O real e o ficcional na coleção de fotografias ganha espaço no MIS
Quem são os artistas?
Martin Parr e Jorge Bodanzky.
O que terá na mostra?
Fotografias e exibição de filmes.
Onde vai ser?
MIS – Museu da Imagem e do Som (endereço abaixo).
É um bom programa?
Sim, o Museu da Imagem e do Som de São Paulo, instituição da Secretaria de Estado da Cultura, foi inaugurado em 1970. Seu acervo conta com mais de 200 mil itens como fotografias, filmes, vídeos e cartazes. Além de exposições e mostras de cinema regulares, o MIS possui uma programação cultural diversificada voltada para todos os públicos e abre espaço para novos artistas, que, por meio de seleção, exibem seus trabalhos dentro de programas de fotografia, cinema, dança e música.
Quando?
19 de junho a 24 de julho.
Obras em Destaque
As 32 fotografias grotescas que nunca vão sair da sua cabeça
Uma fotografia em 3D nada virtual
MIS 2016 apresenta retrospectiva de Martin Parr e inédita de Jorge Bodanzky
A mostra anual do MIS dedicada à fotografia conta ainda com uma exposição do Acervo do MIS sobre o Vale do Ribeira, com fotos de uma das primeiras coleções do museu. A abertura da exposição acontece no dia 18 de junho, com entrada gratuita e programação especial, que inclui palestras, exibição de filmes e visita ao Acervo do MIS.
Anualmente, o Museu da Imagem e do Som – instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo – dedica um espaço na agenda de programação para mostras exclusivamente de fotografias com obras de artistas nacionais e internacionais. Neste ano, a mostra Maio Fotografia no MIS 2016 acontece excepcionalmente nos meses de junho e julho, quando todos os espaços expositivos do Museu serão ocupados por obras de artistas singulares e fundamentais na história da fotografia. André Sturm, diretor executivo e curador geral do MIS, assina a curadoria.
Para esta edição está programada uma mostra do fotógrafo britânico Martin Parr, a maior já realizada na América do Sul. Entre os destaques da programação de 2016 estão uma mostra de Jorge Bodanzky e uma exposição do Acervo MIS sobre o Vale do Ribeira. O Maio Fotografia no MIS ainda conta com a mostra Vertentes: Espaço de dentro, de André Conti, um dos artistas selecionados pelo programa Nova Fotografia 2016.
“Na quinta edição do Maio Fotografia no MIS, o fotógrafo é o nosso foco. Estamos, portanto, falando do olhar único do fotógrafo, sensível ao entorno e atento aos instantes inusitados e fugazes, previstos ou imprevistos. Desse olhar que está por trás das câmeras, e que mira os personagens ou cenas que ficam diante delas e, claro, que se volta ao público, cujo olhar vê, interpreta, rememora e cria infinitos significados para cada fotografia existente”, relata André Sturm. “Propomos, assim, uma leitura aberta que carrega potencialmente todas as leituras possíveis. Uma mescla das fronteiras do real e do ficcional. Martin Parr, Jorge Bodanzky, André Conti e um grupo de fotógrafos do MIS que formou a primeira coleção do Museu apresentam seus olhares ao seu olhar”, complementa.
Confira abaixo informações sobre cada uma das exposições do Maio Fotografia no MIS 2016.
Parrtificial/Martin Parr
Intitulada Parrtificial, e com curadoria de Iatã Cannabrava, a mostra de Martin Parr é composta por 244 fotos e ocupará todo o primeiro andar do MIS. Esta é a maior retrospectiva do artista já realizada na América do Sul. Martin Parr é um dos grandes nomes da fotografia contemporânea, conhecido por projetos fotográficos que capturam a intimidade de forma satírica, principalmente os aspectos da vida moderna, em especial documentando as classes sociais da Inglaterra. Parr realizará uma palestra gratuita na abertura da exposição no dia 18 de junho.
Muitas vezes, quando entrevistado, Martin Parr justifica seu humor como derivado da tradição britânica de ironia. “Em Parrtificial, fica evidenciado que mais do que os britânicos e mais do que a maioria dos fotógrafos, ele constrói um discurso sério através de elementos como o sarcasmo, o humor, e obviamente a ironia. É possível afirmar que estamos diante de um dos maiores críticos da sociedade contemporânea, e seu método é, sem dúvida, não só contemporâneo, mas extremamente ácido e sarcástico, apresentando ao expectador um mundo de consumismo delirante, fútil, ou melhor, um mundo real”, descreve o curador Iatã Cannabrava. “O nome Martin Parr já é uma referencia quando se trata da discussão da artificialidade e do consumismo no mundo contemporâneo, a brincadeira Parrtificial no nome da exposição reforça e funciona como uma hipérbole, um exagero para frisar o recado”, explica Cannabrava sobre o título da mostra.
A exposição está dividiva em sete áreas: SELF-PARRTRAIT (composta por autoretratos do fotógrafo e onde os visitantes poderão tirar uma self com um “Martin Parr em tamanho real”), BOOKSHOP (fotolivros de Parr e de sua enorme coleção particular), WE LOVE BRITAIN (trabalhos que satirizam os clichês do estilo de vida britânico), BORED COUPLES (Parr e sua visão dos casais que “perderam o brilho nos olhos”), PARR’S LABYRINTH (Parr observa e tece sua sátira sobre o turismo global e toda a gama de lugares prediletos dos turistas), LIFE’S IS A BEACH (fotografias realizadas nas andanças pelas praias da Europa, América Latina, EUA e México, com seu olhar atento para o comportamento muitas vezes bizarro dos banhistas) e MARTIN’S SQUARE (a sociedade de consumo retratada por Parr em imagens ampliadas no salão nobre do MIS: o Espaço Redondo). “As divisões têm como objetivo criar um caminho didático, poético e cronológico, propondo ao espectador um diálogo entre culturas e, por consequência, uma visão global do mundo de hoje”, diz o curador.
Martin Parr é um dos fotógrafos documentais mais famosos de sua geração. Com mais de noventa livros de sua própria autoria publicados, e outros trinta editados por ele, já estabeleceu seu legado fotográfico. Parr também trabalha como curador e editor. Já foi o curador de dois festivais de fotografia – Arles (França), em 2004; e a Bienal de Brighton (Inglaterra), em 2010. Mais recentemente, foi curador da exposição Strange and Familiar [Estranho e familiar], no Barbican, em Londres. Parr é integrante da agência Magnum desde 1994 e, atualmente, ocupa a posição de presidente da associação. Em 2013, foi nomeado professor visitante de fotografia da Universidade de Ulster (Irlanda do Norte). Seu trabalho integra coleções de muitos dos museus mais importantes – da galeria Tate (Londres) ao Centro Pompidou (Paris), passando pelo MoMA (Nova York).
No meio do rio, entre as árvores – A Amazônia de Jorge Bodanzky/Jorge Bodanzky
A exposição No meio do Rio, entre as árvores apresenta a produção fotográfica e cinematográfica de Jorge Bodanzky desenvolvida na região da Amazônia. Expoente do cinema nacional, Bodanzky aproximou-se da região pela primeira vez em 1968, enquanto trabalhava como repórter fotográfico da revista Realidade. A reportagem sobre a circulação de dinheiro falso na estrada Belém-Brasília não chegou a ser publicada, mas durante a viagem o jovem fotógrafo teve a ideia de rodar um filme. Nascia, assim, Iracema, uma transa amazônica (1974), seu longa-metragem mais conhecido e premiado, que acompanha a rotina de um caminhoneiro e de uma prostituta ao mesmo tempo em que apresenta uma crítica contundente ao modelo de desenvolvimento levado a cabo na região. O olhar atento aos personagens capaz de revelar as complexas questões culturais e sociais de um período é uma das marcas do trabalho do diretor, presente em filmes como O Terceiro Milênio e A propósito de Tristes Trópicos. Com longas-metragens, vídeos, super 8 e fotografias, alguns deles inéditos, a exposição percorre quase 50 anos de carreira dedicados a ampliar o nosso conhecimento sobre os encantos e conflitos dessa região do país.
A mostra tem cocuradoria de André Sturm e Thyago Nogueira, coordenador da área de fotografia contemporânea do Instituto Moreira Salles, e é realizada em parceria com o IMS.
Jorge Bodanzky nasceu em São Paulo, em 1942. Formado em cinema pela Escola de Design de Ulm, na Alemanha, iniciou sua carreira como fotógrafo, atuando em diversos órgãos da imprensa, entre eles a revista Realidade. Sua estreia como diretor de cinema foi com o documentário Iracema – uma transa amazônica (1976), um marco no cinema documental que denunciava a questão, até então obscura, da devastação da floresta e do modelo equivocado de ocupação. O filme foi um dos mais premiados da década em festivais nacionais e internacionais. O cineasta passou a se dedicar aos temas sobre o meio ambiente, realizando longas-metragens, documentários para as TVs brasileira, alemã, francesa e italiana, como diretor, fotógrafo e produtor.
Acervo MIS/PRIMEIRAS MISSÕES
Há mais de 40 anos, entre 1972 e 1974, jovens integrantes da equipe do MIS partiram da capital em diversas viagens para registrar e pesquisar o cotidiano, as práticas sociais, a economia e a cultura das diversas localidades que formam uma das regiões mais antigas do território brasileiro: o Vale do Ribeira. Para a realização das pesquisas, foi produzida uma rica documentação em fotografia, áudio e filme, que deu origem à coleção número 1 do Museu.
Hoje essa coleção é apresentada ao público na exposição PRIMEIRAS MISSÕES, que resgata a memória do Vale do Ribeira, e do próprio MIS, ao apresentar uma seleção de fotografias que exploram, de forma poética e documental, as principais temáticas do local.
A mostra tem curadoria André Sturm e Patricia Lira; Anne Checoli e Cristiane de Almeida são as curadoras assistentes.
Nova Fotografia 2016/Vertentes: Espaço de dentro/André Conti
O ensaio fotográfico Vertentes: Espaço de dentro é composto por 13 fotografias coloridas captadas com câmera digital, de tamanhos variados. “Trata-se de uma pesquisa sobre a memória afetiva de um lugar, para mim pleno de vivências”, define o artista. “No entanto, não está na linha da fotografia íntima, nem por outro lado, é uma série documental. Meu intuito é expressar o mistério e o encanto que recobrem os lugares, as coisas. Por isso as imagens são captadas, no geral, com um tempo de exposição longo, somente durante noites de lua cheia, cuja luz se mistura com a iluminação do local, o que então, me possibilita conseguir certa luminosidade e trabalhar nos momentos em que não há ninguém circulando”, complementa.
André Conti vive e trabalha em São Paulo. Formado em Hotelaria pela UCS (1995), cursou fotografia no SENAC–SP. Em sua pesquisa autoral, trabalha temas relacionados ao tempo, ao passado e à memória. Desde 2000 tem participado de Grupos de Estudos de arte e de fotografia. Entre 1996 e 2003 trabalhou como assistente de fotografia e fotógrafo em agências e estúdios. Desde 2004 trabalha como fotógrafo free-lancer atuando nos mercados editorial e institucional. Desde 2001 tem participado de exposições coletivas.
Espaço de dentro é a terceira série apresentada pelo Nova Fotografia 2016. Criado em 2011, o Novo Fotografia é um projeto anual do Museu da Imagem e do Som que busca criar um espaço permanente para exposição de fotografias de artistas promissores que se distinguem pela qualidade e inovação do seu trabalho. A cada ano, seis séries de imagens são escolhidas por meio de convocatória e expostas no Museu.
Programação: Abertura da exposição
Data: 18 de junho (sábado)
Horário: 12h às 20h (entrada para as exposições até as 19h)
Ingresso Entrada gratuita para todas as exposições
→ Palestras
Local Auditório MIS (172 lugares)
Ingresso Gratuito, retirada de senha na recepção do MIS com uma hora de antecedência do início de cada evento.
13h
Martin Parr (fotógrafo) e Iatã Cannabrava (curador da exposição Parrtificial), intermediada por Daigo Oliva (Editor-adjunto da Ilustrada/Folha de São Paulo, coautor do blog Entretempos da Folha.com).
15h
Jorge Bodanzky (cineasta, fotógrafo, professor), Thyago Nogueira (coordenador da área de fotografia contemporânea do Instituto Moreira Salles, cocurador da exposição No meio do rio, entre as árvores – A Amazônia de Jorge Bodanzky) e David Pennington (nascido em Liverpool e criado em Manaus, Amazonas, é professor de cinema na UNB, trabalhou com Bodanzky na Amazônia por mais de 20 anos)
17h
André Sturm (diretor executivo e curador geral do MIS, cocurador das exposições No meio do rio, entre as árvores – A Amazônia de Jorge Bodanzky e PRIMEIRAS MISSÕES), Patricia Lira (coordenadora do CEMIS/Centro de Memória e Informação do MIS e cocuradora da exposição PRIMEIRAS MISSÕES), João Kulcsár (professor, fotógrafo, Mestre em Artes pela Universidade de Kent, Reino Unido, e coordenador de fotografia do Senac. Esta em fase de finalização de um livro que aborda as principais coleções de fotografia do MIS).
→ Exibição de filmes de Jorge Bodanzky
Local Auditório LABMIS (66 lugares)
Ingresso Gratuito, retirada de senha na recepção do MIS com uma hora de antecedência do início de cada filme.
14h
Iracema – Uma transa amazônica (Dir. Jorge Bodanzky e Orlando Senna, 1976, 90 min, drama, Brasil/França/Alemanha Oriental, cor)
O filme é na realidade um auto-retrato da população da Transamazônica. Retrata realisticamente os problemas da região. Conta a história de uma menina do interior, que vai a Belém com a família para pagar promessa na festa do Sírio Nazaré. O novo meio e as companhias que encontra levam a menina à prostituição. Conhece num cabaré um motorista de caminhão Tião Brasil Grande, negociante de madeira. Influenciada pelas outras prostitutas ela quer ir para os grandes centros (São Paulo e Rio) e pega carona com o motorista. Com Paulo César Pereio (Tião Brasil Grande) e Edna de Cássia (Iracema) nos papéis principais
16h
Terceiro milênio (Dir. Jorge Bodanzky, 1981, 90 min, Brasil, documentário)
O documentário registra a viagem do senador amazonense Evandro Carreira por seu estado em agosto de 1980. A região percorrida é do Alto Solimões, fronteiriça ao Brasil, Peru e Colômbia. Depoimentos de caboclos, de madeireiros, do sertanista Paulo Lucena, de índios brasileiros e peruanos são colhidos desde a cidade de Benjamin Constant até o vilarejo de Cavalo Cocho. No trajeto, revela-se a potencialidade econômica do Amazonas e seus desvios: a corrupção na política indigenista e a presença de fábricas poluidoras às margens do Rio Solimões.
19h
No meio do rio, entre as árvores (Dir. Jorge Bodanzky, 2010, 70 min, Brasil, documentário)
O documentário é resultado de uma expedição ao Alto Solimões, onde foram ministradas oficinas de vídeo, circo e fotografia às comunidades ribeirinhas, dentro de reservas ambientais. O filme é feito por eles, a partir da tecnologia recém aprendida e com a visão “de dentro para fora”, sem intérpretes. Com o conhecimento adquirido, os próprios alunos começam a registrar as suas vidas cotidianas, destacando tanto a beleza natural da região quanto as consequências negativas da exploração econômica dos recursos disponíveis.
→ Visitas ao acervo: 13h30 e 15h30
Em duas turmas (às 13h30 e 15h30), a equipe do Centro de Memória e Informação do MIS (CEMIS) apresenta aos visitantes parte de seu vasto acervo de mais de 200 mil itens, por meio de uma visita guiada. A visita tem duração de 60 minutos e a entrada é gratuita (20 pessoas por sessão).
→12h às 20h – Barracas de comida na área externa
SERVIÇO
MAIO FOTOGRAFIA NO MIS 2016
Abertura 18 de junho das 12h às 20h, entrada gratuita
Data 19 de junho a 24 de julho
Horário terças a sábados, das 12h às 21h; domingos e feriados, das 11h às 20h
Local Espaço Redondo, Espaço Expositivo 1º andar, Espaço Expositivo 2º andar e Nicho
Ingresso R$ 6,00 (inteira) e R$ 3,00 (meia)
Classificação etária livre
Museu da Imagem e do Som – MIS
Avenida Europa, 158, Jardim Europa, São Paulo | (11) 2117 4777 | www.mis-sp.org.br
Estacionamento conveniado: R$ 18
Acesso e elevador para cadeirantes. Ar condicionado.
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