Charles Chaplin
Quem é o homenageado? Charles Chaplin
O que vai ter na mostra? Exibição dos filmes, palestras, debate, conferência, um curso e o lançamento de um catálogo com textos inéditos e clássicos abordando a obra de Charles Chaplin
Até quando? 06 de setembro
Fundação Clóvis Salgado apresenta CHAPLIN
“Chaplin é um personagem público do século XX tão relevante quanto nomes como Ghandi e Mandela, por exemplo. Foi um dos raros nomes capazes de transcender o próprio cinema, transformando-se num símbolo mundial do bem” (Rafael Ciccarini)
A Fundação Clóvis Salgado apresenta no Cine Humberto Mauro, no Palácio das Artes, a maior mostra de Charles Chaplin já exibida no Brasil. Serão exibidos todos os filmes realizados pelo ator e cineasta britânico, além de palestras, debate, uma conferência, ministrada pelo crítico francês Jean Douchet, o lançamento de um catálogo com textos inéditos e clássicos sobre a obra de Chaplin, e um curso ministrado por Jonathan Rosenbaum, um dos mais importantes críticos de cinema do mundo que vem pela primeira vez ao Brasil. Ao todo, 87 filmes estarão em cartaz na mostra, sendo 13 longas, dos quais 10 serão exibidos em 35mm e um em 16mm, e 74 curtas e médias-metragens. Em um trabalho minucioso de pesquisa e firmação de parcerias, a mostra conta com sete longas e sete curtas vindos da França, três longas (em 35mm) da Espanha e curtas-metragens (em 16mm) cedidos por Lula Cardoso, maior colecionador dos filmes de Chaplin no País. Destaque, ainda, para a abertura ao ar livre, com a exibição de “Luzes da Cidade” no Parque Municipal Américo Renné Gianetti. A mostra tem curadoria do Gerente de Cinema da Fundação Clóvis Salgado, Rafael Ciccarini.
Obras em Destaque
Com uma vida conturbada desde a infância, em um histórico de miséria, abandono e fome que se estendeu à maturidade, marcada por uma tumultuada vida amorosa, Chaplin possui muitas das características dos personagens que criou (além de um histórico de vida similar ao de Carlitos, sua mais notória criação), como a miséria e a tristeza, condições abordadas sempre com doçura e inteligência que lhe conferiu reconhecimento e prestígio desde o início de sua formação. Ainda em vida, Chaplin recebeu vários Oscars e condecorações, evidenciando, já naquele período, o tamanho de sua contribuição para a história do cinema.
Tanto seu trabalho como ator como as produções que dirigiu poderão ser vistos em oportunidade única. Destaque para filmes como “O Grande Ditador”, onde anteviu e mostrou o absurdo em curso na Alemanha com o nazismo personificado pela figura de Hitler; “O Circo”, com uma visão sagaz, inteligente e sensível das relações de trabalho; “Em Busca do Ouro”, uma mistura de comédia e tragédia que explicita a ganância e franqueza do ser humano; e “Shoulder Arms”, com um olhar de humor e crítica à 1ª Guerra Mundial.
O público que comparecer à mostra poderá, ainda, acompanhar de perto a transição de Chaplin do cinema silencioso para o cinema falado, que teve início em 1936, com seu célebre filme “Tempos Modernos”, onde faz uso do som ainda de maneira discreta. É também em “Tempos Modernos” que ele se despede de Carlitos (conhecido como Vagabundo), um andarilho que usava um chapéu de coco, uma bengala de bambu e um bigode, que esteve presente na maioria de seus curtas-metragens.
Filmes raros, como “The Professor”, filme inacabado feito à época em que o diretor trabalhava no estúdio da First National; “A Thief Catcher”, curta de 1914 que estava perdido e foi encontrado em 2010; “O Casamento de Carlitos”, considerado o primeiro longa da história do cinema americano, dirigido pelo pioneiro Mack Sennet, que traz Chaplin apenas na atuação; e “How to Makes Movies”, documentário onde Chaplin mostra seu estúdio recém construído, completam a grade da mostra.
Para Rafael Ciccarini, “realizar uma mostra como CHAPLIN é fundamental para o fomento à exibição de filmes de repertório e atende a uma demanda da cidade”. E completa: “Com a realização da mostra de Luis Buñuel entre março e abril desse ano, e o sucesso de público e interesse das pessoas, percebemos uma vontade da população em desfrutar de grandes eventos voltados à exibição de nomes fundamentais da história do cinema”.
A Fundação Clóvis Salgado, assim, firma no calendário oficial de sua programação de cinema a realização de três grandes eventos de relevância nacional, com a exibição de duas mostras, ao longo do ano, de grandes nomes do cinema mundial e o Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte, que em 2012 terá sua 14ª edição apresentada de 14 a 23 de setembro.
Exibição de “Luzes da Cidade” no Parque Municipal marca a abertura da mostra
Na sexta-feira, dia 10 de agosto, às 20h, o Parque Municipal Américo Renné Gianetti, ao lado do Palácio das Artes, recebe a abertura de CHAPLIN. Uma grande estrutura ao ar livre será montada para a exibição de “Luzes da Cidade”, comédia romântica de 1931, estrelada por Carlitos e uma jovem florista cega, pela qual se apaixona. Além de um telão inflável, onde o filme será projetado, serão disponibilizadas cerca de 400 cadeiras ao público.
A entrada para a sessão, que terá única exibição, é gratuita (o acesso ao Parque Municipal será permitido apenas pelo Palácio das Artes).
Curso
Intitulado “Charlie Chaplin, Ontem e Hoje”, o curso ministrado por Jonathan Rosenbaum acontece entre os dias 14 e 16 de agosto, das 14h às 16h30, no Cine Humberto Mauro, e contará com tradução simultânea para o público. O curso terá uma abordagem biográfica de Chaplin, começando pelo seu exílio na Suíça, quando foi gravado seu penúltimo filme “Um Rei em Nova Iorque” (1947), e chegando, no final, a seus principais curtas-metragens. A cronologia reversa possibilitará uma análise simultânea de Chaplin enquanto personalidade global e, ao mesmo tempo, como cineasta independente. A atividade é gratuita e as inscrições podem ser feitas até o domingo, dia 5 de agosto, enviando-se um e-mail com minicurrículo (de até 10 linhas) para [email protected]. Os selecionados serão divulgados no site no dia 10 de agosto.
Palestras
Duas palestras serão realizadas ao longo da mostra, todas com entrada gratuita, no Cine Humberto Mauro.
No dia 23 de agosto, quinta-feira, às 19h, será realizada a palestra “Música e fala: a transição do silencioso para o sonoro no cinema de Chaplin”. Ministrada pelo pesquisador Leo Vidigal, a palestra abordará a obra de Chaplin, considerando as mudanças que ocorreram de sua produção silenciosa para o cinema falado.
E no dia 6 de setembro, quinta-feira, último dia da mostra, às 19h30, será realizada palestra ministrada pelo crítico de cinema do jornal O Estado de São Paulo, Luiz Carlos Merten.
Conferência
Nos dias 29 e 30 de agosto, o cineasta e crítico francês Jean Douchet realiza uma conferência sobre a obra de Chaplin, também no Cine Humberto Mauro, no Palácio das Artes. A entrada para as discussões, que se iniciam às 19h e 19h30, respectivamente, é gratuita, com retirada de senhas na bilheteria do cinema meia hora antes do início. A atividade contará com tradução simultânea para o público presente.
Um dos mais emblemáticos críticos de cinema do mundo, Jean Douchet além de já ter atuado nas funções de escritor, historiador, professor e cineasta, tem grande importância na criação da linguagem cinematográfica. Participou da criação da revista francesa Cahiers du Cinema e teve contato com grandes cineastas, como Jacques Rivette, Jean-Luc Godard e Eric Rohmer. Escreveu importantes obras, como a análise do cinema de Alfred Hitchcock e o gênero New Wave francês. Atualmente, é professor na Fundação Européia dos Ofícios da Imagem e do Som (Fémis).
Debate
No dia 31 de agosto, sexta-feira, às 19h, um debate sobre Chaplin, abordando todo seu legado para a história do cinema, será realizado no Cine Humberto Mauro. Mediado por Rafael Ciccarini, o debate terá a presença do pesquisador Mateus Araújo e do crítico francês Jean Douchet.
A realização do debate ao final da mostra permitirá ao público participar da atividade após assistir ou rever a exibição dos filmes ao longo do mês.
A entrada é gratuita, com retirada de senhas na bilheteria do cinema meia hora antes do início.
Lançamento de catálogo
A mostra contará, ainda, com o lançamento de um catálogo reunindo 19 textos inéditos, de críticos e pesquisadores, sobre a obra de Chaplin, de autoria de nomes como o realizador mineiro Tiago Mata Machado, Cláudia Mesquita (FAFICH/UFMG), e Ana Lúcia Andrade (Belas Artes/UFMG); além de textos importantes e antológicos sobre sua obra, de nomes fundamentais como Walter Benjamin, Glauber Rocha, Paulo Emílio Sales Gomes, Mário de Andrade e Vinícius de Morais.
O catálogo foi organizado por Rafael Ciccarini em parceria com o filósofo e ensaísta Mateus Araújo.
A entrada para todas as atividades será gratuita, com retirada de senhas na bilheteria do cinema meia hora antes do início (sujeito a lotação do espaço).
Sobre Charlie Chaplin
Considerado por muitos o maior representante da história do cinema mudo, Charlie Chaplin (1889 – 1977) estrelou seu primeiro filme aos 24 anos, quando interpretou um repórter na comédia “Making a Living” (“Carlitos Repórter” no Brasil). Seu personagem mais famoso foi Carlitos, um andarilho que usava um chapéu de coco, uma bengala de bambu e sua marca pessoal, um bigode.
Além de ator, diretor, roteirista e produtor de trilhas sonoras, Chaplin abriu sua própria produtora, a United Artists, em 1919, em parceria com outras personalidades de Hollywood. A partir daí, produziu alguns de seus longa-metragens mais famosos: “Luzes da Cidade”, em 1931, e “Tempos Modernos”, em 1936, primeiro filme em que sua voz pode ser ouvida.
A comédia dramática “O Grande Ditador”, crítica clara ao nazifascismo, foi o primeiro filme falado protagonizado por Chaplin e marcou a entrada tardia do diretor na nova era do cinema, em 1940.
Sobre o Cine Humberto Mauro
Localizado no piso inferior do Palácio das Artes, no centro de Belo Horizonte, o Cine Humberto Mauro possui 136 lugares e modernos equipamentos de projeção e som.
Recebe em média um público de aproximadamente 43 mil pessoas por ano, que comparecem às suas mostras (com a exibição de filmes nacionais e internacionais), festivais, lançamentos de filme, cursos de cinema, debates e seminários.
O Cine Humberto Mauro conta, ainda, com sessões permanentes, como a “História Permanente do Cinema” e “Estéticas do Contemporâneo”, e realiza, a cada ano, mostras sobre cineastas e gêneros relevantes na história do cinema mundial, como “Luis Buñuel, O Fantasma da Liberdade” (vista por mais de 8 mil pessoas),; “Inéditos em BH”; “Nova Escola de Berlim”; “O Crime Tem Seu Encanto”; “Sandrine Bonnaire”; “Andrzej Wajda”; “Orson Welles: Facetas de Um Gênio”; “Douglas Sirk – O Mestre do Melodrama” e “Retrospectiva Pierre Perrault”.