A afinidade de Lidia com a aquarela é evidente e deriva de sua concepção de desenho.
Lidia é atenta ao mundo que a cerca.
Seu olhar percorre os objetos, detém-se em seus detalhes e toca suas superfícies, procurando conhecê-los.
Vai além da epiderme, buscando entender a relação objeto e espaço circundante, com base no que os une e nas trocas entre ambos, expressa no modo que a luz os percorre e os integra. Registra o momento com a espontaneidade do gesto e com a precisão de quem reconhece que o tempo é composto de instantes que não se repetem e que cada aspecto da existência é único.
Seu trabalho confirma com honestidade e concisão sua crença de que o entendimento da realidade só é possível depois que se aprende a olhar.
Seu trabalho ensina com clareza e com limpidez que só é possível compartilhar conosco esse olhar depois que se aprende com humildade e dedicação as demandas da luz, dos pigmentos e da água, integrando-se ao mundo e compreendendo o que dele emana.
É possível distanciar as aquarelas de Lidia da disputa de serem desenhos ou pinturas para situá-las em seu verdadeiro foco, isto é, chamam a atenção para a luz do mundo que a rodeia e seu significado.
Permitem também ao nosso olhar refazer seu gesto e tornar esse mundo também nosso.
Maria Izabel Branco Ribeiro, Historiadora e Professora FAAP
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