A incrível mostra “Picasso, mão erudita, olho selvagem” aberta recentemente no Instituto Tomie Ohtake deve ser apreciada em todos os seus detalhes. São 150 obras da coleção do Musée National Picasso de Paris, cobrindo todas as fases do artista, nas mais diversas técnicas e suportes. Provenientes dos ateliês do mestre, o espectador se defronta com a excepcional criatividade de um artista, extremamente visionário que percorreu todas as correntes artísticas sempre inovando, abrindo novos parâmetros para as artes visuais. A curadoria destacou marcos cruciais do percurso do artista das fases azul e rosa passando pelo cubismo, neoclassicismo, tentações surrealistas e abstratas e expressionismo. Percebe-se o prazer do artista em captar os fluxos revolucionários dos ballets russo com seus magistrais guaches. As esculturas, cerâmicas, gravuras e desenhos de diversas fases, além de filmes e fotos completam a visão de um artista envolto nas metamorfoses gráficas e plásticas do seu multifacetado dom de criar com materiais dos mais sofisticados aos mais simples, como um desenho em lápis grafite sobre uma folha de papel recortado e dobrado formando uma cabeça de mulher, “Tête de femme”.
Em 91 anos de vida, Pablo Picasso (1881-1973) revolucionou a arte do século XX com uma produção vastíssima e múltipla marcando a história da arte e influenciando as vanguardas. A atual mostra é a maior já realizada em São Paulo, proporcionado uma leitura ágil do percurso do artista que teve importante participação na 2º Bienal Internacional de São Paulo (1953-1954) com 51 obras, entre as quais Guernica, um dos grandes destaques do famoso evento que proporcionou novas perspectivas para as artes visuais no Brasil.
A montagem da atual mostra foi extremamente bem elaborada, a vitrine das cerâmicas merece elogios como outros detalhes que realçaram as pinturas sem moldura colocadas em caixas de acrílico, como no caso do caderninho de desenhos, uma verdadeira joia de requinte demonstrando a versatilidade do traço do mestre.
Obras antológicas como “Homme à la guitarre” (O homem com o violão) e “Paul en arlequin” (Paul vestido de arlequim), entre tantas outras magníficas peças artísticas, permite ao visitante um prazer inesquecível em vislumbrar a dimensão da pintura na plenitude de lances geniais.
O fluxo criativo das obras expostas capta o tempo passado projetando novos desafios para o presente e o futuro. Em cada peça exposta percebe-se a dinâmica criativa prazerosa de um artista conectado com multifacetadas linguagens em essência atemporais.
Guillaume Apollinaire disse em 1914: “Picasso, muito mais do que um pintor espanhol, é o principal representante da pintura moderna”.
A sua obra rompe as fronteiras das tendências ou dos movimentos na diversidade de suas incursões e intensa agilidade em abordar aspectos da cultura universal vinculada aos seus inúmeros amores, vividos na magia de um momento passageiro e único.
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