O Surrealismo e como ele moldou o curso da história da arte
Artistas visuais, poetas, dramaturgos, compositores e cineastas procuraram romper com a tradição e explorar novas formas de expressão.
O que é Surrealismo?
O Surrealismo foi um movimento artístico e literário que teve origem em Paris na década de 20, sob o contexto das vanguardas europeias no período entre-guerras.
Seus membros rejeitavam a visão racional sobre a vida. Acreditavam na afirmação do valor do inconsciente e dos sonhos, realizando arte a partir do inesperado, do estranho, do não-convencional.
A palavra “surrealista” (além da realidade) foi cunhada pelo poeta de vanguarda francês Guillaume Apollinaire, em uma peça apresentada em 1917. Mas foi André Breton, líder do movimento, que, em seu Manifesto Surrealista (1924), definiu-o como:
[…] automatismo psíquico puro, pelo qual se propõe expressar, verbalmente, por escrito ou por qualquer outra maneira, o funcionamento real do pensamento. Ditado de pensamento na ausência de todo controle exercido pela razão, fora de toda preocupação estética e moral.
Muitos surrealistas expressavam suas ideias a partir de desenhos ou textos baseados na “livre associação” da psicologia freudiana.
Obras em Destaque
Ou seja, artistas como Salvador Dalí, René Magritte e Max Ernst buscavam dar voz aos seus inconscientes através de alguma representação física.
A Livre associação de imagens, sonhos e pensamentos, servia tanto como fonte de criatividade para o processo produtivo, quanto como ferramenta para a libertação do homem de uma existência utilitária centrada na técnica, trabalho e produtividade.
Características do Surrealismo
- Representação de sonho e imagens simbólicas
- Técnicas para criar efeitos aleatórios e ilógicos
- Figuras distorcidas
- Sexualidade desinibida e tabus
- Rejeição da “ditadura da razão” e dos valores burgueses como pátria, família, religião, trabalho e honra
Principais representantes
Joan Miró (1893–1983): Influente pintor, escultor, ceramista e gravurista do século XX, nascido em Barcelona. Seu trabalho é marcado pelo uso de cores primárias, todas fortemente delineadas em preto, com um campo ao redor sombreado, bem como também o tratamento moderno do espaço como uma superfície plana, em vez da tradicional ilusão de profundidade em uma imagem.
René Magritte (1898-1967): Artista belga que se mudou para Paris quando o movimento surrealista já estava em andamento. Ficou conhecido por desafiar as suposições dos espectadores lançando mão de justaposições de objetos familiares, como chapéus-coco, cachimbos e pedras flutuantes. Ele mudava a escala de alguns objetos e brincava com palavras e significados.
André Breton (1896-1966): Médico por formação, André aplicou seus conhecimentos de medicina e psiquiatria no campo da literatura e das artes fundando o Movimento Surrealista.
Meret Oppenheim (1913–1985): Principal figura feminina do movimento surrealista, a artista alemã foi fortemente influenciada pela psicologia junguiana. Além de criar objetos, Oppenheim foi fotógrafa, escultora, designer e pintora.
Salvador Dalí (1904–1989): Artista catalão que adquiriu fama internacional tanto no âmbito de sua arte quanto no de seu comportamento extravagante e irreverente. Trabalhou como pintor, escultor, designer de produtos, cenografia e foi um dos primeiros artistas a se aventurar na indústria cinematográfica. Dalí combinou temas de vanguarda com estilo acadêmico, abrindo caminho para as futuras gerações de artistas.
Max Ernst (1891-1976): Artista alemão que transitou entre o dadaísmo e o surrealismo. Trabalhou com desenho, colagens, recortes, frottage e outras técnicas para obter justaposições e trocadilhos visuais.
As influências do Surrealismo
Muitos elementos provenientes do surrealismo foram incorporados por outros movimentos e artistas subsequentes.
Os traços foram adotados pelos expressionistas abstratos; o elemento do “acaso” está presente na arte performática.
O foco surrealista em sonhos, psicanálise e imagens fantásticas forneceu subsídios para vários artistas contemporâneos, como Glenn Brown, que se apropriou diretamente da arte de Dalí em sua pintura.
“O cadáver exquis“
O desejo do surrealismo de se libertar da razão levou-o a questionar o fundamento mais básico da produção artística: a ideia de que a arte é o produto da imaginação criativa de um único artista.
Como antídoto para isso, Breton criou o cadáver exquis, ou “requintado cadáver”, como uma técnica para a criação coletiva de arte, que ainda hoje é usada amplamente como um jogo.
Trata-se de iniciar uma frase, um esboço ou uma colagem e depois dar a outra pessoa para continuar, sem permitir que essa pessoa veja o que já foi escrito, desenhado ou colado.
Abraçando o acaso e a tendência de produzir imagens humorísticas, absurdas ou perturbadoras, o cadáver se tornou uma técnica viável para criar o tipo de trabalho coletivo inconsciente que os surrealistas buscavam.
Resumo
Os surrealistas se rebelaram contra as convenções, os códigos morais e as inibições da mente consciente. O movimento emergiu do dadaísmo, uma vanguarda artística altamente subversiva da ordem política e social vigente.
De um lado, as ideias marxistas se chocaram com a sociedade capitalista e desejavam uma rebelião social. De outro, os escritos de Sigmund Freud sugeriram que formas mais elevadas de verdade poderiam ser encontradas no subconsciente.
O caos e a tragédia da Primeira Guerra Mundial estimularam o desejo de romper com a tradição e explorar novas formas de expressão.
Muito legal as informações, eu me inspiro muito na obra do Magritte para desenvolver meus conceitos
Parabéns pela matéria! Didática e estimulante. Deu vontade de aprofundar o conhecimento sobre os artistas citados.