Quem é o artista? Carlos Vergara
O que vai ter na exposição? Pinturas feitas a partir de monotipias, objetos, um filme, uma instalação e fotografias
Quantas obras serão expostas? Cerca de 50 trabalhos
Até quando? 14 de Outubro
Governo do Estado de São Paulo e Secretaria da Cultura apresentam no Memorial da Resistência de São Paulo
Liberdade – Carlos Vergara
O Memorial da Resistência de São Paulo, instituição da Secretaria de Estado da Cultura, apresenta a exposição Liberdade – Carlos Vergara, com cerca de 50 trabalhos, desenvolvidos a partir da implosão do centenário Complexo Penitenciário Frei Caneca, Rio de Janeiro, o mais antigo do país. De seu ateliê em Santa Teresa, de onde podia avistar o presídio, Vergara (Santa Maria, RS, 1941) filmou e fotografou tanto a implosão da maior parte do Complexo, em março de 2011, quanto a do Pavilhão Helio Gomes, ocorrida em julho do mesmo ano. A partir dessas imagens, ele desenvolveu monotipias que serviram de base para as pinturas que serão exibidas na mostra. Completa a exposição um filme realizado por Carlos Vergara em 2011 apresentando todo o processo de construção das obras que compõem a mostra. Na área externa do Memorial da Resistência será apresentada uma instalação composta por 32 portas, que compunham as celas do presídio, e fotografias realizadas por Carlos Vergara e fotógrafos convidados durante a fundição dos metais recolhidos após a implosão dos edifícios.
“Acolher Liberdade – Carlos Vergara no Memorial da Resistência de São Paulo é uma oportunidade de ampliar a discussão, por meio da arte, sobre um tema tão fundamental como necessário para uma instituição comprometida em colaborar para o aprimoramento da democracia e de uma cultura em direitos humanos – a questão prisional. Nesse sentido, da mesma forma que a exposição suscita questões sobre o conceito e a conquista da liberdade, ao ocupar o espaço que foi sede do Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo, e que hoje abriga uma instituição que se dedica à preservação das memórias da resistência e da repressão políticas do Brasil republicano, Liberdade reitera a necessidade de ampliar, no seio da sociedade, o debate sobre os direitos humanos e a questão prisional”. Afirmam Ivo Mesquita, Diretor Executivo – Pinacoteca do Estado de São Paulo e Kátia Felipini Neves – Coordenadora – Memorial da Resistência de São Paulo.
A questão da liberdade, presente ao longo da trajetória do artista, é a indagação central da exposição. “Para onde foram essas pessoas? Quem passou por lá? O que repercutiu na história do Brasil?”, pergunta Carlos Vergara. “Por que não tentar olhar sem preconceitos para um assunto tão estranho como a implosão de um presídio? A princípio, de maneira apressada, parece que a liberdade foi conquistada, mas não. Em uma sociedade complexa, existem várias portas de entrada para discutir o conceito e a conquista da liberdade. Uma dessas portas pode ser a grade da prisão, usada como metáfora ou como metonímia da coisificação e do aprisionamento do ser humano. Trabalhar nesse assunto é também implodir a ideia de a arte ter um território só seu desligado do real”, afirma Carlos Vergara.
Ele ainda ressalta que “a arte não pretende dar respostas a questões das áreas de antropologia, sociologia, história, mas pode tornar visíveis áreas sombrias da vida humana e com isso catalisar elementos para uma discussão mais densa e rica, em busca de respostas para a grande pergunta: Como viver junto?”, questiona Carlos Vergara. “É uma falácia pensar que a matéria da arte é só o ameno, o confortável, o que orna, como se não houvesse beleza no trágico. Seria a obra de Graciliano Ramos somente a descrição de uma experiência traumática? O autor não suplantou isso criando uma obra de arte literária? Um papel para a arte pode ser encontrar um novo uso para a beleza”.
Jornal
A exposição será acompanhada de um catálogo em formato de jornal, bilingue (português/inglês), com 12 páginas e tiragem de dez mil exemplares. O conteúdo inclui textos de Carlos Vergara e da historiadora Marisa Mello, também responsáveis pela organização e edição do jornal. Rara Dias é responsável pelo design gráfico e a publicação terá também textos de Frederico Coelho, Moacyr dos Anjos, Paulo Jabur, Beatriz Vergara e Eduardo Masini. A pesquisa de Marisa Melo sobre a questão prisional no Brasil, incluiu principalmente os livros: “A dona das chaves” (Ed.Record, 2010), de Julita Lemgruber; “O medo na cidade do Rio de Janeiro: Dois tempos de uma história” (Revan, 2003), de Vera Malaguti; “Punidos e mal pagos” (Revan, 1990), de Nilo Batista; “A questão penitenciária” (Vozes,1996); de Augusto Thompson; “A Sala 4: A primeira prisão política feminina” (Cesec, s/d), de Maria de Moraes Werneck de Castro; “Quatrocentos contra um: Uma história do comando vermelho”, de William da Silva Lima; e “O que é ser advogado” (Ed Record, 2005), de Técio Lins e Silva.
Sobre o artista
Nascido em Santa Maria, Rio Grande do Sul, em 1941, Carlos Vergara vive desde os anos 1950 no Rio de Janeiro. Participa das mostras Opinião 65 e 66, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Em 1967, é um dos organizadores da mostra Nova Objetividade Brasileira, que procura fazer um balanço da vanguarda brasileira. Nesse período, produz pinturas figurativas, que revelam afinidades com o expressionismo e a arte pop. Durante a década de 1970, utiliza a fotografia e filmes Super-8 para estabelecer reflexões sobre a realidade. Vergara volta seus olhos para a grande festa do carnaval do Rio. Um de seus objetos preferidos é o bloco Cacique de Ramos em que “não há índios, só caciques”. Neste período, desenvolve uma série de projetos premiados para as agências da Varig no Brasil e no exterior. A partir dessa experiência multiplicam-se seus trabalhos em espaços arquitetônicos que se estendem até os dias de hoje.
Em 1972, publica o caderno de desenhos Texto em Branco, pela editora Nova Fronteira. Nos anos 1980, a pintura de Vergara investe no rigor, mas não perde a aventura da experiência. O artista abandona a figuração marcada pelas imagens das festas e da vida urbana, que marcou durante anos sua obra, iniciando uma investigação pictórica a qual pertence, por exemplo, o conjunto dos trabalhos conduzido em Minas Gerais. As telas são impressas no local, como monotipias, e depois sofrem intervenções do artista que muitas vezes lhe acrescenta outras cores.
A partir da década de 1990, Vergara apresenta, em escala mais íntima, as monotipias sobre a boca de forno da usina de pigmentos em Minas Gerais. À pintura delicada e sem espessura dessa investigação se opõem a força dos contrastes cromáticos e a acumulação de pigmentos em camadas de outros trabalhos recentes.
As viagens pelo Brasil – interior de Minas e Pantanal – prolongam e ampliam a latitude do trabalho. Esse novo Atlas pictórico da paisagem brasileira consiste na contribuição do artista a um vocabulário plástico contemporâneo, ancorado em valores locais passíveis de serem compreendidos dentro de uma nova espacialidade para a pintura neste país
Abertura: 21 de julho, sábado, das 13h às 17h30
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