Quem é o artista? José Resende, Nelson Brissac Peixoto e Heloísa Maringoni
O que vai ter na exposição? Intervenção artística
Até quando? 16 de setembro e 30 de setembro
Ação artística e urbanística idealizada por José Resende, Nelson Brissac Peixoto e Heloísa Maringoni
Logo abaixo do Viaduto São Carlos, no bairro da Mooca, vagões enferrujados dormem em total estado de abandono há pelo menos dez anos. Pertencente ao antigo espólio da Rede Ferroviária Federal, a sucata urbana é o ponto de partida para Canteiro de Operações, projeto idealizado por José Resende, Nelson Brissac Peixoto e Heloísa Maringoni.
A ação consiste em uma intervenção de José Resende na Estação da Mooca, onde vagões esquecidos serão cobertos com telas utilizadas na construção civil ao longo de mais de um quilômetro, indicando a extensão do que pode ali ser transformado. Simultaneamente, no Memorial da América Latina, serão realizados experimentos de montagens contínuas de empilhamento com grandes containeres, indicando as transformações de estruturas, desenho e espaço com volumes semelhantes aos vagões da Mooca.
Não se trata de “pegar uma coisa e fazer uma obra de arte”, mas sim “apresentar possibilidades diversas do que pode ser feito”, nas palavras de Resende. Movidos por guindastes, containers de 12 metros de comprimento instalados na Praça Cívica do Memorial remetem à remoção possível dos vagões e às reminiscências do passado industrial da cidade. Ao longo de cada dia da ação, eles serão dispostos em diferentes posições, formando uma paisagem diversa a cada três horas.
“A ideia por trás dessa proposta de alterar a situação existente de abandono desses vagões é apontar uma discussão a ser feita, buscando tirá-la do senso comum ao ampliar o repertório de questões a serem pensadas, onde se associam as possibilidades que as técnicas podem abrir de transformação, remoção ou sucateamento, às implicações urbanísticas de ocupação”, escreveram os autores em seu projeto.
Selecionado no edital “Arte na Cidade”, realizado pela Prefeitura do Município de São Paulo, Secretaria Municipal de Cultura, Canteiro de Operações lida com uma paisagem em pleno processo de transformação, a Mooca, como um dos centros da verticalização e especulação imobiliária. O deslocamento das atividades industriais para fora do perímetro urbano provocou a desindustrialização da área central, desativando grande parte dos equipamentos fabris, hoje abandonados, como as ruínas ferroviárias.
O caráter radical do experimento ganha força quando se leva em conta o grande número de vias férreas no mesmo estado que atravessam os principais centros urbanos do país. Só no Estado de São Paulo 40 mil vagões abandonados ocupam estas ferrovias.
Para ampliar a discussão foram produzidos cinco jornais, publicados pela Imprensa Oficial do Estado, que tratarão das operações propostas, dos projetos existentes de revitalização da orla ferroviária (UNA Arquitetos), de projetos de infraestrutura e habitação para o eixo sudeste (Ruy Ohtake) e um ensaio fotográfico sobre a região da Mooca (Cia de Foto).
Em 2002, Brissac e Resende já estiveram juntos numa ação emblemática. Coordenador do projeto Arte/Cidade, Brissac convidou Resende, que inclinou vagões ferroviários nos trilhos que margeiam Radial Leste. No pátio ferroviário adjacente ao Viaduto Bresser, três pares de vagões estacionados foram suspensos por cabos de aço. Amplamente documentada, a ação tornou-se parte da memória viva da região.
Serviços:
Ramal Mooca
Intervenção em antigos vagões abandonados
11 a 30 de setembro de 2012
No Memorial da América Latina
Operações com containers
De 11 a 16 de setembro de 2012
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