Opinião

Amelia Toledo. Projeções vivenciais na arte

Por José Henrique Fabre Rolim - novembro 3, 2017
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Esta matéria fala sobre A exposição “Lembrei que Esqueci” de Amelia Toledo, por ocasião dos seus 60 anos de carreira.

Rever as fases marcantes da história da arte na sua acepção mais densa, produz sempre algo novo, uma visão transparente das revoluções, das transformações da humanidade, dos fluxos intimistas de poéticas reflexivas, a incessante busca dos significados, da própria dinâmica dos fatos dos mais corriqueiros aos mais representativos de uma coletividade, tudo está coligado de uma certa forma, a arte tem a capacidade de tecer uma universalidade do real sentimento humano em toda sua complexidade.

Algumas mostras em cartaz buscam uma releitura oportuna de percursos artísticos essencialmente inovadores e impactantes. No CCBB a exposição “Lembrei que Esqueci” homenageia Amelia Toledo, por seus 60 anos de carreira, reunindo pinturas e esculturas que refletem experimentações inusitadas com materiais diversos como pedra, vidro e algodão. Os trabalhos com rochas, aço inox, tubos com líquido ou papel e cristais impressionam pelo arrojo das propostas, criando uma poética envolvente enaltecendo a dimensão da arte que capta as singelezas e as complexidades do ser humano com suas infinitas percepções.

Na Dan Galeria a mostra Maria Leontina – Poética e Metafísica formada por 73 obras entre pinturas e desenhos ao longo de uma carreira cobrindo quatro décadas, proporciona ao apreciador captar a sutileza de uma geometria sensível que reflete um primor em cada detalhe. Celebrando o centenário da artista, a oportuna exposição enaltece as suas várias fases desde o início com o expressionismo passando pela abstração geométrica após transformações marcantes num percurso de elucubrações metafísicas.

Por outro lado, uma outra excelente mostra acontece na Almeida e Dale, enfocando a obra de José Pancetti (1902-1958) reunindo 45 pinturas, fotos e documentos revitalizando a leitura de paisagens incríveis, com um olhar inusitado, ângulos cinematográficos, enquadramentos arrojados. As praias, as montanhas, as visões urbanas, os retratos e autorretratos, possibilitam incursões extremamente representativas da poética de um pintor que tinha o mar como paixão primeira.

Seguindo as mostras marcantes, a Pinacoteca do Estado apresenta a mostra “No Subúrbio da Modernidade – Di Cavalcanti 120 anos” com mais de 200 pinturas, desenhos e ilustrações abrangendo seis décadas de um dos modernistas mais surpreendentes, agilidade nos temas propostos, realçando aspectos da multifacetada realidade social.

A pintura de Di Cavalcanti teve seu auge nos anos 30 e 40 se consolidando como um dos principais artistas brasileiros do século XX. O Brasil foi sempre sua inspiração principal: cor, forma, desenho, alegria, nostalgia, dramaticidade, mas antes de tudo o Rio de Janeiro, seu cenário predileto, uma pintura essencialmente carioca, fundindo as tradições do povo com seus componentes culturais, uma fusão transcendente.

Os desenhos, as ilustrações são de um requinte inigualável traduzem a magia de uma época que encanta, notadamente a década de 20, uma sutileza do traço a refletir comportamentos humanos universais.

A mostra faz uma incursão pela obra de Di Cavalcanti de forma eficiente revelando aspectos de sua extraordinária capacidade de filtrar as nuances do prazer da vida em seus aspectos mais abrangentes.

Veja também:

200 obras de Di Cavalcanti em uma exposição imperdível.
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Jornalista, curador, pesquisador, artista plástico e crítico de arte, formado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Unisantos (Universidade Católica de Santos), atuou por 15 anos no jornal A Tribuna de Santos na área das visuais, atualmente é presidente da APCA (Associação Paulista de Críticos de Artes), colunista do DCI com matérias publicadas em diversos catálogos de arte e publicações como Módulo, Arte Vetrina (Turim-Itália), Arte em São Paulo, Cadernos de Crítica, Nuevas de España, Revista da APCA e Dasartes.

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