Ilustração

5 artistas reimaginam ‘1984’ para 2017

Por Equipe Editorial - março 24, 2017
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O clássico sci-fi de George Orwell é mais popular do que nunca. Veja como os artistas se relacionam com as ideias cada vez mais relevantes do livro:

A distopia está no ar. É realmente alguma surpresa que o conto de George Orwell de um estado autoritário futurista, 1984, esteja na lista de bestseller da Amazon? A editora Penguin viu um aumento de 9500% nas vendas do trabalho final do romancista de ficção científica.

Parte do apelo de 1984 é a linguagem que Orwell desenvolveu para identificar os métodos de controle fascistas, que estão cada vez mais visíveis hoje. Entre as estruturas de poder como os Ministérios da Verdade, da Paz, da Abundância e do Amor – cada uma delas representando o oposto de seu título – uma das ideias que mais chamam atenção é a Novafala ou Novilíngua.

Uma das características da novafala é o fato de ela ser a primeira língua a reduzir seus termos. Ao contrário das outras línguas, onde cada vez mais são anexadas novas gírias e conceitos, a novilíngua retira termos, como antônimos e sinônimos. Entre os exemplos citados no livro, se algo é bom, não é necessário existir a palavra mau, simplesmente seria imbom (ou desbom), sendo o prefixo im– (ou in-, porém, em impressões recentes do livro no Brasil, há o uso do prefixo des-) característica antonímia da palavra. Também não é necessário existir ótimo ou melhor que bom, seria simplesmente plusbom. Se fosse melhor ainda, seria dupliplusbom. Outra característica básica da novilíngua é o fato de não representar pensamentos errados ou como chamadas crimideias, afinal, se não era possível definir algo, seria como se esse algo não existisse.

  • Duplipensar – Duplo pensamento, duplicidade de pensamentos, saber que está errado e se convencer que esta certo. “Inconsciência é ortodoxia”.
  • Crimideia – Crime ideológico, pensamentos ilegais.
  • Impessoa, Despessoa – Uma pessoa que não existe mais, e todas as referências a ela devem ser apagadas dos registros históricos.
  • Bempensante – Pessoa naturalmente ortodoxa.
  • Crimideter“Faculdade de deter, de paralisar, como por instinto, no limiar, qualquer pensamento perigoso. Inclui o poder de não perceber analogias, de não conseguir observar erros de lógica, de não compreender os argumentos mais simples e hostis ao Ingsoc, e de se aborrecer ou enojar por qualquer trem de pensamentos que possa tomar rumo herético.” – Como descrito pelo próprio autor no livro.
  • Negrobranco – Como muitas outras palavras em Novilíngua, esta tem dois sentidos mutuamente contraditórios. Quando é aplicada a um adversário, é o hábito de se afirmar que o negro é branco, apesar dos fatos evidentes. Quando aplicada a um membro do Partido, simboliza a lealdade de afirmar que preto é branco, se isso for exigido pelo Partido. Também significa acreditar que o preto é branco, ou até mais, saber que o preto é branco, e acreditar que jamais foi o contrário.

Com a popularidade de 1984 , o debate sobre se nosso mundo atual é mais como a distopia de Orwell. O livro alerta para os perigos que o autor percebeu que estavam no horizonte, mas o legado vivo de 1984 é sua marca na linguagem, então alguns artistas americanos ilustraram os termos e conceitos do livro que eles vêem refletido na sociedade de hoje.

Joe Baker, Quarto 101
Joe Baker, Quarto 101

Para este desenho, eu me concentrei em quais são os planos do governo para o sistema escolar público americano. Eu apliquei a ideia de controle de pensamento que ocorre no sinistro “Quarto 101” em 1984 para uma escola no futuro. No Quarto 101, uma pessoa é reeducada por ser submetida ao seu maior medo, a fim de controlar sua realidade. No desenho, os cortes do governo levaram à introdução de professores robô, com currículo de qualidade inferior. Esses professores robô estão lançando medos terríveis nas mentes desses alunos, forçando-os a revisar e acreditar que 2 + 2 = 5. – Joe Baker

Alex Gamsu Jenkins, Dois Minutos de Ódio
Alex Gamsu Jenkins, Dois Minutos de Ódio

Esta é a minha opinião sobre os Dois Minutos de Ódio. É uma cena de um espaço de escritório onde todos estão gritando furiosamente em seus PCs [em vez de num salão comum]. – Alex Gamsu Jenkins

Jennifer Hershey, O Ministério da Verdade
Jennifer Hershey, O Ministério da Verdade

Eu obviamente gostaria de fazer o Ministério da Verdade. Dois personagens em um banco no metrô, um pobre e desesperado olhando para outro. Um jornal nas proximidades diz: “Pobreza acaba! Tweet: moradia acessível para todos!” – Jennifer Hershey

Corrine James, Duplipensamento
Corrine James, Duplipensamento

Um conceito relevante é “Duplipensamento”, e esta é a citação que eu estou referindo: “Nós, o Partido, controlamos todos os registros e controlamos todas as memórias. Então controlamos o passado, não é?” Eu acho que isso realmente se relaciona com a forma como a administração Trump apagou sites da administração Obama e cortou o financiamento para programas que financiam as artes.

Em uma sala de aula, há uma lixeira com um livro que diz: “A ciência é real”. O professor está distribuindo novos livros que dizem: “A ciência é real quando é conveniente”. Isto  joga na idéia de reescrever a história quando a história está impactando-nos atualmente. – Corrine James

Alex S. Martin, Notícias Maze
Alex S. Martin, Notícias Maze

Ultimamente eu tenho pensado sobre como Trump e o seu aparelho está controlando a mídia e lançando uma guerra contra ela de forma a perder credibilidade. Se a mídia é sempre supostamente falsa, pode tornar-se difícil acreditar em tudo isso. Depois, surgiram os “fatos alternativos”, idéia de que as pessoas poderiam ser levadas a acreditar que de alguma forma os fatos são subjetivos. Embora, naturalmente, as pessoas pudessem se radicalizar de maneira nacionalista, como em 1984, o caminho que vejo é mais que as pessoas estão gradualmente se tornando cada vez mais apáticas.  Esta peça está captando essas idéias. Como uma espécie de detalhe secreto: todos os meus desenhos incluem o que eu penso como um robô de vigilância; uma pequena esfera pairando pouco com o olho vermelho (ponto de gravação). – Alex S. Martin

Você pode comprar sua própria cópia de 1984 aqui.

É triste e chocante ao mesmo tempo constatarmos que traços dessa distopia de George Orwell deixaram de ser ficção há bastante tempo.

Quais outros exemplos você pensou e que está dentro de sua realidade? Conte nos comentários!

(via Creators)

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