Por que o Centre Pompidou escolheu o Paraná para sua primeira filial latino-americana?

Centre Pompidou: uma das instituições culturais mais importantes da França e do mundo, referência em arte moderna e contemporânea, acaba de anunciar uma decisão histórica. Sua primeira filial no Hemisfério Sul será aberta no Brasil, mais especificamente em Foz do Iguaçu, no estado do Paraná, com inauguração prevista para 2027. Mas afinal, por que essa escolha estratégica recaiu justamente sobre o Paraná?
A resposta envolve uma combinação de fatores culturais, turísticos, diplomáticos e geográficos, que colocam o estado como peça-chave para a expansão internacional do Pompidou.
Foz do Iguaçu: mais do que um destino turístico
Entre os principais motivos citados para a escolha de Foz do Iguaçu está seu peso como destino turístico internacional consolidado. Com as Cataratas do Iguaçu — uma das sete maravilhas naturais do mundo —, a cidade atrai milhões de visitantes por ano. Além disso, sua localização na tríplice fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai cria um ponto estratégico para o intercâmbio cultural e o turismo regional.

Segundo o governo do Paraná, a presença do Centre Pompidou no estado será uma forma de prolongar a estadia dos turistas, diversificando a oferta cultural da cidade e atraindo um novo perfil de visitante interessado em arte, design e cultura contemporânea.
Um novo eixo cultural para o Sul global
A instalação do Pompidou no Paraná vai além da vocação turística. Trata-se também de uma aposta na descentralização cultural no Brasil. Em vez de ir para os já tradicionais polos artísticos como São Paulo ou Rio de Janeiro, a escolha por Foz do Iguaçu reforça o papel do interior e do Sul do país como novos protagonistas no mapa da cultura latino-americana.
Obras em Destaque
De acordo com a diretora do Centre Pompidou, Laurence des Cars, o projeto no Brasil será uma “ponte entre a Europa e a América Latina”, permitindo que parte do acervo da instituição, atualmente em Paris, viaje pelo mundo enquanto a sede francesa passa por reformas programadas até 2030.

Além disso, o museu brasileiro terá forte componente regional e trinacional, com incentivo à produção local, residências artísticas, exposições de artistas latino-americanos e parcerias com instituições da fronteira.
Arquitetura sustentável e localização privilegiada
O terreno que abrigará o museu foi doado pela CCR Aeroportos, e está localizado ao lado do aeroporto internacional de Foz do Iguaçu, a menos de 10 minutos do Parque Nacional do Iguaçu. O projeto arquitetônico será assinado pelo premiado paraguaio Solano Benítez, com enfoque em sustentabilidade e integração com a paisagem natural.


Segundo o governo estadual e o próprio Centre Pompidou, a arquitetura será um elemento fundamental da experiência, dialogando com o meio ambiente e com as tradições da região. A ideia é criar um espaço inovador, inclusivo e simbólico, que reflita os valores do Pompidou adaptados à realidade latino-americana.
Centre Pompidou: um futuro museu que nasce com vocação internacional
A chegada do Centre Pompidou ao Paraná não é apenas simbólica. Representa a criação de um novo polo de arte e pensamento crítico no continente, capaz de integrar diferentes culturas e promover novos diálogos. Além da unidade a ser construída em Foz do Iguaçu, o Centre Pompidou mantém sedes em outras cidades ao redor do mundo, como a matriz em Paris (França) e filiais em Málaga (Espanha), Xangai (China) e Bruxelas (Bélgica) — todas com propostas que conectam as especificidades locais à curadoria e ao acervo internacional da instituição.
A escolha de Foz do Iguaçu mostra que a arte contemporânea pode — e deve — ultrapassar os grandes centros, encontrando novas raízes e novos públicos. Assim, o Centre Pompidou Paraná nasce com a missão de conectar mundos: Europa e América Latina, natureza e arte, tradição e inovação. Um passo histórico para a cultura global — com endereço no coração da fronteira brasileira.
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