Categories: Pintura

Uma breve história do amarelo na arte

 

A cor do nascer do sol

 

Pintura de um cavalo na caverna de Lascaux, na França, datada de 17.300 anos

 

O amarelo é um dos mais antigos pigmentos da história da arte. Inicialmente, era produzido a partir da argila, e muito utilizado pelos povos paleolíticos, como mostram as figuras contidas nas paredes da caverna de Lascaux, na França. Estima-se que uma das mais famosas figuras da caverna de Lascaux, um cavalo colorido em amarelo ocre, tenha cerca de 17.300 anos [foto acima].

Para os antigos egípcios e romanos, o amarelo estava, semelhantemente ao azul, associado à riqueza e acreditava-se que as peles e ossos dos deuses eram feitos de ouro. O amarelo é frequente nas tumbas egípcias e nos murais de Pompéia.

 

Tumba de Sennedjem, em Tebas, Egito

 

Arte erótica nos murais da antiga cidade romana de Pompéia

 

A tradição medieval afirma que o discípulo Judas Iscariotes, ao trair seu mestre, Jesus Cristo, vestia uma toga amarela – ainda que a Bíblia não descreva a cor de seu traje. Assim, o amarelo passou a ser associado à heresia e inveja, e servia para distinguir cidadãos não-cristãos (em especial, judeus). Esta associação perdurou ao longo da Renascença e retornou posteriormente, no século 20, quando os judeus da Alemanha nazista teriam a Estrela de Davi amarela como distintivo.

 

O Beijo de Judas (1304-1306) – Giotto di Bondone

 

Entre os séculos 18 e 19, o pigmento amarelo passou a ser produzido utilizando arsênio, urina de vaca e outras substâncias. A cor estava entre as favoritas dos pintores românticos como Jean-Honoré Fragonard e William Turner.

 

Nascer do Sol com Monstros Marinhos (1845) – William Turner

 

A Leitora (1770-1772) – Jean-Honoré Fragonard

 

Vincent Van Gogh nutria uma particular afeição pela cor amarela. Em 1888, o pintor escreveu a sua irmã: “Agora estamos tendo um belo calor, um tempo sem vento que é benéfico para mim. O sol, uma luz que, por falta de uma palavra melhor, posso chamar de amarelo, amarelo brilhante, ouro pálido. Que lindo é o amarelo!” [1]

 

O Semeador (1888) – Vincent Van Gogh

 

Referência:

[1] Stefano Zufti (2012). Color in Art, pp-96-97

Não foi possível salvar sua inscrição. Por favor, tente novamente.
Sua inscrição foi bem sucedida.
Equipe Editorial

Os artigos assinados pela equipe editorial representam um conjunto de colaboradores que vão desde os editores da revista até os assessores de imprensa que sugeriram as pautas.

Recent Posts

Exposição “Trabalho Invisível” reflete sobre o trabalho realizado por mulheres

A exposição Trabalho Invisível, da artista brasileira Tainá Guedes, chega ao Espaço Cultural Ivandro Cunha…

3 horas ago

Cursos sobre produção de exposições e história da arte em abril no MIS

O MIS, instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado…

3 horas ago

Exposição no Sesc Rio Preto apresenta manto tupinambá

O manto tupinambá é o ponto central da exposição “Assojaba Tupinambá Umbeumbesàwa: o manto tupinambá…

3 horas ago

O Que é o “Global South” no Mercado de Arte?

O conceito de Global South (Sul Global) tem ganhado centralidade no debate sobre o mercado…

23 horas ago

SP-Arte vs Art Paris 2025: Um Diálogo Entre Dois Mundos da Arte

Em abril de 2025, duas das maiores feiras de arte do mundo abriram suas portas…

1 dia ago

A Importância das Feiras de Arte no Cenário Atual: O Caso da SP-Arte 2025

Em um mundo cada vez mais interconectado e visualmente estimulado, as feiras de arte consolidam-se…

1 dia ago