Arte no Mundo

A destruição do quadro de Banksy que deu errado

Por Paulo Varella - outubro 19, 2018
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A fragmentação parcial de uma obra de Banksy não foi inteiramente planejada conforme confirmou o artista.

O amor está no lixo e a sua moldura imediatamente após a venda por £ 860.000 na semana passada da Sotheby’s.

Esta semana o atista Banksy fez um upload de um vídeo sugerindo que a tela inteira deveria ter sido destruída e não apenas dois terços dela.

Um clipe de uma tela inteira é visto no vídeo com a legenda: “Nos ensaios, funcionava todas as vezes”.
O vídeo mostra o quadro passando por completo no triturador no estúdio de Banksy.
Ele também mostra novas imagens de dentro da sala de leilão – incluindo um clipe do botão que acionou a destruição da obra.

Alex Branczik, diretor de arte contemporânea da Sotheby’s na Europa, também reiterou em uma nova entrevista que a casa de leilões não participa da ação.

A noite em que todos se divertiram com a destruição do quadro de banksy.

Ele disse que a razão pela qual o triturador não foi detectado pela equipe da Sotheby’s é que eles foram instruídos que a estrutura era uma parte fundamental do trabalho.

Falando ao The Art Newspaper, Branczik explicou que a equipe de autenticadores oficial: “Pest Control [placa de autenticação do Banksy] disse muito claramente que a moldura especial era parte integrante do trabalho de arte.

“O que foi”, acrescentou ele, “nada o que nós imaginávamos”.
“Nós também tivemos um conservador tercerizado examinando o trabalho.”

Questionado sobre como o conservador não localizou a espessura dupla e o peso aparente do quadro do triturador anexado, ele respondeu: “Nós consideramos a peça mais como uma escultura, como uma peça única, e não suas partes separadas.

Esta não é a primeira vez que uma obra de arte foi criada por acidente ou oportunismo.

A famosa coleção de latas de sopa Campbell’s de Andy Warhol começou como peças individuais que não vendiam muito bem, e depois foram trazidas de volta e vendidas como uma única unidade, como se essa fosse sempre a intenção.

Mesmo o velho e querido Marcel Duchamp, que, como sabemos, começou tudo isso, só que, retrospectivamente, decidiu que sua roda de bicicleta colocada em cima de um banquinho era uma obra de arte, em oposição a uma distração divertida que ele tinha em seu estúdio em Paris.

Portanto, há um precedente para que um objeto seja retrospectivamente considerado uma obra de arte pelo artista.

Mas isso não responde à pergunta que está passando pela cabeça da maioria das pessoas, Teria sido inútil se a ação tivesse sido bem-sucedida e a tela tivesse sido completamente triturada?
Possivelmente. Mas é improvável.

A julgar pelo título que Banksy deu o trabalho, a intenção era que a obra de arte fosse uma tela rasgada no chão, sob uma moldura vazia.

Então você poderia argumentar que a peça de instalação de uma moldura vazia em uma parede, com a tela desfiada embaixo dela, realmente valeria mais, do que o que poderia ser considerado uma obra de arte “incompleta”, presa no quadro.

O novo vídeo de Banksy também mostra a reação de Oliver Barker, o leiloeiro da noite – que parece irritado e preocupado com a destruição.

Barker apontou para o jornal de arte que Banksy costuma empregar molduras estranhas em suas obras, “e isso sempre foi parte da piada”.

“A acusação de que fomos de algum modo negligentes na maneira como catalogamos a obra não se sustenta. Fizemos tudo”, acrescentou.

“Em um futuro, vamos questionar um quadro como este? Absolutamente.”

Um porta-voz da Sotheby’s disse:

“A nova narrativa é que Banksy não destruiu um trabalho em suas instalações, ele criou um, adicionando valor não retirando.
“É um trabalho diferente daquele que apareceu no catálogo, mas mesmo assim é uma obra de arte intencional, não uma pintura destruída.”

Fonte: BBC.com, theartnewspaper.com

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Estudou cinema na NFTS (UK), administração na FGV e química na USP. Trabalhou com fotografia, cinema autoral e publicitário em Londres nos anos 90 e no Brasil nos anos seguintes. Sua formação lhe conferiu entre muitas qualidades, uma expertise em estética da imagem, habilidade na administração de conteúdo, pessoas e conhecimento profundo sobre materiais. Por muito tempo Paulo participou do cenário da produção artística em Londres, Paris e Hamburgo de onde veio a inspiração para iniciar o Arteref no Brasil. Paulo dirigiu 3 galerias de arte e hoje se dedica a ajudar artistas, galeristas e colecionadores a melhorarem o acesso no mercado internacional.

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