Fotografia

O Círio de Nazaré em fotos

Por Paulo Varella - junho 26, 2018
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O Museu de Arte Sacra de São PauloMAS-SP, instituição da Secretaria da Cultura do Estado, exibe “Guarda o Círio de Nazaré“, da fotógrafa brasileira Soraya Montanheiro, sob curadoria de Juan Esteves. A mostra apresenta 45 fotografias realizadas a partir de 2013, as quais retratam fiéis envolvidos na liturgia que aproxima a Imagem Original da Nossa Senhora de Nazaré – única de origem amazônica e venerada na basílica do Santuário, em Belém (PA) – à Imagem Peregrina, confeccionada no final dos anos 1960 pelo escultor italiano Giacomo Vincenzo Mussner. Na ocasião da abertura da exposição, também será lançado livro de título homônimo, contendo o trabalho completo desenvolvido pela fotógrafa.

A atração de Soraya Montanheiro pelo ritual do Círio de Nazaré vai além de sua fé católica e de uma curiosidade por novas histórias.  Desde sua primeira participação no evento, em Belém, ficou fascinada pela ação da Guarda do Círio, evidenciada na organização dos cortejos. “A Guarda da Nossa Senhora de Nazaré é composta por 2.000 homens voluntários, que acompanham a Imagem e trabalham por dias consecutivos durante os festejos do Círio de Nazaré, e pelas cidades que a Imagem é levada. O objetivo do meu trabalho é o registro e pesquisa da atividade desses homens da Guarda de Nazaré“, comenta a fotógrafa. A partir de então, a autora seguiu a Imagem Peregrina por cidades como Rio de Janeiro e Niterói, pela região do Baixo Amazonas – como Terra Santa, Porto Trombetas, Juriti Velho, Óbidos, Santarém e Oriximiná. Por Viana, no Maranhão; Muaná, na Ilha de Marajó; e São José do Rio Preto, em São Paulo. Um caminho sustentado não apenas por sua crença mais pessoal, mas por uma complexa articulação profissional, resultando em uma intimidade com a temática, obtida sistematicamente nestes percursos que representam uma amplitude documental inédita.

O trabalho de Soraya Montanheiro é baseado na cobertura dos eventos anuais do Círio de Nazaré, em Belém, e dos deslocamentos da Imagem Peregrina – acontecimentos que evidenciam rituais e peculiaridades características. Ao abordarem uma grande diversidade de expressão religiosa, as imagens concretizam um trabalho de representação documental de uma fé elevada. Nas palavras do curador Juan Esteves: “Estas fotografias, que contornam a inefabilidade, nos trazem a certeza na percepção de que a manifestação perene dos devotos, expressa no culto a Nossa Senhora de Nazaré, nos conduz ao pensamento mais complexo e duradouro da fé cristã no Ocidente“.

O Círio de Nazaré, em devoção a Nossa Senhora de Nazaré, é a maior manifestação religiosa Católica do Brasil e um dos maiores eventos religiosos do mundo. Reúne cerca de dois milhões de pessoas em todos os cultos e procissões. Em Portugal, é celebrado no dia 8 de setembro, na vila da Nazaré; e é celebrado, desde o final do século XVIII, na cidade de Belém do Pará, anualmente, no segundo domingo de outubro. Outras regiões, devido a migração de paraenses, acabaram criando as procissões para estarem mais próximos de Belém, mesmo que pelo ato de Fé. O Termo “Círio” tem origem na palavra latina “Cereus”, que significa vela grande.

Criada em 1974, a Guarda de Nossa Senhora de Nazaré é formada por homens que são voluntários católicos (as mulheres somente atuam na chamada Guarda de Apoio) com a missão de evangelizar, cuidar da Basílica e cuidar da Berlinda de Nossa Senhora de Nazaré e ajudar na organização das procissões. Além disso, a Guarda tem a tarefa de supervisionar a Praça Santuário durante a festividade Nazarena e em outras solenidades ocorridas durante o ano, zelando pela disciplina, segurança e respeito em relação à utilização do espaço, especialmente do Altar-Santuário, procurando sempre estar integrada com a sociedade ao realizar diferentes campanhas sociais com as comunidades.

Exposição: “Guarda o Círio de Nazaré

Artista: Soraya Montanheiro

Curadoria: Juan Esteves

Abertura: 28 de junho de 2018, quinta-feira, às 16h

Período: 29 de junho a 29 de julho de 2018

Local: Museu de Arte Sacra de São Paulo – www.museuartesacra.org.br

Endereço: Avenida Tiradentes, 676 – Luz, São Paulo (ao lado da estação Tiradentes do Metrô)

Tel.: 11 3326-5393 – agendamento / educativo para visitas monitoradas

Horário: Terça-feira a domingo, das 9 às 17h (bilheteria das 9 às 16h30)

Ingresso: R$ 6,00 (estudantes e idosos pagam meia); grátis aos sábados

Número de obras: 45

Dimensões: 30 x 40 cm a 80 x 100 cm

 

Livro: Guarda o Círio de Nazaré

Autora: Soraya Montanheiro

Editora: Origem

Nº de Páginas: 175

Dimensões: 30,0 x 23,4 cm

Valor: R$90,00

Soraya Montanheiro

Fotógrafa. Graduada em Engenharia Química pela Faculdade de Engenharia da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP). Em 2003, começou sua carreira fotográfica e em 2010 estudou no International Center of Photography (ICP), em Nova York, onde se especializou em impressão fine art e montagem de fotolivros. Participou de exposições no Harbour Front Center, em Toronto, Canadá; Street Food em Ribeirão Preto, São Paulo  e na convocatória Ritos e Rituais do Festival de Fotografia de Tiradentes  de 2016. Atualmente se dedica à fotografia documental do povo brasileiro e a produção de imagens fine art para o mercado de arte brasileiro e internacional.

Juan Esteves

Fotógrafo, curador e editor. Graduado em Jornalismo, foi fotógrafo e editor de fotografia do jornal Folha de S. Paulo, onde também escreveu para o caderno Ilustrada. Seus trabalhos estão publicados em revistas, jornais e livros no Brasil e em países como Inglaterra, Espanha, Itália, China, Japão, Portugal, Holanda, Dinamarca, França e Estados Unidos, além de publicações acadêmicas, como a Revista Facom, da Faculdade de Comunicação e marketing da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) e da Revista de Jornalismo ESPM, Edição brasileira da Columbia Journalism Review (CJR). É articulista da revista Fotografe Melhor e autor de 6 livros autorais, além de ter obras suas em museus e entidades brasileiras e internacionais como MAM-RJ, MAM-SP, MASP, MAC-USP, Bibliothèque Nationale de France, em Paris e Musée de l’Elysée em Lausanne, Suíça.

O museu

Instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, o Museu de Arte Sacra de São Paulo é uma das mais importantes instituições do gênero no país. É fruto de um convênio celebrado entre o Governo do Estado e a Mitra Arquidiocesana de São Paulo, em 28 de outubro de 1969, e sua instalação data de 28 de junho de 1970. Desde então, o Museu de Arte Sacra de São Paulo passou a ocupar ala do Mosteiro de Nossa Senhora da Imaculada Conceição da Luz, na avenida Tiradentes, centro da capital paulista. A edificação é um dos mais importantes monumentos da arquitetura colonial paulista, construído em taipa de pilão, raro exemplar remanescente na cidade, última chácara conventual da cidade. Foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, em 1943, e pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Arquitetônico do Estado de São Paulo, em 1979. Tem grande parte de seu acervo também tombado pelo IPHAN, desde 1969, cujo inestimável patrimônio compreende relíquias das histórias do Brasil e mundial. O Museu de Arte Sacra de São Paulo detém uma vasta coleção de obras criadas entre os séculos 16 e 20, contando com exemplares raros e significativos. São mais de 18 mil itens no acervo. O museu possui obras de nomes reconhecidos, como Frei Agostinho da Piedade, Frei Agostinho de Jesus, Antônio Francisco de Lisboa, o “Aleijadinho” e Benedito Calixto de Jesus. Destacam-se também as coleções de presépios, prataria e ourivesaria, lampadários, mobiliário, retábulos, altares, vestimentas, livros litúrgicos e numismática.

 

MUSEU DE ARTE SACRA DE SÃO PAULO – MAS/SP

Presidente do Conselho de Administração – José Oswaldo de Paula Santos

Diretor Executivo – José Carlos Marçal de Barros

Diretor de Planejamento e Gestão – Luiz Henrique Marcon Neves

Diretora Técnica – Maria Inês Lopes Coutinho

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Estudou cinema na NFTS (UK), administração na FGV e química na USP. Trabalhou com fotografia, cinema autoral e publicitário em Londres nos anos 90 e no Brasil nos anos seguintes. Sua formação lhe conferiu entre muitas qualidades, uma expertise em estética da imagem, habilidade na administração de conteúdo, pessoas e conhecimento profundo sobre materiais. Por muito tempo Paulo participou do cenário da produção artística em Londres, Paris e Hamburgo de onde veio a inspiração para iniciar o Arteref no Brasil. Paulo dirigiu 3 galerias de arte e hoje se dedica a ajudar artistas, galeristas e colecionadores a melhorarem o acesso no mercado internacional.

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