Teatro na Biblioteca Mário de Andrade

Por Paulo Varella - junho 1, 2017
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Biblioteca Mário de Andrade terá ciclo de teatro contemporâneo a partir de junho
`Literatura, teatro, antiteatralidade e performance´ reúne 16 atrações gratuitas, incluindo dez montagens de diferentes companhias paulistas, começando com ´Why the Horse´, dirigida e interpretada por Maria Alice Vergueiro, nos dias 3 e 4.06
Com curadoria do jornalista e editor Alvaro Machado, a Mário de Andrade promove a partir de um junho um inédito ciclo de teatro, dentro de sua programação cultural gratuita.

Literatura, teatro, antiteatralidade e performancereunirá dez montagens de companhias paulistas e seis conferências de pesquisadores ligados aos autores e peças programadas. Haverá, inclusive, uma estréia, prevista para setembro.

O ciclo começa na sexta-feira, dia 2.06, com a primeira das conferências, e prossegue durante o final de semana, dias 3 e 4.06, com apresentações especiais do espetáculo Why the Horse?, concebido e interpretado por Maria Alice Vergueiro, atriz e diretora justamente agraciada, em maio, com o Prêmio Especial da APCA por sua trajetória.

Segundo o curador, a escolha do repertório levou em consideração o recorte definido para o ciclo, que aborda o movimento de emancipação da expressão teatral em relação à literatura nos últimos cem anos, sob o impulso de vanguardas artísticas a partir dos anos 1920 e pela ampla difusão do conceito de performance nos últimos trinta anos.

“As peças programadas referem-se, cada uma à sua maneira, à criação literária, em registros que chegam à demolição dos cânones dessa forma, como é o caso das três montagens em torno de Beckett, que não à toa foi assistente do iconoclasta James Joyce”, explica Alvaro.

A trajetória do teatrólogo e escritor irlandês será focalizada na conferência inaugural de Felipe de Souza, “Afrescos do Crânio: Samuel Beckett, dramaturgo e encenador”. Felipe fala no dia 02.06 sobre Beckett e algumas de suas peças fundamentais, como Fim de Jogo (no auditório da BMA em junho), passando por peças radiofônicas da última fase, como Das Cinzas (em outubro), e incluindo Why the Horse?, montagem com inspiração em textos do irlandês, que será encenada nos 3 e 4 de junho.

Why the Horse? traz no elenco, além de Maria Alice Vergueiro, os atores Luciano Chirolli, Carolina Splendore e Robson Catalunha.

O processo desta montagem consistiu em um intenso mergulho nas obras de Alejandro Jodorowsky, Fernando Arrabal e Samuel Beckett, que evoluiu para a possibilidade de trabalhar de maneira mais aberta, flertando-se com o happening. Esse movimento de experimentação de novas formas de expressão formou o embrião de Why the Horse?, ao qual se aliou o desejo da atriz e diretora Maria Alice Vergueiro de preparar-se, no palco, para a morte. Aos 82 anos, ela trava batalha com o Mal de Parkinson e Why the Horse? seria o seu “enterro cênico”.

Fim de Jogo terá quatro apresentações, sempre às segundas-feiras (dias 5, 12, 19 e 26.06). Dirigida por Isabel Teixeira, a montagem do texto de Beckett foi concebida em 2016 para celebrar 60 anos de trajetória do ator e diretor Renato Borghi. Na peça, que tem ainda no elenco Élcio Nogueira Seixas, o velho Hamm (Renato Borghi) está cego e paralítico. Seu parceiro Clov (Seixas) tem uma estranha enfermidade que o impede de sentar-se. Junto deles, habitam outros dois mutilados, Nagg (Adriano Borghi) e Nell (Maria de Castro Borghi), pais de Hamm. Os quatro personagens dividem um abrigo, refugiados de uma terra devastada que Clov espia com uma luneta através de pequenas janelas. Não há pistas sobre que espécie de apocalipse criou tamanha desolação. No jogo da sobrevivência, Hamm dá as ordens, enquanto Clov cuida da cozinha e outras questões de ordem prática. A peça começa quando o jogo se aproxima do fim.

Ainda em junho, em apresentação única (dia 17), a Mário de Andrade recebe neste ciclo o musical O Meu Lado Homem – Um Cabaré D´Escárnio com Hilda Hilst. Criado e interpretado por Luís Mármora, o espetáculo conta com Lincoln Antônio no piano e Simone Julian nos sopros. Nele, Sápata Magáli, literato(a) cujo nome é inspirado no crítico teatral Sábato Magaldi, é o apresentador de um cabaré decadente, com banda ao vivo e repertório musical variado, incluindo composições originais de Rafael Castro e Luiz Gayotto. De salto alto, barba e cílios postiços, o personagem é uma figura híbrida, transgênero de vocação pornográfica (como a obra “Cartas de um Sedutor”, de Hilda Hilst na qual se inspira) e altamente poético. Um show man que relembra fatos de sua vida, canta e provoca a plateia.

A apresentação do musical também comemora a Parada LGBT de São Paulo, que acontece em 18 de junho. O público também poderá conferir uma miniexposição de raros retratos de Hilda Hilst nos anos 1950, de autoria de Fredi Kleeman, pertencentes ao acervo da Mário de Andrade.

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Serviço:

Ciclo Teatro Contemporâneo na Biblioteca Mário de Andrade, com dez montagens de diferentes companhias paulistas e seis conferências.

Curadoria: Alvaro Machado

Auditório Rubens Borba de Moraes da Biblioteca Municipal Mário de Andrade – Rua da Consolação, 94, centro, São Paulo.

De 2 de junho a 27 de novembro de 2017

Ingressos gratuitos (175 lugares), distribuídos a partir de 40 minutos antes do início das atividades, mediante senhas.

Rua da Consolação, 94

Telefone: 3775-0002

Consultar indicação de faixa etária

GRÁTIS

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Programação inaugural:

2 de junho, sexta-feira, 19h: Palestra “AFRESCOS DO CRÂNIO: SAMUEL BECKETT, DRAMATURGO E ENCENADOR”, por Felipe de Souza

3 e 4 de junho, sábado e domingo, 20h: Peça “WHY THE HORSE?”, com Maria Alice Vergueiro, Luciano Chirolli, Carolina Splendore e Robson Catalunha

Programação mês a mês:

5, 12, 19 e 26 de junho, segundas-feiras, sempre às 19h: Peça “FIM DE JOGO”, de SAMUEL BECKETT, com Renato Borghi e Élcio Nogueira Seixas

17 de junho, sábado, 20h: Peça “O MEU LADO HOMEM – UM CABARÉ D’ESCÁRNIO COM HILDA HILST”, com Luís Mármora, Lincoln Antônio (piano) e Simone Juliani (sopros)

7 de julho, sexta-feira, 19h: Palestra “JOSÉ AGRIPPINO DE PAULA ESCRITOR, CINEASTA, GURU DA TROPICÁLIA – 50 ANOS DE PANAMÉRICA” – Por Felipe de Moraes, com participação de Sérgio Mamberti e José Roberto Aguilar

3, 10 e 17 de julho, segundas-feiras, 19h: Peça “ENTREVISTA COM STELA DO PATROCÍNIO”, com Georgette Fadel, Lincoln Antônio e Juliana Amaral

14 de julho, sexta-feira, 19h: Palestra “ARTE, ESCRITA LITERÁRIA E LOUCURA”, com Gustavo Henrique Dionísio

24 e 31 de julho, segundas-feiras, 19h: Peça “A MORTE DE IVAN ILITCH”, de Cácia Goulart e Edmilson Cordeiro, a partir da obra de Liev Tolstói

28 de julho, sexta-feira, 19h: Palestra “TOLSTOI E O NOVO HOMEM RUSSO DO SÉCULO XX”, por Gutemberg Medeiros

7, 14, 21 e 28 de agosto, segundas-feiras, 19h: Peça “PARANOIA”, de Marcelo Drummond, sobre poemas de Roberto Piva

18 de agosto, sexta-feira, 19h: Palestra “CORPO, GÊNERO E SEXUALIDADE NO TEATRO BRASILEIRO – DO MOVIMENTO FEMINISTA E CONQUISTAS LGBT À TEORIA QUEER”, com Ferdinando Martins

4, 11, 18 e 25 de setembro, segundas-feiras, 19h: Peça “O AMOR EM TEMPOS SOMBRIOS”, de Gabriel Miziara – Espetáculo inédito, estreia na Biblioteca Mário de Andrade

2, 9, 16 e 23 de outubro, segundas-feiras, 19h: Peça “DAS CINZAS”, de Samuel Beckett, com Aury Porto e presença em vídeos e áudios da bailarina Renné Gumiel (1913-2006)

30 de outubro, segunda-feira, 19h: Peça “EXPERIÊNCIA H”, da Cia. do Latão, sobre contos de Truman Capote, com Helena Albergaria, Kiko do Valle e Rogério Bandeira

3 de novembro, sexta-feira, 19h: Palestra “GERTRUDE STEIN, ALICE TOKLAS, FEMINISMO E VANGUARDAS DOS ANOS 1920 E 1930”, por Gabriela Longman

6, 13, 20 e 27 de novembro, segundas-feiras, 19h: Peça “ALICE, RETRATO DE MULHER QUE COZINHA AO FUNDO”, com Nicole Cordery

Estudou cinema na NFTS (UK), administração na FGV e química na USP. Trabalhou com fotografia, cinema autoral e publicitário em Londres nos anos 90 e no Brasil nos anos seguintes. Sua formação lhe conferiu entre muitas qualidades, uma expertise em estética da imagem, habilidade na administração de conteúdo, pessoas e conhecimento profundo sobre materiais. Por muito tempo Paulo participou do cenário da produção artística em Londres, Paris e Hamburgo de onde veio a inspiração para iniciar o Arteref no Brasil. Paulo dirigiu 3 galerias de arte e hoje se dedica a ajudar artistas, galeristas e colecionadores a melhorarem o acesso no mercado internacional.

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