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Rain Room, NYC 37˚C, MoMA

Por Equipe Editorial - março 18, 2014
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Rain Room, uma experiência molhada?

Nada disso. O Rain Room não é nem um Splash ou coisa do tipo que encontramos nos grandes parques de diversão – mesmo que ainda tenha sido extremamente divertido e mágico ter tido a oportunidade de entrar numa sala onde se faz chover.

Nova Iorque, julho de 2013.

Andava pelas ruas da Big Apple e via por todos os cantos cartazes divulgando este tal de Rain Room no MoMA-NYC. Nova York em pleno verão, mesmo para brasileiros, é algo difícil de se enfrentar; turistas para todo o lado, guarda-chuvas que se tornam guarda-sols, dinheiro gasto em litros e litros de água e aquela vontade de poder entrar no mar sujo da cidade, só para me refrescar. Fui à NY por um simples motivo: conhecer os museus e galerias de Chelsea à Brooklin em apenas 3 dias – um desafio que nem todos topariam. No último dia, com já nenhuma hora extra para poder visitar o MoMA e me arrependendo por não ter colocado esta atração no topo da lista, resolvi comprar outra passagem de ônibus e ficar mais algumas horas na cidade para poder espiar o imperdível Museu de Arte Moderna da Big Apple.

Assim que cheguei logo vi aquele imenso cartaz escrito: RAIN ROOM MoMA JULY 2013 na parte externa do museu. Naquele calor a única coisa que queria era que chovesse, mas como no céu não havia NENHUM indício de chuva, resolvi logo entrar na fila deste setor outsider do museu. E claro, pois não podia ser diferente naquelas devidas circunstâncias, peguei uma baita fila. Duas horas na fila para entrar numa sala que aparentemente fazia chover. Nessas horas passam muitas coisas em nossa mente: será que estava fazendo papel de turista louca? Valeria a pena estar ali, naquela fila debaixo do sol das 13h00 ao invés de estar me deliciando num ar condicionado e obras históricas dentro do museu? Afinal, Warhol, Rauchenberg, Monet, Mondrian, Roy Lichtenstein, Matisse e até o doido do Damien Hirst estavam lá, prontos para serem vistos. Havia uma fila na lateral que andava bem mais rápida, resolvi perguntar. Era a possibilidade de entrar na sala porém como espectador. Logo entendi que a obra era para ser vivenciada, e disso não abriria mão. Pois bem fiquei ali na fila mesmo com mais um monte de gente do mundo todo, todos com guarda-chuva/guarda-sol, e eu entre um sol de 37˚C  e a vontade de estar na chuva – queria me molhar mesmo.

Finalmente entrei. Deixei minha mochila no canto e observei curiosa o fato de um segurança ter falado para as pessoas que portavam guarda-chuvas que elas não precisariam deles ali. Fui logo me encaminhando à entrada e tomar aquele banho de chuva quando, logo no meu primeiro passo dentro do espaço que chovia, não me molhei. Aquilo me surpreendeu de uma tal maneira que quis explorar o espaço de todas as maneiras possíveis. Andei rápido, devagar, dancei, pulei e até rolei no chão (único momento que realmente me molhei). Estava rodeada por uma tempestade, mas não chovia em mim! O faixo de luz iluminava a água de uma tal forma que se criavam micr0-arco-íris por todos os lados. A sensação foi tão mágica que perdi a noção dos meus poucos 10min dentro do espaço e tive que ser convidada a me retirar.

Apesar de não ter me refrescado como achava que iria, saí tão feliz de ter tido a oportunidade de experimentar esta instalação, que tudo valeu: o calor, a queimadura que ganhei por não ter passado protetor e não ter guarda-chuva, as horas na fila e as curtas 2 horas que me restou para eu ver todo o resto do MoMA.

No final do dia, depois do contraste entre um espaço em que se vivencia a arte e outro em que apenas a contemplamos, pensei muito sobre a arte contemporânea e alguns de seus vários problemas, mas também sai maravilhada de ter visto tantas coisas boas, trabalhos concisos, trabalhos que mostram uma pesquisa do artista, uma poética forte, obras que realmente tem um impacto sobre aqueles que têm a oportunidade de entrar em contato com elas. Para aqueles que acham que a arte contemporânea é a arte somente do dicionário, pegue este exemplo para desconstrução.

Nada como a arte que nos transporta para outras dimensões.

A instalação Rain Room já esteve no MoMA Londres e no MoMA Nova York e foi idealizada pelo coletivo Random. A instalação Rain Room é montada com água, telhas modulares por onde a água cai, reguladores de pressão, um software personalizado e câmeras de monitoramento em 3D que permitem com que a água pare de cair através da movimentação dos corpos no espaço, vigas de aço, sistema de gestão da água.

 

Os idealizadores do projeto falando sobre sua realização:

 

Algumas fotos:

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RR_Gal6

Por Clarissa Ximenes 

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