Iemanjá
Baró GaleriaIemanjá
Iemanjá é uma obra de Josafá Neves. Nascido em Brasília, 1971. Vive e trabalha em Brasília – DF. Provavelmente, nenhum artista no Brasil expressou, por meio da pintura, a afirmação do negro e da sua existência mais verdadeira. Sentida na carne e na alma, Josafá Neves aborda a temática da cultura afro-brasileira por meio de uma interpretação astuciosa e genuína, transformando-a numa permanente e inquietante realidade.
Materiais: impressão em pigmentos minerais sobre papel algodão.
Josafá Neves
Nasceu em Brasília, 1971. Vive e trabalha em Brasília – DF.
Provavelmente, nenhum artista no Brasil expressou, por meio da pintura, a afirmação do negro e da sua existência mais verdadeira. Sentida na carne e na alma, Josafá Neves aborda a temática da cultura afro-brasileira por meio de uma interpretação astuciosa e genuína, transformando-a numa permanente e inquietante realidade.
A prática da pintura para o artista é de um valor incontestável e efetivo. A sua cor preta atinge as mais íntimas emoções dos expectadores em seus 20 anos de dedicação integral ao ofício das artes. Em Josafá, a atividade artística é motivada pelo exercício habitual da pintura no seu sentido inédito. É no real do trabalho rotineiro, na sua sempre presença em frente às telas, que o artista projeta a sua leitura concreta, sagaz e intransigente da existência.
A sólida pintura retratística de Josafá Neves nesta mostra decompõe o seu próprio sistema de pintar ao embarcar numa multiplicidade de direções. A verossimilhança própria do gênero “retrato” tem seu contorno retirado de imagens mestras das personalidades retratadas, mas são, também, registros da memória do artista em sua relação singular com cada personagem da diáspora. Com cores vibrantes e traços incomparáveis, desenvolvidos ao longo da sua aprendizagem autodidata, o artista expõe um olhar plástico das suas observações apropriadas, inclusive, no instante em que pinta.
A capacidade de Josafá de buscar o mais profundo dos sentimentos daqueles que apreciam a sua obra faz com que percorra inúmeras técnicas em sua prática artística. Assim, nesta amostra, há duas gravuras em ponta seca que simbolizam figuras históricas da diáspora, quais sejam: Grande Otelo e Luiz Gama, que foram obsessivamente fabricadas na mais íntima sensibilidade, misturadas com a energia desassossegada do artista.
A força da pintura do artista, nesta amostra, contínua em dois painéis que exprimem o patrimônio imaterial da cultura negra no Brasil. A obra “Capoeira” traz esta expressão cultural que foi desenvolvida a partir da chegada dos bantos no impiedoso contexto da escravidão. Neste trabalho, o artista profere uma dignidade determinada da capoeira ao conglomerar golpes e movimentos complexos, característicos dessa arte marcial, numa pintura ferina, certeira e cheia de encantamentos. A pintura “Terreiro de Candomblé”, uma releitura da tela “Festa do pilão de Oxalá” do artista Carybé, manifesta o complexo e múltiplo ritual de um culto afro-brasileiro numa amálgama de imagens vigorosas e vívidas.Esta empreitada do artista Josafá Neves é poesia, é política, é arte brasileira autêntica. Poesia que “voa fora da asa”, como diz Manoel de Barros. Josafá Neves sempre voou fora das asas, em sua solidão aprendiz, vem construindo uma arte indômita, sincera e decidida. É política porque é liberdade, pluralidade, diferença e igualdade. É uma arte com expressão imensa de uma subjetividade criada na labuta diária de um brasileiro afrodescendente.
Lêda Gonçalves de Freitas (adaptado).
Born in Brasilia, 1971. Live and works in Brasilia – DF.
Probably no artist in Brazil has expressed through painting the affirmation of the black and his truest existence. Sensed on the flesh and the soul Josafá Neves approaches the theme of Afro-Brazilian culture through a cunning and genuine interpretation, transforming it into a permanent and disturbing reality. The practice of painting for the artist is of undeniable and effective value. Its black color reaches the most intimate emotions of the spectators in their 20 years of full dedication to the craft of the arts. In Josafá, artistic activity is motivated by the habitual exercise of painting in its unprecedented sense. It is in the real of routine work, in his constant presence in front of the canvases, that the artist projects his concrete, shrewd and uncompromising reading of existence.
The solid portrayal of Josafá Neves in this show decomposes his own painting system when embarking on a multiplicity of directions. The verisimilitude proper of the genre “portrait” has its outline taken from master images of the portrayed personalities, but they are also records of the artist’s memory in its unique relation with each character of the diaspora. With vibrant colors and unparalleled traits, developed throughout his self-taught learning, the artist exposes a plastic look of his appropriate observations, including the instant he paints.
The ability of Jehoshaphat to seek the deepest feelings of those who appreciate his work makes him go through many techniques in his artistic practice. Thus, in this sample, there are two dry-point engravings that symbolize historical figures of the diaspora, namely: Grande Otelo and Luiz Gama, who were obsessively fabricated in the most intimate sensibility, mixed with the restless energy of the artist.
The strength of the artist’s painting, in this sample, continues in two panels that express the intangible heritage of black culture in Brazil. The work “Capoeira” brings this cultural expression that was developed from the arrival of the Bantu in the merciless context of slavery. In this work, the artist expresses a determined dignity of capoeira by conglomerating complex strokes and movements, characteristic of this martial art, in a feral painting, accurate and full of enchantments. The painting “Terreiro de Candomblé”, a re-reading of Carybé’s “Festa do Pão de Oxalá” canvas, manifests the complex and multiple ritual of an Afro-Brazilian cult in an amalgam of vigorous and vivid images.This work of artist Josafá Neves is poetry, it’s politics, it’s authentic Brazilian art. Poetry that “flies off the wing”, as Manoel de Barros says. Jehoshaphat Neves always flew out of the wings, in his apprentice solitude, has been building an indomitable, sincere and determined art. It is politics because it is freedom, plurality, difference and equality. It is an art with immense expression of a subjectivity created in the daily toil of an Afrodescendant Brazilian.
Baró Galeria
A Baró galeria foi fundada em 2010, traz uma nova proposta para o público brasileiro e está fazendo o mesmo na Europa, com a sua presença no circuito de feiras internacionais, apresentando artistas de diferentes gerações e continentes em um fluxo constante de ideias e obras que proporcionam uma troca maior entre o velho e o novo mundo.
A Baró galeria nos últimos anos enfatizou os artistas dos anos 1970 e 1980, como o mexicano Felipe Ehrenberg, o argentino Roberto Jacoby, o filipino David Medalla e o paquistanês Rasheed Araeen, os dois últimos apresentados na Bienal de Veneza de 2017 e Documenta Kassel e Atenas (Araaen).
Esse modelo permite a convivência de artistas internacionais com uma equipe de artistas brasileiros como Almandrade, Lourival Cuquinha, Paulo Nenflídio, Maria Lynch, Amanda Mei, César Brandão, Josafá Neves, Felippe Moraes entre outros.
O objetivo da galeria é ir além de um modelo de representação restrita, com uma seleção eclética de artistas baseada na qualidade de suas pesquisas. A Baró galeria também representa importantes artistas europeus e americanos no cenário internacional, como o emergente artista americano Daniel Arsham e o aclamado pintor checo Jirí Georg Dokoupil