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8 álbuns Indie que precisam entrar na sua lista

1° Animal Collective
Merriweather Post Pavilion (2009, Domino)

Quem acompanhou a carreira do Animal Collective desde o começo da década de 2000 sempre soube que cedo ou tarde o quarteto de Baltimore surpreenderia com um registro de proporções épicas. O que talvez ninguém tenha previsto é que a surpresa viria de maneira tão intensa e inventiva quanto em Merriweather Post Pavilion. Obra-prima do grupo, o álbum é uma verdadeira sucessão de acertos que se relacionam diretamente com tudo que a banda vinha produzindo até aquele instante. Do álbum Feels de 2005 vem as suaves melodias etéreas; os teclados e a profusão de cores instrumentais surgem como uma versão aperfeiçoada do que fora encontrado dois anos antes em Strawberry Jam; De Sung Tong chegam os percursos musicais não óbvios, além, claro, dos ruídos sintéticos complementares que escapavam dos primeiros lançamentos do grupo. Junte isso a uma necessidade maior em soar pop, referências que vem da década de 1970, samples extraídos de sons de outros planetas (como na abertura de My Girls) e você tem a maior obra psicodélica do começo do século XXI. Diferente dos trabalhos anteriores, MPP acerta por justamente lidar com composições de fácil assimilação, resultado que cresce na faixa de abertura In the Flowers, hipnotiza na chuva piscodélica de Summertime Clothes até encerrar de maneira festiva no pop-épico de Brothersport. Colorido da capa icônica aos versos, o disco suga o ouvinte para um buraco negro de experimentações infinitas, se transformando em uma obra de peso tão grande (ou até maior) do que outros registros do gênero lançado anos antes. Uma viagem multidimensional sem sair de casa.

2° Andy Stott
Luxury Problems (2012, Modern Love)

Andy Stott praticamente reinventou o Dub à sua maneira. Trançando referências com o Minimal Techno e se aproveitando de densas sobreposições sonoras – que vão de vozes repetidas a batidas metálicas -, o produtor e funcionário de uma montadora de automóveis em Manchester, Inglaterra fez do universo ao seu redor uma extensão instrumental para o primeiro grande álbum de sua carreira. Menos rústico que os antecessores Passed Me By e We Stay Together (trabalhos lançados no decorrer de 2011), o álbum de oito volumosas composições mergulha o ouvinte em um cenário acinzentado, uma representação instrumental do mesmo ambiente que define o cotidiano redundante do produtor. Sutil (Numb) e ruidoso (Sleepless) na mesma intensidade, Stott reproduz em cada composição uma multiplicidade de fórmulas esquizofrênicas em looping, garantindo uma construção musical que lentamente parece sufocar o espectador – ao mesmo tempo em que embarca o público em um plano etéreo que beira o onírico. Embora defina musicalmente o que parece ser um cenário pós-apocalíptico, Luxury Problems é um reflexo exato do presente.

3° Boogarins
As Plantas Que Curam (2013, Other Music)

Há tempos um registro nacional não causava tamanha comoção quanto As Plantas Que Curam, estreia do Boogarins. O brilho despretensioso dos versos e a completa desarticulação dos exageros psicodélicos, típicos de obras do gênero, garantiram ao duo Fernando Almeida e Benke Ferraz um lugar de destaque na cena nacional. Lançado inicialmente como um EP e depois acrescido de um conjunto experimental de composições, o bem recebido debut da banda goiana é apenas um rascunho perto da complexidade que define Lucifernandes e Erre na primeira metade do trabalho. A irregularidade, entretanto, não afeta o comprometimento do disco, que talvez pelos excessos de outros álbuns ou a ausência de algum registro maior se mantém (muito) acima da média. Com versos em português e a necessidade de brincar com a obra de veteranos (Os Mutantes) e novatos (Tame Impala) do rock psicodélico, o trabalho se revela como uma completa entrega de seus criadores. Por enquanto, um típico disco de aquecimento e uma obra que mesmo torta, reforça a certeza de que algo ainda maior está por vir.

4° Céu
Vagarosa (2009, Universal)

Suave e afundado em nuvens carregadas de referências regueiras, Vagarosa não é apenas o melhor retrato da nova safra de cantoras da “MPB”, como solidifica um denso apanhado de emanações profundamente letárgicas. Enquanto a voz hipnótica de Céu passeia com candura pelo álbum, batidas amenas, amontoados de guitarras levemente distorcidas e harmonias brandas de teclados vão se entrelaçando, produzindo um verdadeiro ambiente conceitual mutável. Em meio a uma nuvem de fumaça, a paulistana e os parceiros que a acompanham fazem nascer clássicos recentes da música brasileira. São achados como Espaçonave (com participação de Fernando Catatau), Cangote, ou mesmo a experimental Nascente, que abandona o tom pacato e tomado pelo Dub para se transformar em um jazz maroto, quase flutuante. Sobram ainda tropeços acolhedores pelo Reggae, a densidade do R&B e um doce romantismo brega, típico dos anos 1970. Da voz arrastada da cantora ao composto de melodias esvoaçantes, todos os espaços do registro contam com um doce aroma canábico, como se o disco todo flutuasse em uma vistosa marofa recém soprada.

5° Danny Brown
Old (Fool’s Gold)

Ao mesmo tempo em que a maturidade de Danny Brown surge escancarada no jogo de rimas que definem Old, nunca antes o rapper esteve tão insano quanto agora. Apresentado como o “Kid A” do artista, o mais recente álbum de Brown pode não igualar o teor inventivo da obra do Radiohead, mas parece capaz de provocar e brincar com a mente do espectador na mesma medida. Dividido em duas partes – A e B -, o registro concentra na primeira metade o lado mais existencialista e melancólico do rapper. São faixas como Lonely e Torture que mais parecem um mergulho na mente atormentada do artista. A própria presença de Freddie Gibbs (The Return) e da dupla Purity Ring (25 Bucks) parece contribuir para esse enquadramento. Já para a segunda metade do trabalho, faixas como Dip, Handstand e Kush Koma trazem de volta o mesmo tratamento instável exposto em XXX (2011), afundando o rapper em drogas, sexo e um fluxo tão frenético, quanto o proposto há dois anos. Todavia, a proposital divisão do registro aos poucos se confunde, como se Brown parecesse brincar com a interpretação do público durante toda a condução da obra.

6° Deerhunter
Halcyon Digest (2010, 4AD)

O abuso de substâncias ilícitas nunca foi um mistério aos que acompanham o trabalho do Deerhunter. Desde os primeiros álbuns do grupo que as letras do líder Bradford Cox e as viajadas melodias compostas pela banda revelam um universo de sensações e referências totalmente lisérgicas, elementos vindos de maneira natural em virtude das aproximações da banda com o trabalho de grupos como My Bloody Valentine e Sonic Youth. Entretanto, com o lançamento de Halcyon Digest em setembro de 2010 os norte-americanos alcançaram um novo patamar em se tratando de viagens sonoras marcadas pela lisergia. Do título aos versos, passando pela instrumentação experimental que se dissolve nos ouvidos do apreciador, tudo esbanja a reverberação de um som marcado pelas drogas, nesse caso remédios e outras drogas prescritas que parecem dissolver a mente de Cox em um estado flutuante, obscuro e levemente místico.

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7° Dr. Dre
The Chronic (1992, Death Row/Interscope)

Enquanto com o NWA Dr. Dre apostava em uma sonoridade crua, como uma descrição sombria dos subúrbios na Costa Oeste dos Estados Unidos, ao apresentar o primeiro disco em carreira solo, o rapper resolveu perverter o próprio universo. Visivelmente apontado para a lisergia da década de 1970, The Chronic assume em acada composição um flerte com o groove do Funk e a leveza ascendente do rock psicodélico. Em cima dessa base, o rapper discute a própria história em meio a ganchos explícitos de agressividade, um passo para o nascimento do Gangsta Rap e a tonalidade chapada do G-Funk. Seguido de perto por um desconhecido Snoop Dogg e o produtor Suge Knight, Dre vai do suingue do Funkadelic ao catálogo de cores do Led Zeppelin, exercício traduzido em uma das obras mais influentes do Hip-Hop. Descritivo, ainda que melódico, The Chronic é um exemplar típico da produção musical dos anos 1990, matéria-prima para o borbulhar de experiências instaladas em faixas como Let Me Ride, Nuthin’ but a ‘G’ Thang e faixas ainda hoje atuais.

8° jj
nº 2 (2009, Sincerely Yours)

O clima enevoado, quase imerso em uma espessa nuvem de fumaça acinzentada, não é projetado ao acaso dentro de nº obra que apresentou a dupla sueca jj. Da capa do álbum ao uso assertivo das melodias suavizadas, tudo parece fluir como um atento encaixe de projeções minimalistas, além, claro, de muita maconha. É quase possível imaginar os parceiros Joakim Benon e Elin Kastlander com seus olhos vermelhos e semicerrados, se acomodando em uma dança leve e de pleno descompromisso. Enquanto o álbum cresce e se desenvolve sob evidente controle, aumentam as densas sonorizações lisérgicas, como se os vocais de Kastlander se perdessem em meio a sussurros e gemidos ruidosos. Desenvolvidas paralelamente, as bases e batidas incorporam uma ambientação bucólica, como se ouvir o disco fosse na verdade uma fuga. Sempre letárgico, o disco flutua em marcha lenta, composição que transforma músicas como From Africa to Málaga e Extasy em instantes de puro recolhimento e delicada introspeção.

via: miojoindie

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Gabriel Cardozo

Se aventurando no mundo da arte, ama filmes de terror antigos e acredita no poder da comunicação. E que a arte é como um cubo mágico com suas cores e formas... Conseguir alinha-las é seu principal objetivo para que tudo faça sentido.

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