Louise, Louise, Louise. Três motivos para visitar o Louisiana Museum na Dinamarca.
A apenas 40 minutos de Copenhague, Humlebaek foi a cidade escolhida13 por Knud W. Jensen (1916 – 2000) para abrigar o Louisiana Museum of Modern Art. O empresário, que assumiu a atividade de exportação de queijos de seu pai aos 27 anos, sempre teve seu interesse dividido entre o mundo dos negócios e o mundo das artes. Foi quando ele comprou uma editora e passou a investir em obras de artistas dinamarqueses para ocupar os espaços vazios da sua nova empresa que sua paixão pelas artes aumentou e tomou forma.
Apesar de admirar e admitir a importância para as gerações futuras dos museus fundados no século XIX, “essas enormes casas de tesouro”, Knud W. Jensen acreditava mais na ideia de um museu como um centro cultural onde “todos os tipos de arte poderiam se encontrar e encontrar as pessoas”. Fiel a este propósito, Knud W. Jensen comprou Louisiana, até então uma casa de campo erigida em 1855, e contratou os arquitetos Jørgen Bo e Wilhlem Wohlert para transformar a propriedade. Seu objetivo era criar um espaço onde as pessoas pudessem vir passar o dia e se relacionar com as obras de uma maneira mais livre, direta e despretensiosa.
Quando o museu abriu em 1958, a proposta de Knud W. Jensen era a de oferecer uma casa para a arte moderna dinamarquesa. Um ano depois, os rumos do Louisiana Museum mudaram. Impressionado pela documenta II de Kassel e a maneira como o evento apresentou e associou as diversas manifestações de arte moderna e da sua época, Knud W. Jensen abriu a sua casa também para a arte moderna internacional. Desde 2000, o Louisiana Museum é dirigido pelo crítico de arte Erik Tøjner.
A escolha do nome do museu não é evidente: ele vem do primeiro proprietário de Louisiana Alexander Brun. Oficial e mestre da caça real, Alexander Brun se casou três vezes com três mulheres que compartilhavam o mesmo nome: Louise, Louise e Louise. Mesmo sendo vários os motivos para visitar o Louisiana Museum, selecionamos somente três boas razões (para também fazer uma homenagem às suas origens!).
Longe do turbilhão urbano, ao chegar pela primeira vez em Louisiana e nos deparar com a charmosa casa de campo do século XIX, não se pode imaginar o que se esconde atrás dela. Ao entrar no museu, impossível não ficar impressionado com a paisagem que se apresenta. Tudo parece estar em seu lugar, em perfeita harmonia. Um gramado verde que guia o nosso olhar até Two Piece Reclining Figure No 5 (1963-1964) de Henry Moore e o azul do mar. Um dos pontos fortes do Louisiana Museum é o de conseguir nos proporcionar essa experiência sensorial direta. Arte, arquitetura e natureza são indissociáveis aqui. Richard Serra, Roy Lichtenstein, Joan Miró, Max Ernest, Henry Heerup, Jean Dubuffet e outros artistas ocupam sem concorrência esse parque de esculturas.
Os prédios de Jørgen Bo e Wilhlem Wohlert, que foram projetados levando em conta dois fatores críticos, a coerência e a gentileza, também não ficam atrás. Os arquitetos conceberam os prédios modernos em profunda conexão com o parque, como se eles fossem um passeio coberto.
Até mesmo o café do museu foi minuciosamente pensado. Consciente de que a arte demanda esforço e atenção e por isso é improvável não se fazer uma pausa entre uma obra e outra, Knud W. Jensen investiu bastante no espaço de restauração. Um lugar onde as pessoas poderiam repousar e contemplar a vista: duas esculturas monumentais de Alexander Calder, o mar e, no final do horizonte, a Suécia (sim, é possível ver o país vizinho à partir de Louisiana). Apesar de nunca estar vazio, o parque de esculturas é um lugar calmo e íntimo. Segundo disse em 1994 o crítico do The New York Times John Russell, Louisiana desenvolve um “efeito terapêutico” nas pessoas. Durante os 30 anos em que frequentou o museu, ele nunca viu um visitante apressado ou cansado.
O acervo do Louisiana Museum conta com mais de 4000 obras, que vão da arte pós-guerra à partir de 1945 até a arte contemporâneas, e a coleção continua em constante crescimento. Knud W. Jensen nunca teve a intenção de apresentar as obras de maneira linear e cronológica, mas de realizar diferentes focos sobre determinado grupos de artistas. Para fazer de cada visita uma experiência única, o fundador do museu optou por apresentar mostras temporárias e temáticas, o que ainda não era muito comum nessa época.
Além disso, ele empregou o “princípio da sauna” para desenvolver a programação artística, dividindo as exposições entre as variações “quente” e “frio”. Ou seja, o “quente” eram os artistas de renome internacional e que o público já conhecia. O frio eram os artistas que ainda não eram célebres e que poucas pessoas já tinham ouvido falar. A ideia era de atrair os visitantes com os artistas “quentes” para que eles pudessem descobrir também os artistas “frios”.
Atualmente, as exposições temporárias em cartaz são todas bem quentes: Gabrielle Münter, Ed Ruscha e mesmo Men and Masculinity… e War and Conflict, feitas à partir da coleção do museu, também devem ter sido super aquecida pelo verão europeu e apresentam obras de Shilpa Gupta, Dennis Oppenheim, Bruce Nauman, Marina Abramović / Ulay, Anselm Kiefer, Georg Baselitz, Pamela Rosenkranz, Ugo Rondinone, Francis Bacon entre outros.
Sempre a mostra estão Alberto Giacometti e Asger Jorn, que têm cada um uma galeria dedicada especialmente à suas obras e a instalação Gleaming Lights of the Souls (Luzes brilhantes da alma) de Yayoi Kusama.
Desde a sua fundação, o Louisiana Museum foi pensado como um espaço de experiência para todos e não só para uma elite. Uma das prioridades de Knud W. Jensen eram as crianças, que, segundo ele, se entediavam quando visitavam os museus. Para tornar a arte acessível ao público jovem era preciso criar um ambiente favorável para isso. Em Louisiana, as crianças têm toda a liberdade para correr, brincar e se relacionar com as obras sem sentirem oprimidas. Uma parte do museu é inteiramente dedicada à elas propondo diversas atividades em relação com as exposições. 60 anos depois da abertura do museu, Louisiana não perdeu esta sua missão: as crianças continuam a escorregar no gramado ou a vir nadar na “praia do museu” e, claro, descobrir as obras à mostra. A entrada é gratuita para os jovens até 18 anos.
Para os pequenos, mas também para os grandes. Knud W. Jensen entendia o quanto a arte moderna poderia ser estrangeira àqueles que não a conhecem. Ele dizia que as pessoas deveriam se familiarizar e se acostumar com essa linguagem gradualmente. E Louisiana oferece as condições ideias para isso. Além disso, o museu sempre programou concertos, espetáculos, palestras, festivais de literatura dando a mesma importância a esses eventos quanto para as exposições. Todas essas iniciativas fazem de Louisiana um museu vivo que nos proporciona as condições ideais para construir uma visão direta e atual da arte.
Visite o site do museu: https://www.louisiana.dk/
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