Roberto Burle Marx (São Paulo, 4 de agosto de 1909 – Rio de Janeiro, 4 de junho de 1994) foi um artista plástico brasileiro, conhecido por exercer a profissão de arquiteto paisagista.
Ele morou grande parte de sua vida no Rio de Janeiro, onde estão localizados seus principais trabalhos, embora sua obra possa ser encontrada ao redor do mundo.
Seu primeiro projeto de jardim público foi a Praça de Casa Forte, localizada no Recife, cidade natal de sua mãe. É uma das seis praças de autoria do paisagista na capital pernambucana que foram tombadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Era o quarto filho de Cecília Burle, membro da tradicional família pernambucana de ascendência francesa Burle Dubeux e de Wilhelm Marx, judeu alemão nascido em Stutgard.
A mãe, pianista e cantora, despertou nos filhos o amor pela música e pelas plantas. Roberto a acompanhava desde muito pequeno nos cuidados diários com as flores e muitas outras espécies que havia em seu jardim.
Quando os negócios começaram a ir mal em São Paulo, seu pai resolveu mudar-se para o Rio de Janeiro em 1913. A família viveu um tempo em casa de familiares e, quando a nova empresa de exportação e importação de couros de Wilhelm Marx começou a ter resultados positivos, finalmente se mudaram para um casarão no Leme. Nesse local, Burle Marx, então com 8 anos, começou a sua própria coleção de plantas e a cultivar suas mudas.
Aos 19 anos, Burle Marx teve um problema nos olhos e a família se mudou para Alemanha em busca de tratamento. Permaneceram lá de 1928 a 1929, onde Burle Marx entrou em contato com as vanguardas artísticas. Lá conheceu um Jardim Botânico com uma estufa mantendo vegetação brasileira, pela qual ficou fascinado.
As diversas exposições que visitou e, dentre as mais importantes, a de Pablo Picasso, Henri Matisse, Paul Klee e Vincent van Gogh, lhe causaram grande impressão, levando-o à decisão de estudar pintura.
Durante a estada na Alemanha, Burle Marx estudou pintura no ateliê de Degner Klemn. De volta ao Rio de Janeiro, em 1930, Lúcio Costa, que era seu amigo e vizinho do Leme, o incentivou a ingressar na Escola Nacional de Belas Artes, atual Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Burle Marx conviveu na universidade com aqueles que se tornariam reconhecidos na arquitetura moderna brasileira: Oscar Niemeyer, Hélio Uchôa e Milton Roberto, entre outros.
O primeiro projeto de jardim público idealizado por Burle Marx foi a Praça de Casa Forte, no Recife, em 1934. Nesse mesmo ano assumiu o cargo de Diretor de Parques e Jardins do Departamento de Arquitetura e Urbanismo de Pernambuco, onde ainda lidava com um trabalho de inspiração levemente eclética, projetando mais de 10 praças.
Nesse cargo, fez uso intenso da vegetação nativa nacional e começou a ganhar reconhecimento, sendo convidado a projetar os jardins do Edifício Gustavo Capanema (então Ministério da Educação e da Saúde).
Devido a sua fama, Roberto Burle Marx foi inúmeras vezes convidado por nomes da elite brasileira para projetar jardins de suas residências. Foi o caso, por exemplo, de Ema Klabin, figura emblemática do mundo das artes, mecenas e colecionadora. O jardim de sua casa, hoje sede da fundação cultural que leva seu nome, foi uma das criações do paisagista.
Em 1935, ao projetar a Praça Euclides da Cunha (a Praça do Internacional, conhecida também como Cactário Madalena) ornamentada com plantas da caatinga e do sertão nordestino, buscou livrar os jardins do “cunho europeu”, semeando a alma brasileira e divulgando o “senso de brasilidade”.
Seu grupo do movimento arquitetônico modernista (junto com Luís Nunes, da Diretoria de Arquitetura e Construção, e Attílio Correa Lima, responsável pelo Plano Urbanístico da cidade), ganhou opositores como Mário Melo e simpatizantes como Gilberto Freyre, Joaquim Cardozo e Cícero Dias, com os quais sempre se reunia. Em 1937 criou o primeiro Parque Ecológico do Recife.
Sua participação na definição da Arquitetura Moderna Brasileira foi fundamental, tendo atuado nas equipes responsáveis por diversos projetos célebres. O terraço-jardim que projetou para o Edifício Gustavo Capanema é considerado um marco de ruptura no paisagismo brasileiro. Definido por vegetação nativa e formas sinuosas, o jardim (com espaços contemplativos e de estar) possuía uma configuração inédita no país e no mundo.
A partir daí, Burle Marx passou a trabalhar com uma linguagem bastante orgânica e evolutiva, identificando-a muito com vanguardas artísticas como a arte abstrata, o concretismo, o construtivismo, entre outras. As plantas baixas de seus projetos lembram em muitas vezes telas abstratas, nas quais os espaços criados privilegiam a formação de recantos e caminhos através dos elementos de vegetação nativa.
Natureza, arte e arquitetura convergem na obra de Roberto Burle Marx. O artista transpunha com destreza a linguagem pictórica ao paisagismo, contrapondo formas orgânicas abstratas à rígida geometria da arquitetura. Não à toa, tornou-se um dos maiores paisagistas do século XX, somando ainda, os adjetivos de arquiteto, pintor, escultor, designer, botânico, ecologista e ativista pelas causas ambientais. Em homenagem à sua trajetória, o Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia (MuBE) realizou uma mostra chamada Burle Marx: arte, paisagem e botânica.
Foram apresentados cerca de 70 trabalhos, entre desenhos, pinturas, esculturas, tapeçarias, peças de design, projetos paisagísticos e registros de espécies botânicas e de expedições científicas que realizou ao longo da vida.
Autor de centenas de projetos paisagísticos no Brasil e no mundo, Burle Marx se valeu de plantas, construções, relevos, painéis de azulejos e de mosaicos de tradição portuguesa. A essa produção se volta o núcleo Paisagem.
Nas palavras do curador Cauê Alves, vemos que “Ele é um personagem que tem uma relação muito forte com o campo da ciência. Foi militante pelas causas ambientais quando esta não era ainda uma pauta da sociedade brasileira”.
Alfredo Volpi nasceu em Lucca na Itália 1896. Ele se mudou com os pais para…
Anita Malfatti nasceu filha do engenheiro italiano Samuele Malfatti e de mãe norte-americana Eleonora Elizabeth "Betty" Krug, Anita…
Rosana Paulino apresenta um trabalho centrado em torno de questões sociais, étnicas e de gênero,…
Na arte, o belo é um saber inventado pelo artista para se defrontar com o…
SPPARIS, grife de moda coletiva fundada pelo artista Nobru CZ e pela terapeuta ocupacional Dani…
A galeria Andrea Rehder Arte Contemporânea - que completa 15 anos - apresentará, entre os…