8 curiosidades sobre a Semana de Arte Moderna que você não sabia
Entenda as particularidades desse evento extremamente importante para nossa cultura artística.
Separamos algumas curiosidades sobre a Semana de Arte Moderna de 1922, um evento marcante na história da arte e do Brasil. Nela diversos artistas apresentaram o movimento modernista brasileiro, entre eles Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade e Heitor Villa-Lobos.
1. “Os Sapos” foi vaiado
Durante a leitura do poema “Os Sapos”, de Manuel Bandeira, o público presente no Teatro Municipal fez coro e atrapalhou a leitura, mostrando desta forma uma desaprovação.
2. Villa-Lobos de Chinelo
No dia 17 de fevereiro, Villa-Lobos fez uma apresentação musical. Entrou no palco calçando num pé um sapato e em outro um chinelo. O público vaiou, pois considerou a atitude futurista e desrespeitosa. Depois, foi esclarecido que Villa-Lobos entrou desta forma, pois estava com um calo no pé.
3. A Semana de Arte Moderna foi financiada pela oligarquia paulista
Após as críticas de Monteiro Lobato, Mário de Andrade e Oswald de Andrade, buscaram expor o Modernismo e defendê-lo. Surgiu, então, a ideia de fazer a Semana de Arte Moderna no Teatro Municipal de São Paulo, no mesmo ano em que a declaração de Independência completaria 100 anos. A data escolhida foi simbólica e representaria a “segunda” independência do Brasil – mas, desta vez, no sentido artístico.
Nesse momento, o apoio da elite paulista foi fundamental. Nesse contexto pertencente da República Velha, a oligarquia paulista tinha interesse em tornar São Paulo uma referência em criação cultural, posto que era ocupado pelo Rio de Janeiro.
Obras em Destaque
Além disso, o início da efervescência paulista passou a se contrapor ao conservadorismo carioca, que era bem mais tradicional no ramo das artes. Assim, a Semana de Arte Moderna foi amplamente financiada pela elite cafeeira, que tomou a frente do evento que teria projeção nacional.
4. Os tomates de Oswald
Em muitos momentos durante o evento, principalmente em seu primeiro dia, os organizadores surpreenderam o público com os conceitos artísticos e estéticos que apresentavam.
No caso de Oswald de Andrade, a questão foi puramente de extravagância. Os boatos que correm no meio acadêmico, entre os estudiosos da semana, é que ele, um dos idealizadores do evento, pagou para que estudantes do Largo São Francisco, escola de direito da USP, atirassem tomates nele próprio durante a declamação de um poema. Simplesmente pela polêmica.
5. Era para ser uma semana, mas só durou três dias
Talvez porque a intenção fosse, de fato, experimentar e provocar mudanças, a Semana de Arte Moderna, na verdade, durou apenas três dias, alternados.
O evento esteve anunciado e programado para ocorrer entre os dias 11 e 18 de fevereiro, mas o Teatro foi aberto para as exposições nos dias 13, 15 e 17. Em cada dia, as apresentações foram divididas por tema: no dia 13, pintura e escultura; no dia 15, a literatura; e no dia 17, a música.
Ironicamente, alguns dos nomes mais importantes do Modernismo não estiveram presentes na Semana. É o caso de Tarsila do Amaral, provavelmente a pintora mais conhecida do movimento, que estava em Paris, e Manuel Bandeira, que ficou doente e faltou à declamação do seu próprio poema, Os sapos, no segundo dia.
6. Anita Malfatti x Monteiro Lobato
Um dos principais nomes do evento, Anita Malfatti, foi duramente criticada por Monteiro Lobato. Em 1917, ele publicou um artigo no jornal O Estado de S. Paulo criticando a exposição de Anita, que tinha acabado de voltar da Europa e estava repleta de obras modernistas.
Como consequência, muitas das obras dela que tinham sido vendidas foram devolvidas, algumas delas inclusive destruídas.
7. O público não gostou da Semana de Arte Moderna
Toda aquela modernidade não agradou o público. As pinturas e esculturas de formas estranhas, fizeram os visitantes se perguntarem se os quadros estavam pendurados da maneira certa. Os poemas modernistas eram declamados entre vaias e gritos da plateia.
A reação dos visitantes ecoou entre os especialistas, que trataram o movimento como desimportante e retomaram às críticas vorazes de Monteiro Lobato.
De fato, à época, a Semana de Arte Moderna não teve tanta importância. Mas, nos anos seguintes, o evento passou a ser considerado o marco que inaugurou o Modernismo no país e provocou os efeitos sentidos em todos os aspectos da cultura brasileira.
8. Vicente do Rêgo Monteiro, o único pernambucano da Semana de Arte Moderna
Divulgador das vanguardas europeias no Brasil, Vicente do Rêgo Monteiro (1899-1970) foi um precursor das ideias que nortearam a Semana de 22, com seu interesse nas lendas amazônicas e na produção de cerâmica marajoara desde a década anterior.
Deixou oito obras para serem expostas na Semana de Arte Moderna, mas, na época, vivia em Paris. Foi amigo de modernistas notáveis, como a pintora Anita Malfatti, o escultor Victor Brecheret e o pintor Di Cavalcanti, o que rendeu o convite à Semana.
Mário de Andrade e A Escrava que não era Isaura
Durante a Semana de Arte Moderna, Mário de Andrade fez a apresentação do esboço de um texto que seria publicado na íntegra apenas em 1925, chamado A escrava que não era Isaura. No ensaio, ele defende um maior aprofundamento do verso livre, da síntese no uso das palavras e frases e defende uma maior valorização do que há de brasileiro na língua (características centrais que aparecem no movimento modernista).
Documentário sobre a Semana de Arte Moderna de 1922
Veja também
Fonte
NASCIMENTO, Evando Batista. A Semana de Arte Moderna de 1922 e o Modernismo Brasileiro: atualização cultural e “primitivismo” artístico. Gragoatá, v. 20, n. 39. Acesso em: https://periodicos.uff.br/gragoata/article/view/33354
Seria bacana colocar alguma fonte de onde a informações foram tiradas (livros, testemunhos, jornais), pois “curiosidades” – em se tratando de um evento histórico – fica com um tom meio superficial e parcial. O problema de ser parcial é sempre por que estes aspectos da Semana de Arte foram escolhidos e não outros (os que foram omitidos). Enfim… achei simpático, mas, se tivem as fontes de informação eu iria direto nelas para ler e conferir.
Abraços.
Seria ótimo mesmo ter fontes, trabalho em sala de aula e sempre busco infos aqui, mas quase nunca uso, pois não trata as fontes e fico ressabiada de algum contexto, visto que não acho as infos em outras publicações.
[…] Fontes: Aventuras na História, Guia dos Curiosos, Diário do Estado de Goiás, Arte Ref […]