreensão e conexão.
Além da versão física, Vidas em Cordel possui conteúdo exclusivo virtual que pode ser acessado neste endereço. Na versão digital, também estão reunidas informações complementares e uma experiência diferenciada em relação à itinerante.
Na lista de conteúdo on-line exclusivo, está o livreto Vidas em Cordel para Educadores. O material educativo é gratuito, voltado para auxiliar professores e professoras a conhecer e refletir sobre as histórias de vida de brasileiros e brasileiras por meio da literatura de cordel, colaborando com a preparação dos estudantes para a visita à exposição. O material também pode ser utilizado para atividades educativas.
Além disso, no site, é possível conferir cordéis animados, informações sobre a cultura do cordel e ainda uma lista de músicas selecionadas pelos curadores para embalar a visita pela exposição digital. Outro produto digital é o podcast com narração de Marcelino Freire e Klévisson Viana.
Para Lucas Lara, diretor de museologia do Museu da Pessoa, Vidas em Cordel explora o que há de único e coletivo, banal e extraordinário na vida de cada um de nós. “A exposição nos mostra que, assim como a literatura de cordel, nossas histórias também são patrimônios culturais brasileiros”, detalha.
A mostra temporária Vidas em Cordel, uma correalização com o Museu da Pessoa, integra a temporada 2024 do Museu da Língua Portuguesa, que conta com patrocínio máster da Petrobras, patrocínio do Grupo CCR, por meio do Instituto CCR, e do Instituto Cultural Vale; com apoio do Itaú Unibanco, do Grupo Ultra, por meio do Instituto Ultra, da CAIXA e do UBS BB Investment Bank – todos por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura – Lei Rouanet.
Sobre o Museu da Língua Portuguesa
O Museu da Língua Portuguesa, inaugurado em 2006 na Estação da Luz, São Paulo, celebra a diversidade e a cultura do idioma, conectando falantes de todo o mundo. Localizado em um ponto histórico de convivência cultural, o museu oferece experiências interativas sobre a história e a evolução da língua. Em seus primeiros 10 anos, recebeu quase 4 milhões de visitantes, consolidando-se como um espaço de valorização e celebração do português. Após reconstrução, reabriu em 2021, mantendo seu propósito de aproximar e celebrar os falantes do idioma.
Serviço
Exposição temporária “Vidas em Cordel”
Data: 02/11/2024 a 16/02/2024
Visitação: de terça a domingo, das 10h às 18h.
Local: Museu da Língua Portuguesa. Praça da Luz, s/nº – Centro Histórico de São Paulo, São Paulo – SP.
Gratuito.
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