Exposição “90 tentativas de esquecimento” de Piti Tomé traz mais de 100 trabalhos inéditos sobre a imagem e a memória, em obras que giram em torno da fotografia.
O Paço Imperial inaugura, no dia 11 de abril, a exposição “90 tentativas de esquecimento”, com mais de 100 obras inéditas da artista carioca Piti Tomé, que faz sua primeira exposição individual em uma instituição.
A artista, que começou sua trajetória em 2012, já participou de exposições coletivas no MAM Rio, onde possui obras na coleção Gilberto Chateaubriand/ MAM Rio; na Casa França-Brasil; no Museu da República; no Parque Lage; no Espaço Cultural BNDES, entre muitos outros.
No Paço Imperial, a artista apresentará mais de 100 obras, produzidas em 2018 e 2019, que discutem questões sobre a memória e o esquecimento.
“A exposição é um estudo sobre a imagem. Pretende explorar a fotografia em um campo expandido, refletindo sobre suas ‘funções’, sua perenidade, seus significados e sua história”
Com curadoria de Efrain Almeida, a exposição estará dividida em dois espaços, com trabalhos inéditos que dialogam entre si. No primeiro, estará a obra “90 tentativas de esquecimento”, que dá nome à exposição.
Em duas grandes mesas-vitrines estarão 90 pequenos objetos que, a partir de fotografias, refletem sobre a memória e o esquecimento.
Ali estão reunidos trabalhos inéditos, produzidos recentemente, mas que trazem elementos recorrentes da pesquisa da artista, como fotografias em que os rostos são recortados, versos de fotos com frases, objetos que remetem à ideia da passagem do tempo, como lenços e botões de roupas, que são mesclados com as fotografias, além de polaroides e imagens retiradas do Instagram, impressas em papel de algodão.
Há, ainda, um daguerreótipo, um dos primeiros equipamentos fotográficos, inventado no século XIX.
Algumas fotos são da própria artista, outras garimpadas em feiras de antiguidade, em viagens e até pela internet. Os textos que acompanham alguns dos objetos são autorais, mas também apropriados de músicas, textos literários e poemas.
“É um trabalho de construção de novas narrativas em cima de memórias próprias e alheias, através, principalmente, da fotografia e sua íntima relação com a memória.
É sobre o meio fotográfico, mas também sobre pequenos acontecimentos do cotidiano, sobre lembranças e esquecimentos e sobre como tentamos, a duras penas, costurar os fragmentos do passado para nos constituir enquanto indivíduos”, conta Piti Tomé.
Os 90 trabalhos friccionam a ideia de memória e esquecimento, próprios do meio fotográfico. E serão expostos numerados, a partir da ordem em que foram feitos. A ideia de catalogação se relaciona, também, com o princípio da fotografia, que é uma tentativa de catalogar instantes.
“É o fracasso de levar a cabo esta função – de catalogação e permanência – que interessa ao trabalho. Como tudo que é material, a fotografia também está fadada a um fim. Seja enquanto conteúdo, quando perde seus significados, seja enquanto matéria, quando se deteriora. É no embate entre essas questões – permanência e impermanência, memória e esquecimento – intrínsecas ao meio fotográfico, que construo novas narrativas para essas imagens, atribuindo-lhes uma sobrevida”,
Piti Tomé
No segundo espaço estarão obras da série “Natureza morta”, que mescla fotografias de paisagens apropriadas com objetos da natureza, como galhos, folhas, troncos e pedras. “Há algo que os une, os indícios de algo que já viveu e que agora se apresenta como cadáveres. Tanto as fotos como as partes da natureza aqui apresentadas são naturezas mortas”, diz a artista.
Neste mesmo espaço, estará outra série, composta por cinco impressões em vidro, dentro de caixas de madeira, que ficarão no chão. Para a artista, as caixas remetem a gavetas, a lembranças guardadas na memória. O vidro, por ter uma transparência, uma liquidez, também se relaciona com as lembranças, que muitas vezes são fluidas, embaçadas e parciais. Juntas, as caixas formam uma narrativa. Há três imagens de paisagens, um retrato do rosto de uma mulher e uma carta que revela uma historia sobre a mulher e a paisagem, que termina com a afirmação “hoje, enxergo que aquelas paisagens éramos nós”. “Esta é uma narrativa sobre os afetos e os vazios contidos em fotografias”, ressalta a artista.
Paralelamente à mostra no Paço Imperial, Piti Tomé também apresenta a exposição “Here I am waiting for your reply”, na C. Galeria, no Jardim Botânico, até o dia 3 de maio de 2019. A exposição também gira em torno da pesquisa da artista e da experimentação com a imagem, mas através de outro viés, com séries inéditas que versam, principalmente, sobre a solidão na contemporaneidade.
Piti Tomé (Rio de Janeiro, 1984) é mestranda em Processos Artísticos Contemporâneos na UERJ. Graduada em cinema e historia da arte, tem pós-graduação em direção de fotografia. Seu trabalho gira em torno da fotografia em um campo ampliado e da experimentação com a imagem.
Sua pesquisa aborda a relação da fotografia com a formação da identidade e a estreita relação do meio fotográfico com o tempo. Desta forma, o trabalho tangencia questões sobre a formação de identidade, a passagem do tempo, infância, afetos e, em última instância, a morte. Assim, o interesse da artista pela fotografia reside no fato desta ser sempre pretérito, um corte na realidade, pequenas mortes.
Nesta matéria enumeramos algumas tendências de arte mais estranhas da história que você já viu.…
Um dos artistas abstratos mais conhecidos do século XX é Piet Mondrian, e seu caminho…
Bob Esponja – A Experiência desembarca no MIS Experience para celebrar os 25 anos de…
Abdias Nascimento – O Quilombismo: Documentos de uma Militância Pan-Africanista, mostra que apresentará ao público…
Como ganhar dinheiro com impressão sob demanda, sem ter que vender o seu quadro original…
Emanoel Araujo, artista, curador e idealizador do Museu Afro Brasil, é considerado uma referência para…