Takesada Matsutani na galeria Bergamin & Gomide

Por Paulo Varella - fevereiro 22, 2018
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Nascido no Japão e membro da segunda geração do grupo Gutai, o artista participou em 2017 da mostra Grafite Works, em Nova York e da 57ª Bienal de Veneza, na Itália. Matsutani participará da montagem da exposição e realizará uma programação paralela na JAPAN HOUSE São Paulo

Entre as características que marcam a obra do japonês Takesada Matsutani, radicado em Paris, está o material utilizado para compor seus trabalhos: a cola de vinil – uma espécie de adesivo de contato de aderência rápida e flexibilidade após a secagem. O artista representa a nova tomada do expressionismo abstrato e estará presente na exposição inédita no Brasil que a Bergamin & Gomide apresenta a partir do dia 3 de março, em parceria com a galeria Hauser & Wirth e organizada com Olivier Renaud-Clément.

Em seus primeiros experimentos, Matsutani impregnou a superfície da tela com elementos bulbosos, usando sua própria respiração para criar formas inchadas e rompidas, evocando carne e feridas. A carreira do artista começou nos anos 1960 como membro-chave da “segunda geração” na Gutai Art Association, o inovador e influente coletivo de arte do Japão na pós-guerra. Um dos mais importantes artistas ainda em produção, Matsutani continua a demonstrar o espírito de Gutai, transmitindo a reciprocidade entre o gesto puro e a matéria-prima. Suas pinturas, desenhos e esculturas envolvem temas do eterno e ecoam os intermináveis ​​ciclos de vida e morte.

Ele lembra: “A cola começou a pingar e, à medida que secou, ​​formaram-se protuberâncias, que pareciam os úberes de uma vaca”. Inspirado pela observação de bactérias através de um microscópio no laboratório de um amigo, Matsutani desenvolveu ainda mais esta técnica, usando secador de cabelo para criar formas que relembram as curvas do corpo humano.

Para a exposição na Bergamin & Gomide, foram selecionadas cerca de 20 trabalhos com grafite, cola de vinil, colagem e acrílico, entre outros materiais, tendo como suporte o papel, a tela e a madeira. Nos últimos três anos, Matsutani realizou as exposições individuais no Manggha Museum of Japanese Art and Technology (Krakow, 2018), na Hauser & Wirth Los Angeles (Los Angeles, 2017), na Hauser & Wirth, Zurique, (Suíça, 2016), no Otani Memorial Art Museum, ‘Correntes’, Nishinomiya (Japão, 2015) e na Hauser & Wirth New York (Nova York, 2015).

Em torno de 1977, alguns anos depois que o grupo Gutai se dissolveu, Matsutani procurou destilar sua prática: “Se você tem apenas um papel, um lápis, o que você pode fazer com isso?” – o artista perguntou a si mesmo. Trabalhando exclusivamente com grafite preto de forma expressiva, Matsutani cobriu uma tela texturizada ou folha de papel monumental com traçados repetitivos e sucessivos. Através da construção de camadas, cada marca e mancha de carvão captura o acúmulo de energia e tensão em uma poderosa manifestação de material e tempo.

Além da exposição na Bergamin & Gomide, Matsutani realizará uma programação paralela na JAPAN HOUSE São Paulo, na Avenida Paulista. Entre 6 e 11 de março, o espaço receberá duas obras do artista, além de performances exclusivas. Uma delas, aberta ao público, será realizada no dia 11 e integrará a programação do evento Paulista Cultural; iniciativa que prevê uma programação especial em diversas instituições da Avenida Paulista, como Casa das Rosas, Centro Cultural Fiesp, Instituto Moreira Salles, Itaú Cultural e MASP. Criada pelo governo japonês em São Paulo, Los Angeles e Londres, a JAPAN HOUSE se propõe a ser um ponto de difusão de todos os elementos da cultura contemporânea japonesa para a comunidade internacional com programação cultural e vivências abertas ao público.

 

Takesada Matsutani

Selected Works 1972 – 2017

Curadoria: Bergamin & Gomide com Hauser & Wirth e Olivier Renaud-Clément.

Abertura:

Dia 3 de março (sábado) das 11h às 15h.

Até dia 20 de abril de 2018

 

Visitação:

Seg. a sex., 10h/19h; sáb., 10h/15h

Entrada gratuita

Galeria Bergamin & Gomide

Rua Oscar Freire, 379, loja 1, tel. 11 3853-5800

www.bergamingomide.com.br

 

Exposições do artista na Hauser & Wirth:

https://www.hauserwirth.com/exhibitions/3228/takesada-matsutani/view/

https://www.hauserwirth.com/exhibitions/2741/takesada-matsutani/view/

https://www.hauserwirth.com/exhibitions/2641/takesada-matsutani/view/

https://www.hauserwirth.com/exhibitions/1823/takesada-matsutani-a-matrix/view/

 

Sobre a Bergamin & Gomide:

Criada em 2000 em São Paulo, por Jones Bergamin, a galeria Bergamin ficava numa casa da década de 1950 do arquiteto Vilanova Artigas nos Jardins. A exposição inaugural foi uma retrospectiva do artista Iberê Camargo e, entre 2001 e 2005, André Millan (que atuava como sócio) organizou exposições de Mira Schendel, Lygia Pape, Tunga e Miguel Rio Branco. Neste período, a galeria também convidou curadores a desenvolver projetos, como “Através” de Lisette Lagnado que trouxe a público “Tteia”, obra icônica de Lygia Pape – hoje permanentemente exposta em Inhotim. Foram realizadas também exposições individuais de artistas como José Resende, Aluísio Carvão, Alair Gomes e Milton Dacosta e coletivas tais quais “Arte Cinética”, “Os Modernistas”, “As Bienais” e “Nus”, em parceria com a galeria Fortes Vilaça.

 

Em 2012, Antonia Bergamin, filha de Jones Bergamin, assumiu a direção da galeria junto com Thiago Gomide. Os sócios então definiram um novo perfil: com foco em vendas privadas de artistas brasileiros e estrangeiros do período Pós-Guerra a Bergamin & Gomide inaugurou seu novo espaço na rua Oscar Freire, em agosto de 2013.

 

Sem uma lista fixa, a galeria tem flexibilidade para trabalhar com um amplo número de artistas, sejam eles consagrados ou jovens, brasileiros ou estrangeiros. Essa liberdade também permite a organização de exposições que abrangem diferentes temas, períodos e movimentos. O programa conta com quatro exposições por ano, entre individuais e coletivas: “E você nem imagina que Epaminondas sou eu”, com obras de Amadeo Luciano Lorenzato e curadoria de Rivane Neuenschwander e Alexandre da Cunha (2014), a coletiva “Atributos do Silêncio” com curadoria de Felipe Scovino (2015), “BEUYS” que apresentou esculturas, desenhos, papéis e vídeos, incluindo os clássicos “Felt Suit”, “I like America and America likes me” (2016), na primeira exposição individual do artista alemão em galeria no Brasil e Fabio Mauri (Senza Arte), exposição dedicada ao artista italiano (2017).

Estudou cinema na NFTS (UK), administração na FGV e química na USP. Trabalhou com fotografia, cinema autoral e publicitário em Londres nos anos 90 e no Brasil nos anos seguintes. Sua formação lhe conferiu entre muitas qualidades, uma expertise em estética da imagem, habilidade na administração de conteúdo, pessoas e conhecimento profundo sobre materiais. Por muito tempo Paulo participou do cenário da produção artística em Londres, Paris e Hamburgo de onde veio a inspiração para iniciar o Arteref no Brasil. Paulo dirigiu 3 galerias de arte e hoje se dedica a ajudar artistas, galeristas e colecionadores a melhorarem o acesso no mercado internacional.

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