A mudança para Nova York e o ingresso em um mestrado em História da Arte com foco em museologia vieram de um desejo antigo de estudar fora.
Historiadora de formação, sentia, depois de quase 3 anos trabalhando no MASP que o meu vocabulário de arte vinha mais da prática do dia a dia do que de um conhecimento acadêmico, e que isso talvez me impossibilitaria de almejar outras posições dentro do museu.
Dentro do MASP eu acompanhei o processo de renovação institucional, baseado em grande parte, nos modelos de gestão dos museus americanos. Escolhi estudar em Nova York por ser a cidade que abriga mais museus referência, e pela excelência da pesquisa acadêmica. Um outro fator decisivo foi saber que para entrar no mestrado aqui eu não precisaria já ter um projeto de pesquisa e um tema definido, o que é bastante diferente do Brasil.
Você passa o primeiro ano fazendo matérias alinhadas ao seu interesse, e só depois define a sua área de pesquisa. Como eu gostava de tudo um pouco e não tinha uma ideia muito bem definida do que eu gostaria de estudar a fundo, achei que fazer mestrado em Nova York seria o ideal. Mas dizem que é quando você sai do seu país que você melhor enxerga as próprias raízes. E foi exatamente isso que aconteceu. Através desse ‘olhar estrangeiro’ , eu me interessei mais pela arte brasileira e também pela formação da nossa identidade. Posso dizer que hoje sou uma mestranda com foco em história da arte brasileira moderna e contemporânea. Me sinto no lugar certo, na hora certa. A arte moderna brasileira ganhou ainda mais destaque esse ano, com as exposições individuais de Lygia Pape, no Met Breuer, e de Hélio Oiticica, no Whitney, além de Tarsila do Amaral, que ganhará uma retrospectiva no Art Institute of Chicago, a partir de 8 de outubro, e virá depois ao MoMA em fevereiro do ano que vem. Essas artistas estão sendo valorizados aqui pelas suas produções artísticas, e pela importância dentro da história da arte não só brasileira, mas mundial.
O convite para escrever para o Arte Ref veio, entretanto, por causa do meu atual estágio no Metropolitan Museum of Art. Esse semestre estou trabalhando no Registrar, que é o departamento responsável pelas políticas e procedimentos relacionados a aquisição, empréstimo, exposição, armazenamento, embalagem e transporte, administração, seguro de obras de arte, e gerenciamento de riscos das exposições especiais organizadas pelo MET e pelas obras do acervo emprestadas à outros museus.
Pretendo contar um pouco dos bastidores por trás das montagens das exposições temporárias que abrem no MET agora em novembro: “Edvard Munch: Between the Clock and the Bed”, “David Hockney”, e “Michelangelo”: Divine Drafman & Designer”.
A exposição de Michelangelo, a maior exposição de suas obras já realizada, por exemplo, conta com o seguro do governo americano mais alto da história, 1.6 bilhões de dólares para essa exposição.
Além dos bastidores das exposições, quero também compartilhar outras curiosidades sobre o museu, conforme eu for descobrindo e assim que conseguir não me perder mais nos túneis subterrâneos do museu.
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