Artes e marketing caminham juntos. Quando os agentes culturais preparam as inscrições para editais de fomento, é natural que se concentrem na proposta do projeto, linguagens de pesquisa e o que desejam expressar com sua arte. Seja em teatro, dança, artes visuais, cinema, música, literatura, quadrinhos, formação de plateia ou outras manifestações culturais, é preciso buscar financiamento para tirar as ideias do papel. E uma ferramenta fundamental em todo o processo é ter um plano de comunicação bem estruturado e executado por equipes e profissionais especialistas no assunto.
Leis de financiamento cultural combinadas com programas de benefícios fiscais e editais de mecenato, são muitas vezes um dos poucos caminhos para artistas brasileiros viabilizarem novos projetos, sobretudo para quem atua de forma independente.
Outros países trabalham da mesma forma: potências como França, Alemanha, Suécia, Coreia do Sul, Canadá, China e Estados Unidos fomentam seu setor artístico por meio de incentivos e investimentos.
Como classe artística ou mesmo como cidadãos conscientes da importância da arte para a formação de público, precisamos acompanhar se esses valores terão a destinação correta, ou seja, o efetivo fomento à produção e acesso à cultura no Brasil. Por outro lado, quando os editais são abertos e executados, precisamos nos assegurar se as iniciativas aprovadas atingirão o público para o qual se propõem, e a comunicação tem um papel fundamental para alcançar espectadores, leitores, ouvintes, visitantes e até mesmo para comprovar que a verba atingiu o seu alvo.
A partir de estratégias eficazes de assessoria de imprensa e marketing digital, é possível estudar o comportamento do espectador e definir onde ele mora, que tipo de mídia consome, de que maneira se informa. Sem saber “conversar” com esse público, é impossível sensibilizá-lo, atraí-lo e mostrar por que ou como o projeto cultural faz diferença em sua vida.
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Ter um plano de comunicação que foca na presença de público para uma peça, concerto ou show, ou ainda para o lançamento de um livro ou impacto de uma oficina funciona como um fator de comprovação de sua viabilidade na avaliação da proposta.
Na fase pós-aprovação, contar com profissionais que efetivamente executem esse plano de comunicação colabora para que o projeto cultural cumpra sua razão de existir – que é chegar até aqueles a quem os artistas ou grupos desejam encantar e transformar com sua arte. Afinal, não existe acesso, circulação ou democratização da cultura sem público. E uma obra artística gera reflexões, descobertas, estímulos aos sentidos.
Além disso, a contratação de profissionais ou empresas movimenta as economias nacional, estadual e municipal. É uma prova de que determinado projeto também impacta a comunidade nesse sentido de profissionalização.
Uma comunicação bem estruturada também valoriza e dá credibilidade ao artista e seus diferenciais. É um fortalecimento importante para o setor cultural, um segmento que foi tão fragilizado pelo período de pandemia e que enfrenta desafios para atrair público, ocupar espaços físicos ou virtuais, receber incentivos e, muitas vezes, até para a subsistência de suas atividades artísticas.
Ser destaque na mídia ainda enriquece o portfólio de quem empreende na cultura. Matérias em jornais ou portais, entrevistas para televisão ou rádio, publicações em redes sociais servem como prova social da atividade artística e da relevância dos projetos já realizados por um proponente. Essas conquistas significam chances maiores de aprovação em editais futuros e certificam que a iniciativa foi realizada com sucesso.
O reconhecimento por meio da comunicação contribui para o desenvolvimento e estímulo a uma classe de empreendedores e profissionais da cultura formada por mais de 60 mil brasileiros com atividade formal, segundo o Mapeamento da Indústria Criativa realizado pelo Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). Isso sem contar os inúmeros artistas autônomos sem formalização e que necessitam ainda mais de evidência e valorização para seu trabalho. É um instrumento imprescindível para a profissionalização dessa classe, que ainda luta para viver de sua criação.
*Rafaela Kawasaki Tavares é escritora, jornalista e especialista em social media na Smartcom.
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