Artesania Fotográfica – a construção e a desconstrução da imagem
O Espaço Cultural BNDES inaugura, na terça, 1 de agosto, às 18h, Artesania Fotográfica – a construção e a desconstrução da imagem, sob curadoria da pesquisadora Marcia Mello, com obras de sete fotógrafos contemporâneos brasileiros que usam processos alternativos de impressão de imagem, como as praticadas a partir de 1839 e até o início do século XX por amadores e profissionais: daguerreotipia, ambrotipia, fotogravura, cianotipia, albumina e calotipo [descrição abaixo].
Para essa exposição, concebida especialmente para o Espaço Cultural BNDES, a curadora Marcia Mello elegeu trabalhos com temáticas recorrentes ao universo fotográfico: retratos, paisagens, objetos, vegetais. No entanto, os resultados obtidos por Ailton Silva, Cris Bierrenbach, Francisco Moreira da Costa, Mauro Fainguelernt, Ricardo Hantzschel, Roger Sassaki e Tiago Moraes surpreendem com abordagens transgressoras, que fragmentam o espaço e trazem uma visualidade atualizada e contemporânea aos temas clássicos.
A produção de fotografias com técnicas históricas contrasta violentamente com a profusão de imagens geradas hoje por aparelhos celulares e a facilidade de sua difusão pelas redes sociais e outras mídias contemporâneas.
A indústria fotográfica, que se iniciou em 1880, padronizou formatos, técnicas, equipamentos e a maneira de fazer fotografia. A estrutura dos materiais ficou limitada a alguns modelos e as técnicas artesanais caíram em desuso. Pesquisando livros antigos, decifrando fórmulas em manuais técnicos, os fotógrafos dessa mostra adaptam os materiais e as etapas do trabalho para obtenção da imagem única, incomum e intrigante.
A exposição inclui equipamentos, instrumental, produtos químicos para trazer ao público um pouco do mundo do laboratório e do estúdio dos fotógrafos. Também estão em exibição alguns exemplares fotográficos históricos para um cotejamento entre a produção atual e a dos séculos anteriores.
A fotógrafa Regina Alvarez [Rio de Janeiro, 1948-2007], pioneira na retomada do uso de técnicas alternativas de produção e impressão de fotografia no Brasil nos anos 1970, é homenageada com apresentação de documentos, anotações pessoais e trabalhos de sua autoria.
Técnicas Usadas nas fotografias
Daguerreotipia – imagem única, não reproduzível e totalmente inorgânica, produzida em suporte metálico, sem emulsões, apenas através da reação química entre prata, iodo, bromo e mercúrio.
Ambrotipia – imagem fotográfica positiva sobre placas de vidro. Método antigo, surgiu no início da década de 1850, como alternativa ao daguerreótipo.
Cianotipia – processo de cópia fotográfica de desenhos, plantas, mapas etc. sobre papel tratado com sais de ferro.
Albumina – substância extraída da clara de ovo e usada para fixar os sais de prata ao papel. Foi a forma mais popular de impressão fotográfica até o início do século XX.
Calotipo – papel fino sensibilizado em sais de iodeto, brometo e prata que é exposto ainda úmido na câmera e rapidamente revelado, gerando uma imagem negativa.
Sobre a curadora
Marcia Mello é bacharel em Letras pela UFRJ, pesquisadora, curadora e conservadora de fotografia. Entre 2006 e 2016 foi diretora-curadora da Galeria Tempo (RJ). É autora dos livros “Só Existe um Rio” (Andrea Jakobsson Estúdio, 2008) e “Refúgio do Olhar, a fotografia de Kurt Klagsbrunn no Brasil dos anos 1940” (Casa da Palavra, 2013), ambos em parceria com Mauricio Lissovsky.
Entre as atividades mais recentes de Marcia Mello, estão a co-curadoria de “Kurt Klagsbrunn, um fotógrafo humanista no Rio (1940-1960)”, “Rossini Perez, entre o morro da Saúde e a África” e “Ângulos da Notícia, 90 anos de fotojornalismo em O Globo”, no MAR, todas em 2015. Assinou a curadoria de “Tempos de Chumbo, Tempo de Bossa – os anos 60 pelas lentes de Evandro Teixeira”, Centro Cultural da Justiça Federal, RJ, 2014, e “Deveria ser cego o homem invisível?”, individual de Renan Cepeda na Galeria Espaço SESC Copacabana, 2015.
Como pesquisadora, participou das exposições e livros: “Alair Gomes – A new Sentimental Journey” (Cosac Naify, 2009) e “Caixa Preta – fotografias de Celso Brandão” (Estúdio Madalena, 2016), ambas com curadoria de Miguel Rio Branco e exibidas na Maison Européenne de la Photographie em Paris.
Artesania fotográfica – a construção e a descontrução da imagem está aberta ao público até 22 de setembro de 2017, de segunda a sexta, das 10 às 19h. Grátis e livre.
SERVIÇO
Artesania fotográfica
Construção e a descontrução da imagem
Curadoria Marcia Mello
Fotógrafos participantes
Ailton Silva, Cris Bierrenbach, Francisco Moreira da Costa, Mauro Fainguelernt, Ricardo Hantzschel, Roger Sassaki, e Tiago Moraes
Abertura 1 de agosto, das 18 às 21h
Visitação: 2 de agosto a 22 de setembro de 2017
De segunda a sexta, 10h às 19h
Grátis e livre
Espaço Cultural BNDES
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