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Ruptura, um coletiva histórica com nomes pioneiros do concretismo brasileiro

Por Paulo Varella - outubro 22, 2018
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Uma exposição reúne mais de 50 obras de artistas expoentes do movimento Ruptura; trabalhos selecionados estabelecem íntimo diálogo com a arquitetura do espaço, edificado nos anos 1950 por Rino Levi

Renovar os valores essenciais da arte visual, eliminando qualquer vestígio de subjetividade e tomando como parâmetros da criação ferramentas concretas e matéricas.

Esse foi um dos nortes do manifesto Ruptura, publicado junto à emblemática exposição homônima realizada no Museu de Arte Moderna de São Paulo, em 1952.

Dela participava um grupo de artistas reunidos em torno da defesa da abstração e em detrimento à figuração, disputa que alimentou acalorados debates no mundo das artes durante o período.

É justamente para esse contexto que se volta a mostra apresentada pela Luciana Brito Galeria entre 10 de novembro e 19 de janeiro.

Também intitulada como Ruptura, a exposição surge como uma reedição de um projeto apresentado pela galeria em Nova York, em 2017.

Trata-se de um conjunto de mais de 50 obras, entre desenhos, pinturas, esculturas, objetos e fotografias de Geraldo de Barros, Augusto de Campos, Lothar Charoux, Waldemar Cordeiro, Kazmer Féjer, Hermelindo Fiaminghi, Leopoldo Haar, Judith Lauand, Maurício Nogueira Lima, Luiz Sacilotto e Anatol Wladyslaw.

A mostra tem texto de parede de Fernando Cocchiarale, artista, crítico e curador que, no dia 11 de novembro, às 15h, fará uma palestra sobre o movimento.

Sob a denominação de arte concreta, essa produção artística baseou-se nas relações restritas de cores puras e ritmos com base em alinhamentos, polaridades, progressões e deslocamentos, evidenciando uma articulação produtiva entre arte e indústria, num momento de otimismo em que o Brasil pretendia se modernizar.

Entre os destaques, Sem título (1952), de Waldemar Cordeiro, Arranjo de três formas semelhantes dentro de um círculo (1953), de Geraldo de Barros, e Sem título (1950), de Lothar Charoux.

A primeira, um esmalte sobre eucatex, já traz uma série de formas de rigor geométrico e uma combinação de cores, que convivem em equilíbrio sobre a superfície.

Barros, por sua vez, apresenta um trabalho em esmalte sobre Kelmite, demonstrando seu aguçado entendimento acerca das cores e uma sensibilidade ao ritmo, tal qual expresso no manifesto. Já de Charoux, um nanquim de sobre papel marcado por linhas que enfatizam o valor da abstração geométrica.

Na mostra paulistana, os trabalhos são emoldurados pela construção assinada por Rino Levi, hoje sede da galeria.

Tombada como patrimônio cultural, a casa é fruto de um projeto de 1958 e possui ainda paisagismo de Burle Marx.

Ali, as obras estabelecem um íntimo diálogo com a arquitetura e o imaginário do arquiteto modernista, por serem, inclusive, contemporâneas à edificação em sua maioria.

Além disso, a exposição traz uma seleção de peças de design de Geraldo de Barros desenhadas na década de 1950, quando então colaborava para a Unilabor, marca de mobiliários modernos que ganhou notoriedade na época por seu cunho também social.

A mostra é fruto de uma relação de décadas que possui com alguns dos artistas representados e suas famílias.

Parte das obras expostas, aliás, são do espólio de figuras como Barros e Cordeiro, artistas que representa há cerca de 20 anos. “A exposição marca a celebração de todos esses anos de trabalho em parceria não só com esses grandes criadores, mas também junto a seus herdeiros, com a realização de uma série de exposições e publicações ao longo desse período”, comenta Luciana Brito.

Poeta concretista e crítico literário e de arte, Augusto de Campos também participa da mostra com poemas com os quais homenageou parte dos artistas do grupo Ruptura.

Em 2012, o autor publicou Profilogramas, coletânea de cápsulas poéticas – ideogramas verbais atribuídos a cada um dos artistas com os quais mais conviveu por meio de algum traço pessoal ou registro de sua atuação artística.

O grupo Ruptura representou um marco qualitativo na produção e na discussão da arte feita no Brasil, dando lugar a desdobramentos importantes, entre eles o neoconcretismo.

Depois do sucesso em Nova York, a mostra em São Paulo surge com mais uma novidade. Durante a exposição, a Luciana Brito Galeria lança, em parceria com a família de Waldemar Cordeiro, uma reedição de uma luminária desenhada por ele em 1950. O objeto, que então era destinado a jardins e áreas externas, será adaptado para ambientes internos e terá uma edição limitada de apenas 20 unidades.

SERVIÇO:
Ruptura
Local: Luciana Brito Galeria
Endereço: Av. Nove de Julho, 5162 | Jardim Europa
Abertura: 10 de novembro
Período expositivo: de 13 de novembro a 19 de janeiro
Horário de funcionamento: de terça a sexta, das 10h às 19h; sábado, das 11h às 18h
Telefone: 11 3842-0634
Mais informações:lucianabritogaleria.com.br

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Estudou cinema na NFTS (UK), administração na FGV e química na USP. Trabalhou com fotografia, cinema autoral e publicitário em Londres nos anos 90 e no Brasil nos anos seguintes. Sua formação lhe conferiu entre muitas qualidades, uma expertise em estética da imagem, habilidade na administração de conteúdo, pessoas e conhecimento profundo sobre materiais. Por muito tempo Paulo participou do cenário da produção artística em Londres, Paris e Hamburgo de onde veio a inspiração para iniciar o Arteref no Brasil. Paulo dirigiu 3 galerias de arte e hoje se dedica a ajudar artistas, galeristas e colecionadores a melhorarem o acesso no mercado internacional.

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